Recuperação e renovação de pastagens degradadas

Postado em: 21/03/2024 | 5 min de leitura Escrito por: Fernanda Antunes
Reconhecendo a significativa relevância da cadeia pecuária no Brasil, é importante destacar que o país ocupa a segunda posição no cenário global de produção de carne e a quarta posição na produção de leite. A criação de bovinos em sistemas a base de pasto desempenha um papel notável, contribuindo de maneira expressiva para a produção total de carne e leite.

Ao contrário de muitos outros países, o clima do Brasil possibilita a produção de pastagens ao longo de todo o ano, com algumas variações entre as diferentes regiões, como na região Sul, com a ocorrência de baixas temperaturas durante a estação de inverno. Essa característica representa um dos elementos-chave que tornam a pecuária brasileira altamente competitiva em escala global.

Contudo, uma parcela das áreas de pastagens encontra-se degradada. Essa condição, além de prejudicar a eficiência da atividade, acarreta impactos ambientais significativos, uma vez que as pastagens desempenham um papel crucial no sequestro de carbono quando manejadas adequadamente. Pastagens degradadas desencadeiam uma série de efeitos adversos, incluindo baixo sequestro de carbono, impacto negativo no solo com consequências como erosão, perda de fertilidade e redução da biodiversidade do solo.

O que é a degradação das pastagens?

A degradação das pastagens é um processo evolutivo da perda do vigor, da produtividade e da capacidade de recuperação natural. Essa degradação compromete a capacidade de sustentar a qualidade e a produção do pasto, exigidos pelos animais, além de limitar a capacidade de superar os efeitos prejudiciais de pragas, doenças e plantas daninhas. Esse cenário culmina na degradação avançada dos recursos naturais, sendo resultado de práticas de manejo inadequadas.


Degradação de pastagens cultivadas

Após o plantio ou semeadura de uma espécie forrageira, nos dois primeiros anos a pastagem expressa toda a sua capacidade produtiva. Entretanto, à medida que o tempo passa e as áreas são utilizadas pelos bovinos, a pastagem gradualmente enfrenta deficiências em nutrientes essenciais, como o nitrogênio. Sem a reposição adequada desses nutrientes, a planta perde progressivamente vigor, resultando na diminuição de sua capacidade produtiva.

Quais são as principais causas da degradação das pastagens?

As principais causas da degradação das pastagens são normalmente ligadas ao manejo no pasto. E é importante destacar que todos os processos e manejos realizados interferem na qualidade e desempenho do mesmo, envolvendo desde o processo de implantação até a utilização das áreas pelos bovinos. As causas mais comuns que prejudicam o vigor da pastagem são:

Escolha da espécie forrageira: ligada diretamente ao processo de implantação da pastagem, a escolha inadequada de uma espécie de pastagem acarreta numa perda de vigor muito rápida da planta. Isso porque a pastagem não vai se adaptar ao tipo de solo, clima e demais condições ambientais daquela região. A escolha da espécie sempre deve levar em consideração todas as condições ambientais locais e a genética da espécie forrageira.

Erros ou falhas na formação da pastagem: as falhas para formação das pastagens podem ser pela escolha de uma semente não certificada, com baixa taxa de germinação, ou a utilização de mudas oriundas de viveiros não certificados, com presença de pragas e doenças. Assim como, falhas no momento do plantio ou semeadura com implementos não regulados, plantio fora de época ou a presença de condições climáticas adversas vão prejudicar o estabelecimento da pastagem no local.

Falta de manejo ou manejo inadequado:
a falta de manejo após a implantação é considerada umas das principais causas do processo de degradação das pastagens. Áreas que não recebem o devido controle de plantas daninhas, pragas e doenças perdem a capacidade produtiva com o passar do tempo, favorecendo o processo de degradação.

Outra falha muito comum dentro do manejo é no ajuste de lotação, colocando mais animais do que a área de pasto consegue suportar, fazendo que com que a planta perca todo o seu vigor em pouco tempo e não consiga se recuperar.

A falta de manejo na altura de entrada e saída dos animais das áreas de pastagem também é um grande fator que interfere diretamente no desempenho da planta prejudicando completamente sua produtividade.

Após a implantação, o manejo de adubação de manutenção deve ser realizado de acordo com as exigências da espécie forrageira. A adubação é uma das práticas mais importantes para manutenção das áreas, evitando que a pastagem perca sua qualidade nutricional e sua produtividade.

O que fazer para recuperar pastagens degradadas?

Para recuperar pastagens degradadas, existem dois principais caminhos. A primeira opção é a recuperação das áreas que já encontram-se degradadas. O processo de recuperação consiste em manejar a área de pasto que já foi implantada, seja por meio da adubação, controle de plantas daninhas, controle de pragas e ajuste de lotação ideal.

Já a segunda opção é a renovação direta, que consiste em fazer a troca da pastagem para realizar uma nova semeadura ou plantio, com todos os manejos necessários desde a aração, calagem e adubação do solo, até a semeadura ou plantio da espécie forrageira. O processo de renovação requer mais investimento quando comparado com a recuperação.

Assim como, a implantação de sistemas integrados também é um possível caminho para a recuperação das áreas, sejam os sistemas de integração lavoura-pecuária ou sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta. A integração dos sistemas auxilia a atividade pecuária, seja pela redução dos custos de formação e recuperação das áreas e também pela produção de alimento para animal, como o milho para silagem ou para produção de concentrado.

Existem algumas políticas públicas específicas para financiamento para a recuperação das áreas, assim como programas de assistência técnica especializada sejam governamentais ou privados para prestar suporte no processo.

Com a expressiva produção pecuária em sistemas a base de pasto, o manejo adequado do pasto e a recuperação de áreas com pastagens degradadas tornam-se cada vez mais necessários. A utilização eficiente das áreas, aproveitando a máxima capacidade produtiva da espécie forrageira para obter, consequentemente, a maior produtividade do rebanho, é um dos fatores chaves para uma produção pecuária mais sustentável.

Áreas de pastagens bem manejadas não só trazem maior rentabilidade para atividade, como também favorecem a biodiversidade do solo, evitam a ocorrência de processos erosivos, absorvem melhor os nutrientes diminuindo a lixiviação além de promoverem maior sequestro de carbono.

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