Vantagens e desvantagens do creep-feeding para bovinos

Postado em: 31/05/2019 | 6 min de leitura Escrito por:
 O creep-feeding é um sistema de alimentação utilizado durante a fase de cria no qual se permite que apenas as crias lactentes tenham acesso, através de um pequeno dispositivo de passagem (creep), a uma suplementação alimentar exclusiva (creep ration), normalmente concentrada, enriquecida com minerais e vitaminas e disposta em comedouros privativos (creep feeder), a qual as matrizes lactantes não têm acesso.

É um sistema prático que visa à suplementação da cria sem separá-la de sua mãe. Embora haja indícios de uma melhora da eficiência reprodutiva da vaca, o creep-feeding visa especialmente ao bezerro. Tem como objetivo o aumento do peso à desmama, bem como acostumá-lo à suplementação no cocho.

É importante ressaltar que o creep-feeding deve ser um complemento da alimentação básica, que venha proporcionar o que for necessário para corrigir as deficiências nutritivas do leite materno e da forragem disponível na pastagem ao longo do período de amamentação, ocasionando de certa forma, aumento nas taxas de crescimento, eficiência alimentar e economia no ganho de peso.

As principais vantagens que devem atender em parte, as necessidades nutritivas das crias lactentes, relacionam-se ao:

- aumento da taxa de crescimento do animal durante a fase de cria, antecipando assim a idade do abate e a produção de crias mais pesadas e uniformes, além de permitir que o animal expresse seu potencial genético;

- melhora a eficiência alimentar e economia no ganho de peso das crias;

- incrementa o desempenho das crias durante o período de terminação (estimula o desenvolvimento pós-natal do rúmen das crias, diminuindo o estresse decorrente da desmama, simplificando, dessa forma, a desmama);

- eleva a eficiência reprodutiva das matrizes durante a fase de amamentação;

- facilita o controle de parasitas;

- apresenta facilidade de utilização pelo criador.

No entanto, apesar de todas essas vantagens, é importante que se tenha cuidado na utilização do creep-feeding, como por exemplo:

- sua utilização pode não ser lucrativa (esse fato poderá ocorrer em função do custo excessivo do concentrado ou do baixo desempenho dos animais. Vale ressaltar que, o manejo sanitário do rebanho é de extrema importância para a obtenção de respostas positivas relacionadas à reprodução em sistemas de produção);

- as crias suplementadas podem apresentar um baixo desempenho no início da utilização do creep-feeding quando comparados com as crias em sistemas convencionais (isso pode ocorrer pelo fato desses animais apresentarem um ganho compensatório na fase inicial. Entretanto, essa desvantagem pode ser compensada pelo menor tempo de uso das crias ao creep-feeding, uma vez que, quando desmamados mais cedo, atingem mais cedo a idade ao abate);

- animais submetidos à prática dos creep-feeding, se desmamados e colocados em pastagens, apresentam baixos desempenhos, pois demoram a se adaptarem a dietas à base de volumosos;

- o creep-feeding pode ser associado a distúrbios relacionados à saúde animal, como por exemplo, acidose, os quais normalmente estão associados a desequilíbrios relacionados às proporções de volumosos e concentrados na dieta;

- um outro aspecto a ser considerado é o da eficiência do creep-feeding em função da época da estação de monta. O sistema apresenta melhores resultados com a monta de outono, quando os bezerros serão suplementados justamente durante a estação seca. Com relação à monta de primavera/verão (usual), essa prática pode não ser vantajosa economicamente, pois as pastagens apresentam boa qualidade e quantidade à época da suplementação.

O sistema de creep-feeding exige a instalação de um cercado resistente, com seis fios de arame liso e distância entre os postes de, no máximo, quatro metros. Seu tamanho depende do número de bezerros a serem suplementados. A localização do cercado deve ser junto às áreas de descanso das vacas (malhadouro), às aguadas, ou nas proximidades do cocho de sal.

Sugestões de dimensões para o cercado e o cocho:

- área do cercado: ± 1,5 m2/cria (deixando espaço de, no mínimo,

- 2 m entre o cocho e a cerca para circulação).

- acesso de entrada exclusivo ao bezerro: 0,40 m de largura x 1,20m de altura (com esteios fincados bem firmes).

- número de entradas: 4 para 50 bezerros 8 para 200 bezerros

- cocho com comprimento de 0,10 m/cria, e largura possibilitando a alimentação de dois animais (um de cada lado), simultaneamente.

É bom lembrar, entretanto, que o êxito de qualquer suplementação depende dos bezerros consumirem, de fato, a ração oferecida. Para tanto, algumas práticas de manejo podem ser observadas, inicialmente, quando se usa o sistema de cocho privativo:

1. reunir às crias um bezerro já iniciado no sistema, servindo como chamariz por alguns dias;
2. espalhar um pouco de ração do lado de fora do cercado, junto aos locais de passagem dos bezerros, de maneira que as vacas possam "ensinar" suas crias a comer. Depois colocar próximo ao cocho, dentro do cercado; 
3. permitir o acesso ao cocho, tanto das vacas quanto dos bezerros, durante alguns dias.

Admitindo-se que muitos criadores não contam com uniformidade dos bezerros, recomenda-se, ainda, separar bezerros e suas mães em dois ou três lotes de idades mais próximas. Assim, assegura-se na ingestão satisfatória de forragem para todos os animais. O mais prático, entretanto, é o uso de uma estação de monta mais curta (2-3 meses), quando possível.

Creep-feeding em sistemas de cruzamento industrial é viável?

Uma pergunta muito comum em sistemas de cruzamento industrial é a seguinte: quando se trabalha com animal cruzado é estritamente necessário usar o creep-feeding?

Pesquisas mostram que a diferença de peso à desmama de um animal cruzado que recebe o suplemento no período de amamentação, em relação a fazendas que não utilizam o creep-feeding, é de uma arroba, ou seja, 30 quilos.

Assim, é preciso levar em consideração os custos investidos em infraestrutura para a confecção do creep-feeding, além do custo da ração, para avaliar se o investimento feito na tecnologia traz resultados positivos ou não, com base na realidade de cada produtor.

O creep-feeding também pode ser utilizado para diminuir o tempo de desmama, ou para aumentar o desempenho do animal no período da entressafra.

No caso da desmama precoce, o uso do creep-feeding se mostra interessante nos casos de novilhas, com crescimento ainda incompleto e que devem ser enxertados na próxima estação de monta.

O creep-feeding também pode ser utilizado para aumentar o desempenho do animal no período de entressafra. Quando a oferta de forragem cai e, consequentemente, a produção leiteira diminui, pode-se acrescentar nutrientes na dieta dos animais, desmamando animais mais pesados.

Propriedades que trabalham só com as crias e vendem os animais por quilo, podem obter vantagem com o creep-feeding por agregar valor ao produto. Para isso, é importante verificar qual o consumo de suplemento pelo animal para ganhar um quilo de peso vivo e se o valor de venda trará resultados positivos ao pecuarista.

Assim, a decisão sobre o uso do creep-feeding depende de muitos fatores, variando conforme os objetivos e a realidade de cada propriedade.

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Fontes consultadas:


SUPLEMENTAÇÃO DE BEZERROS DE CORTE (http://old.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/divulga/GCD11.html)

Creep feeding - uma estratégia de suplementação (https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao/creep-feeding-uma-estrategia-de-suplementacao-60320n.aspx)

Quando é viável usar o creep-feeding? (https://www.educapoint.com.br/v2/blog/pecuaria-geral/creep-feeding/)
 

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