Por que é importante garantir o conforto das vacas ao deitar?
Postado em: 26/11/2019 | 6 min de leitura
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Os aspectos de comportamento naturais mais importantes para saúde, bem estar e produtividade das vacas são o repouso, alimentação e ruminação. No que diz respeito ao repouso, é essencial para que o animal direcione grande parte de sua energia para a produção de leite.
Vários trabalhos mostram uma correlação direta entre o tempo em que as vacas permanecem deitadas e o volume de leite produzido por elas. A cada hora adicional deitada, é possível produzir 1,6 quilos de leite a mais por dia por animal. Assim, qualquer técnica que permita que as vacas permaneçam mais tempo deitadas invariavelmente se traduzirá em maior produção de leite.
Isso porque há relação direta com o fluxo de sangue que chega na glândula mamária. Quando as vacas estão deitadas, descansando, o fluxo de sangue que chega ao úbere é de aproximadamente 342 litros/hora, mas quando as vacas estão em pé, esse fluxo é de apenas 228 litros/hora.
São necessárias de 12 a 14 horas de repouso e de 3 a 5 horas para a alimentação. Estes requisitos constituem de 60 a 80% das 24 horas do período de atividade (Tabela 1).
O tempo médio de repouso de vacas e a frequência com que cada animal se deita são influenciados pelo tipo de estabulação, incluindo o tipo de piso, dieta, hierarquia social e estrutura do cubículo, entre outros fatores associados. Uma pesquisa de 2007 avaliou os efeitos da qualidade da cama sobre o comportamento de deitar vacas leiteiras com acessos a dois tipos de cama (seca ou molhada). No período em que o acesso estava restrito apenas para cama molhada as vacas passaram 8,8 ± 0,8 h/d deitadas, e quando fornecido a cama seca o tempo aumentou para 13,8 ± 0,8 h/d. Durante o período de livre escolha, todas as vacas passaram mais tempo deitadas na cama seca 12,5 ± 0,3 h/d do que na cama molhada 0,9 ± 0,3 h/d.
Os autores concluíram que as vacas leiteiras mostram uma clara preferência por uma superfície seca ao invés de molhada.
Alguns aspectos precisam ser levados em consideração para garantir que as vacas se deitem durante o tempo necessário:
1) Respeitar o espaço físico das vacas
Em confinamentos tipo free stall, por exemplo, é fundamental que as camas tenham largura e comprimento compatível com o tamanho dos animais.
2) Tipo de cama
Por exemplo, camas de borracha fornecem menos conforto para as vacas fazendo com que elas se deitem menos, enquanto camas de areia dão maior conforto aos animais.
Se você tiver a chance de construir uma nova instalação ou renovar uma já existente, concentre-se no conforto das vacas desde o início. As vacas se deitam de 12 a 14 horas por dia, sendo a superfície da cama muito importante.
A areia é ideal porque estimula o aumento do tempo de permanência, permite que as vacas façam a transição entre ficar de pé e deitar com facilidade, ajuda a manter as vacas frescas e não promove o crescimento bacteriano.
As bactérias são o pior inimigo do úbere e, ao contrário da serragem ou da palha, a areia não tem matéria orgânica que ajudará as bactérias a proliferarem. É claro que mesmo assim, é necessário manter a higiene das camas, garantindo que a areia esteja seca e em quantidade suficiente.
O compost barn é outra opção confortável para as vacas, devido à espessa superfície macia que proporcionam. Lembre-se que este sistema requer uma fonte viável e acessível de serragem para suportar o processo de compostagem.
No entanto, lembre-se: uma superfície limpa e seca é a coisa mais importante a ser buscada, independentemente do tipo de habitação ou cama.
Em sistemas de produção a pasto isso muitas vezes é negligenciado. É muito comum vermos vacas sem 1m2 de sombra disponível nas áreas de pastagem, ou com áreas de descanso mal drenadas, com grande acúmulo de barro. Se no local de descanso uma vaca permanece em pé, ou fica agitada balançando a cabeça, isso é um sinal claro de estresse. Certamente esse lugar não está proporcionando as condições adequadas de conforto para esse animal, e isso vai pesar no bolso do produtor.
Um sinal claro de que estão sofrendo nas áreas de descanso é vermos vacas se deitarem ao entrar num piquete novo, cheio de forragem fresca. Quando vacas famintas preferem deitar a pastejar, elas estão demonstrando claramente a importância que dão ao descanso, mesmo à custa do consumo de alimentos.
Para não sofrerem estresse por falta de conforto, as vacas precisam de áreas de descanso com espaço suficiente, piso seco e macio, e sombra, de preferência natural, para se abrigarem do calor. Pelo menos 5 m2 por vaca são necessários para garantir o conforto em áreas de descanso. O piso precisa ser macio, e o local não pode estar sujeito a inundações ou formação de barro. Ou seja, as áreas de descanso precisam de manutenção constante, principalmente no verão em sistemas de produção a pasto.
O ideal é que as vacas permaneçam deitadas por mais de 12 horas durante o dia.
Como calcular o índice de ocupação da cama
O primeiro passo para calcular esse índice é entender a frequência que isso precisa ser calculado. Embora cada propriedade leiteira seja única e tenha suas particularidades, a recomendação é que o indicador de vacas deitadas seja calculado pelo menos uma vez por semana.
Existem várias maneiras de fazer isso. Uma delas é contar quantas vacas estão em pé, apoiadas nas quatro patas ou em duas, dentro de um barracão de free stall.
Também deve-se contar quantas estão deitadas.
Depois disso, é feita uma conta simples para calcular qual seria a porcentagem de vacas deitadas.
Essa é uma maneira bastante simples de fazer essa contagem. Outra forma de fazer isso seria através de softwares que existem hoje no mercado. Nesse caso, os dados são mais detalhados. É necessário saber quantas baias existem no barracão, quantas vacas estão alojadas nessas baias, quantas estão deitadas e quantas estão em pé na cama. Ao inserir esses dados no programa, já é possível calcular quanto tempo as vacas estão ficando deitadas por dia, quanto tempo permanecem na ordenha, quanto tempo elas ficam em pé se alimentando e bebendo água.
A terceira forma de se calcular isso é via um software que está integrado à vaca, ligados ao pedômetro, ao pescoço das vacas, ou outras formas, que dizem exatamente o tempo em que as vacas permaneceram em pé ou deitadas.
Qual o melhor horário para coletar esses dados? O ideal é que seja feito duas horas antes do lote entrar para a ordenha.
Se quiser conhecer outros índices importantes de bem-estar animal, acesse o conteúdo completo do curso Indicadores de bem-estar: como medir o conforto e aumentar a produção de leite. Neste curso, o médico veterinário Sandro Viechnieski apresenta algumas práticas simples, e sem custos, que permitem avaliar o conforto e bem-estar para vacas leiteiras dentro da rotina da fazenda.
Você pode fazer a aquisição do curso individualmente ou optar pela assinatura que te dá acesso a todos os cursos da plataforma. Hoje já são mais de 160 cursos! Clique aqui para saber mais informações sobre os planos de assinatura!
Mais informações:
contato@educapoint.com.br
Telefone: (19) 3432-2199
WhatsApp (19) 99817- 4082
Fontes consultadas:
Conforto para vacas leiteiras em pastejo (https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao/conforto-para-vacas-leiteiras-em-pastejo-79510n.aspx)
3 formas de melhorar a qualidade do leite promovendo o conforto das vacas (https://www.educapoint.com.br/v2/blog/pecuaria-leite/melhorar-qualidade-leite-conforto-vacas/)
Comportamento e bem estar de vacas leiteiras submetidas à secagem: Revisão (http://pubvet.com.br/uploads/7e2946c14246356399632121bd97faf6.pdf)
Curso: Indicadores de bem-estar: como medir o conforto e aumentar a produção de leite. (https://www.educapoint.com.br/v2/curso/pecuaria-leite/indicadores-bem-estar-producao-leite/)
Vários trabalhos mostram uma correlação direta entre o tempo em que as vacas permanecem deitadas e o volume de leite produzido por elas. A cada hora adicional deitada, é possível produzir 1,6 quilos de leite a mais por dia por animal. Assim, qualquer técnica que permita que as vacas permaneçam mais tempo deitadas invariavelmente se traduzirá em maior produção de leite.
Isso porque há relação direta com o fluxo de sangue que chega na glândula mamária. Quando as vacas estão deitadas, descansando, o fluxo de sangue que chega ao úbere é de aproximadamente 342 litros/hora, mas quando as vacas estão em pé, esse fluxo é de apenas 228 litros/hora.
São necessárias de 12 a 14 horas de repouso e de 3 a 5 horas para a alimentação. Estes requisitos constituem de 60 a 80% das 24 horas do período de atividade (Tabela 1).
O tempo médio de repouso de vacas e a frequência com que cada animal se deita são influenciados pelo tipo de estabulação, incluindo o tipo de piso, dieta, hierarquia social e estrutura do cubículo, entre outros fatores associados. Uma pesquisa de 2007 avaliou os efeitos da qualidade da cama sobre o comportamento de deitar vacas leiteiras com acessos a dois tipos de cama (seca ou molhada). No período em que o acesso estava restrito apenas para cama molhada as vacas passaram 8,8 ± 0,8 h/d deitadas, e quando fornecido a cama seca o tempo aumentou para 13,8 ± 0,8 h/d. Durante o período de livre escolha, todas as vacas passaram mais tempo deitadas na cama seca 12,5 ± 0,3 h/d do que na cama molhada 0,9 ± 0,3 h/d.
Os autores concluíram que as vacas leiteiras mostram uma clara preferência por uma superfície seca ao invés de molhada.
Alguns aspectos precisam ser levados em consideração para garantir que as vacas se deitem durante o tempo necessário:
1) Respeitar o espaço físico das vacas
Em confinamentos tipo free stall, por exemplo, é fundamental que as camas tenham largura e comprimento compatível com o tamanho dos animais.
2) Tipo de cama
Por exemplo, camas de borracha fornecem menos conforto para as vacas fazendo com que elas se deitem menos, enquanto camas de areia dão maior conforto aos animais.
Se você tiver a chance de construir uma nova instalação ou renovar uma já existente, concentre-se no conforto das vacas desde o início. As vacas se deitam de 12 a 14 horas por dia, sendo a superfície da cama muito importante.
A areia é ideal porque estimula o aumento do tempo de permanência, permite que as vacas façam a transição entre ficar de pé e deitar com facilidade, ajuda a manter as vacas frescas e não promove o crescimento bacteriano.
As bactérias são o pior inimigo do úbere e, ao contrário da serragem ou da palha, a areia não tem matéria orgânica que ajudará as bactérias a proliferarem. É claro que mesmo assim, é necessário manter a higiene das camas, garantindo que a areia esteja seca e em quantidade suficiente.
O compost barn é outra opção confortável para as vacas, devido à espessa superfície macia que proporcionam. Lembre-se que este sistema requer uma fonte viável e acessível de serragem para suportar o processo de compostagem.
No entanto, lembre-se: uma superfície limpa e seca é a coisa mais importante a ser buscada, independentemente do tipo de habitação ou cama.
Em sistemas de produção a pasto isso muitas vezes é negligenciado. É muito comum vermos vacas sem 1m2 de sombra disponível nas áreas de pastagem, ou com áreas de descanso mal drenadas, com grande acúmulo de barro. Se no local de descanso uma vaca permanece em pé, ou fica agitada balançando a cabeça, isso é um sinal claro de estresse. Certamente esse lugar não está proporcionando as condições adequadas de conforto para esse animal, e isso vai pesar no bolso do produtor.
Um sinal claro de que estão sofrendo nas áreas de descanso é vermos vacas se deitarem ao entrar num piquete novo, cheio de forragem fresca. Quando vacas famintas preferem deitar a pastejar, elas estão demonstrando claramente a importância que dão ao descanso, mesmo à custa do consumo de alimentos.
Para não sofrerem estresse por falta de conforto, as vacas precisam de áreas de descanso com espaço suficiente, piso seco e macio, e sombra, de preferência natural, para se abrigarem do calor. Pelo menos 5 m2 por vaca são necessários para garantir o conforto em áreas de descanso. O piso precisa ser macio, e o local não pode estar sujeito a inundações ou formação de barro. Ou seja, as áreas de descanso precisam de manutenção constante, principalmente no verão em sistemas de produção a pasto.
O ideal é que as vacas permaneçam deitadas por mais de 12 horas durante o dia.
Como calcular o índice de ocupação da cama
O primeiro passo para calcular esse índice é entender a frequência que isso precisa ser calculado. Embora cada propriedade leiteira seja única e tenha suas particularidades, a recomendação é que o indicador de vacas deitadas seja calculado pelo menos uma vez por semana.
Existem várias maneiras de fazer isso. Uma delas é contar quantas vacas estão em pé, apoiadas nas quatro patas ou em duas, dentro de um barracão de free stall.
Também deve-se contar quantas estão deitadas.
Depois disso, é feita uma conta simples para calcular qual seria a porcentagem de vacas deitadas.
Essa é uma maneira bastante simples de fazer essa contagem. Outra forma de fazer isso seria através de softwares que existem hoje no mercado. Nesse caso, os dados são mais detalhados. É necessário saber quantas baias existem no barracão, quantas vacas estão alojadas nessas baias, quantas estão deitadas e quantas estão em pé na cama. Ao inserir esses dados no programa, já é possível calcular quanto tempo as vacas estão ficando deitadas por dia, quanto tempo permanecem na ordenha, quanto tempo elas ficam em pé se alimentando e bebendo água.
A terceira forma de se calcular isso é via um software que está integrado à vaca, ligados ao pedômetro, ao pescoço das vacas, ou outras formas, que dizem exatamente o tempo em que as vacas permaneceram em pé ou deitadas.
Qual o melhor horário para coletar esses dados? O ideal é que seja feito duas horas antes do lote entrar para a ordenha.
Se quiser conhecer outros índices importantes de bem-estar animal, acesse o conteúdo completo do curso Indicadores de bem-estar: como medir o conforto e aumentar a produção de leite. Neste curso, o médico veterinário Sandro Viechnieski apresenta algumas práticas simples, e sem custos, que permitem avaliar o conforto e bem-estar para vacas leiteiras dentro da rotina da fazenda.
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Mais informações:
contato@educapoint.com.br
Telefone: (19) 3432-2199
WhatsApp (19) 99817- 4082
Fontes consultadas:
Conforto para vacas leiteiras em pastejo (https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao/conforto-para-vacas-leiteiras-em-pastejo-79510n.aspx)
3 formas de melhorar a qualidade do leite promovendo o conforto das vacas (https://www.educapoint.com.br/v2/blog/pecuaria-leite/melhorar-qualidade-leite-conforto-vacas/)
Comportamento e bem estar de vacas leiteiras submetidas à secagem: Revisão (http://pubvet.com.br/uploads/7e2946c14246356399632121bd97faf6.pdf)
Curso: Indicadores de bem-estar: como medir o conforto e aumentar a produção de leite. (https://www.educapoint.com.br/v2/curso/pecuaria-leite/indicadores-bem-estar-producao-leite/)