Irrigação do cafeeiro: como determinar a época da irrigação e a quantidade de água a ser aplicada?
Postado em: 03/04/2020 | 4 min de leitura
Escrito por:
Por Marcos Vinícius Folegatti e André Luís Teixeira Fernandes
A irrigação já é uma realidade na cafeicultura brasileira, e ocupa área significativa entre as que são irrigadas no país. Para que um projeto de irrigação atinja seus objetivos, é necessário que o mesmo seja bem dimensionado e o manejo da irrigação eficiente. O manejo da irrigação tem, por um lado, o compromisso com a produtividade do cafeeiro, e por outro, o uso eficiente da água e da energia.
Como determinar a época da irrigação e a quantidade de água a ser aplicada?
A determinação da época da irrigação e da quantidade de água a ser aplicada pode ser feita com o monitoramento da planta, do solo ou do clima.
• Monitoramento da planta – O monitoramento da planta é o controle ideal, sob o ponto de vista do rigor científico, mas as implicações técnicas e operacionais dificultam sua utilização nas condições de campo.
Diferentes métodos permitem o monitoramento das plantas, como: medições do potencial hídrico; medições da resistência estomática; medições da temperatura das folhas, dentre outros.
Cada uma dessas técnicas apresenta limitações de aplicabilidade em campo, em razão da pequena disponibilidade de informações dos limites e dos índices recomendáveis, e dos problemas operacionais.
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• Monitoramento do solo – O monitoramento do solo constitui uma metodologia usual para o manejo da irrigação, de modo independente ou associado a outros métodos de controle. Uma vez definidos os limites da a capacidade de campo (CC) e do ponto de murcha permanente (PMP) e a estratégia de uso da água disponível, o momento de se irrigar e a quantidade de água a ser aplicada são determinados mediante avaliação do teor de água no solo.
Esta determinação pode ser realizada de forma direta, com a retirada de amostras de solo em várias profundidades e locais, definindo, posteriormente, a umidade existente pelo método padrão, secagem em estufa. Por questões operacionais, a determinação do teor de água no solo, para efeitos de manejo da irrigação, pode ser de forma indireta, por meio de diversos equipamentos disponíveis cheio de água. Quando instalado no solo, a água do tensiômetro entra em contato com a água do solo através dos poros da cápsula porosa e o equilíbrio se estabelece.
Na prática, o intervalo de medida do tensiômetro é de ψm = 0 (saturação) e ψm = 0,8 atm, aproximadamente. Recomenda-se, por tipo de solo, a instalação de pelo menos cinco baterias com três tensiômetros cada, em três profundidades (20 cm, 40 cm e 60 cm), com leituras diárias, interpretadas conforme a curva de retenção de água do solo (Figuras 1 e 2).
Figura 1: Tensiômetro
Figura 2: Bateria de tensiômetros para manejo da irrigação de café, em três profundidades
• Monitoramento do clima – A metodologia de monitoramento do clima é uma das maneiras mais simples e operacionais de manejar a irrigação do cafeeiro. As variáveis meteorológicas são utilizadas para determinar indiretamente a necessidade de água da cultura. Trata-se de um balanço hídrico, onde se avalia a entrada de água (irrigação e chuva) e a saída (evapotranspiração, percolação e escoamento superficial). A precipitação é medida em pluviômetros instalados em vários pontos da fazenda (Figura 3).
Figura 3: | Pluviômetro para medição da precipitação
Deve-se evitar a utilização dos chamados “pluviômetros agronômicos”, pela no mercado. Os mais utilizados são tensiômetros, métodos eletrométricos, sonda de nêutrons, TDR (sigla do nome em inglês para Reflectometria de Domínio do Tempo), métodos amplamente utilizados na pesquisa e divulgados na literatura sobre irrigação. No campo, para a cultura do café, usa-se com mais frequência os tensiômetros (Figuras 1 e 2), que consistem de uma cápsula de cerâmica em contato com o solo, ligada a um vacuômetro, por meio de um tubo de PVC completamente reduzida área de captação da água da chuva, o que leva a erros de medida (Figura 4).
Figura 4: Pluviômetro agronômico
A evapotranspiração pode ser obtida por meio de medições diretas no campo (lisímetros) ou por estimativas baseadas em dados climáticos ou da cultura. As medições diretas no campo são muito caras e são utilizadas principalmente para calibrar os métodos de estimativa de evapotranspiração, com base em dados climáticos.
Calcula-se a evapotranspiração da cultura do café multiplicando-se a evapotranspiração potencial de referência (ETo) por um coeficiente de cultura (Kc, Tabela 1), que incorpora os efeitos do tipo de cultura e sua fase de desenvolvimento, frequência e forma de aplicação da água. Existem vários métodos que podem ser utilizados para a estimativa da evapotranspiração, como os de Camargo, Penman, Penman-Monteith, Radiação Solar, Hargreaves, Linacre, Blaney Criddle, dentre outros (Tabela 1).
Calcula-se a evapotranspiração da cultura do café multiplicando-se a evapotranspiração potencial de referência (ETo) por um coeficiente de cultura (Kc, Tabela 1), que incorpora os efeitos do tipo de cultura e sua fase de desenvolvimento, frequência e forma de aplicação da água. Existem vários métodos que podem ser utilizados para a estimativa da evapotranspiração, como os de Camargo, Penman, Penman-Monteith, Radiação Solar, Hargreaves, Linacre, Blaney Criddle, dentre outros (Tabela 1).
Tabela 1: Coeficiente de cultura (Kc) do café
Apesar da necessidade das informações meteorológicas completas para se obter um nível de precisão aceitável, ainda existem dificuldades operacionais e financeiras para a implantação de uma estação meteorológica automática em muitas fazendas cafeeiras (Figura 6). Assim, de forma provisória, podem-se utilizar metodologias simplificadas, com destaque para as que utilizam a temperatura do ar e a evaporação de tanques, como o tanque classe A (Figura 7).
Figura 5: Estação automática instalada próximo à lavoura de café
Figura 6: Tanque de evaporação “classe A”
* Baseado no artigo Irrigação do Cafeeiro: quando, quanto e por que se deve utilizar? Revista Visão Agrícola. n.12, janeiro-junho de 2013, de Marcos Vinícius Folegatti e André Luís Teixeira Fernandes
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Fonte consultada:
Folegatti M.V., Fernandes A.L.T. (2013) Irrigação do Cafeeiro: quando, quanto e por que se deve utilizar? Revista Visão Agrícola. n.12, janeiro-junho de 2013, ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), Piracicaba-SP, v.60, n.01, p.65-68. (https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/va12-conducao-da-lavoura04.pdf)