Lucratividade na cafeicultura: como alcançar seus objetivos
Postado em: 22/10/2019 | 6 min de leitura
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O Brasil é o maior produtor e exportador de café mundial. A cafeicultura brasileira tem participação ativa no crescimento econômico do país, principalmente nas principais regiões produtoras. Assim, é essencial que a atividade seja produtiva, mas também, lucrativa, para que se mantenha sustentável. O desafio é justamente alcançar produtividade e lucratividade na produção de café.
O mercado de café apresenta elevada competição externa, uma vez que seu consumo mundial é estável ou de pequeno crescimento, é uma commodity exportada por um grande número de países. Por isso, os movimentos globalizantes de inserção internacional, que proporciona desestatização, desregulamentação, formação de blocos econômicos, com imposição de barreiras sanitárias, questões cambiais e a deficiente estruturação da cadeia, têm interferência e exigem desenvolver estratégias comerciais e mercadológicas específicas. É uma atividade cara, de alto custo de implantação, com retornos acontecendo três a quatro anos após o plantio.
A cafeicultura brasileira apresenta, também, competição interna. Nas regiões produtoras de estabelecimento mais recente, onde é constante a modernização, são sofisticadas as técnicas administrativas de algumas propriedades comandadas por executivos. São verdadeiras empresas que trabalham com técnicas de alto nível, dispondo de ferramentas da administração e da informática para estarem ligadas ao mercado e às bolsas.
A cafeicultura tem também variabilidades de safras que constituem condições excepcionais para a especulação. Há, na atividade, um tempo de desequilíbrio de dois a três anos entre o plantio e a primeira produção que faz com que a oferta tenda a responder mais tarde aos estímulos de preços.
Esses fatores determinam grande variação no volume de produção desejado e fazem com que a oferta, num determinado momento, não seja adequada ou chegue ao mercado quando os preços já foram alterados ou tornaram-se insatisfatórios. Essas características, além de aumentar a concorrência, têm grande efeito sobre o processo de formação dos preços. Estes, então, são determinados pelo mercado sem que o cafeicultor consiga, individualmente, controlá-los e, o produtor, ao aceitá-los precisa ajustar a sua produção o mais eficiente possível.
Transformando a fazenda em uma empresa
Para conviver e sobreviver nesse ambiente, o cafeicultor necessita dar ao seu negócio um caráter empresarial, produzir com eficiência técnica e econômica e, com qualidade, atentando para o fato de que o seu limite não é mais a porteira da fazenda, mas um conjunto muito mais amplo de atividades e setores de toda a cadeia produtiva. Precisa incorporar ações e atitudes, em que a produtividade, o custo e a eficiência, dentre outros, impõem-se como regras básicas de sobrevivência.
Para se adequar é preciso que o cafeicultor seja um empresário empreendedor. Empresas bem-sucedidas são aquelas que procuram elevar o seu nível de competitividade, aprimorar a qualidade de seu produto e serviços, reduzindo custos e orientando-se para as necessidades dos clientes cada vez mais exigentes.
A competitividade pode ser obtida pela alta produtividade de cafezais adequadamente cultivados, enquanto a maior rentabilidade consegue-se com uma administração adequada, uma programação empresarial e uma comercialização eficiente. Garantir competitividade consiste em buscar uma cafeicultura rentável por meio de um adequado gerenciamento, que tenha como foco a qualidade, um ambiente ecológico e que promova uma responsabilidade social, fatores que não só impactam a empresa, mas que requerem planejamento, organização, direção e controle. Também, é imprescindível uma administração que promova operar com menores custos, comercializar eficientemente, administrar riscos e que saiba defender-se contra mudanças bruscas de preços e ganhar em produtividade.
Investir em qualidade, tipo, bebida, ponto de seca , ter bom conhecimento da atividade e não tentar adivinhar preços, são fatores determinantes de competitividade.
10 pontos chaves para se alcançar lucratividade no café
A Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé Ltda. (Cooxupé), numa forma de organizar melhor sua atuação, selecionou e entrevistou seus cooperados que eram empreendedores e que têm ganhado dinheiro com a cultura do cafeeiro. Estes empreendedores relacionaram dez itens importantes naquilo que consideravam ter contribuído para seu sucesso na atividade, a saber:
a) ter o domínio das melhores técnicas para o cultivo do cafeeiro;
b) empregar rigorosamente todas as técnicas necessárias;
c) ter o controle da produção e planejar a renovação do cafezal;
d) ter rígido controle financeiro do negócio;
e) explorar ao máximo sua capacidade de investimento e naquilo que foi investido;
f) trabalhar com equipes enxutas e de menor custo fixo;
g) planejar suas compras com antecedência;
h) acreditar na cafeicultura, trabalhando sempre focado nesta atividade;
i) estar muito bem informado sobre todos os aspectos do negócio;
j) zelar sempre pelo meio ambiente, fator fundamental para a sustentabilidade do negócio.
A tomada de decisão, que é o cerne da administração de qualquer organização, exige um conhecimento profundo da situação atual e de seus desdobramentos, uma maior capacidade de análise, um raciocínio lógico, uma forte intuição, um faro sensível para as oportunidades que exigem vontade de mudar e coragem para assumir riscos e responsabilidades. Estas são características do espírito empreendedor de todos os gerentes do agronegócio do café.
A despeito das adversidades conjunturais do setor, deve-se tratar a questão como um problema gerencial. Sua solução individual consiste numa análise do sistema de produção, para descobrir a natureza do problema, identificar suas causas e ir em busca da solução. A identificação do problema implica numa tomada de dados.
Solucionar um problema significa investigar as causas, tendo em conta dados e fatos. O problema mencionado deve ser analisado: O cafeicultor da região tem alta produtividade, mas não está tendo lucro?”
Vejamos:
Lucratividade = (Produtividade x preço) – custo
Analise esta identidade ao longo de uma série de anos. Determine, por exemplo, a amplitude de variação (diferença entre o valor mais alto e o mais baixo da série), a média e a relação destas. Compare esses valores com o de um ano que tenha tido lucratividade. Verifique e explicite o que foi diferente. Verifique se realmente existe o problema mencionado e qual das variáveis teve maior interferência no problema.
A confecção de gráficos ajuda muito nesta visualização. Se o problema é produtividade procure uma orientação técnica. Oriente-se pelos resultados de pesquisa isentos de interesse comercial.
Se a maior discrepância relaciona-se ao custo, desdobre-o. Liste seus componentes. Verifique a amplitude da variação, a média e suas relações. Compare o ano de menor custo e descubra de onde provém o seu problema. Descoberta a causa, arme uma estratégia de ação e aja no sentido de resolver o problema.
Se este refere-se ao preço, provavelmente não há como interferir. Há que se conviver com a instabilidade de preços vigentes na atividade. Nesse caso, o conhecimento de seu comportamento é de grande utilidade, pois isto ajudará em um posicionamento mais eficiente nas decisões de investimento na atividade, na alocação de recursos na produção, bem como na comercialização do produto.
O gerenciamento, como forma de garantir a rentabilidade na atividade cafeeira, deve ser realizado seguindo critérios eficazes para obter bons resultados.
São instrumentos indispensáveis para a administração eficaz de uma propriedade cafeeira:
a) na área financeira: um fluxo de caixa esperado e realizado, um demonstrativo de resultados mensal, um balanço patrimonial anual, controles de contas a pagar e a receber e um sistema de custos de produção;
b) na área de produção: um sistema de controle de estoques com destinação de insumos por lavoura de café, um sistema de controle de máquinas e equipamentos, tanto para gastos como para serviços prestados por lavoura, e um controle da produção;
c) na área de recursos humanos: um bom sistema de controle dos serviços realizados, empregados cadastrados e legalizados, com planos de cargos, funções e salários bem definidos
Se você quiser saber mais sobre gestão no setor cafeeiro, confira os cursos oferecidos pelo EducaPoint da cadeia do café!
Mais informações:
contato@educapoint.com.br
Telefone: (19) 3432-2199
WhatsApp (19) 99817- 4082
Fontes consultadas:
Gerenciamento como forma de garantir a competitividade da cafeicultura, de Glória Zélia Teixeira Caixeta, Paulo Tácito Gontijo Guimarães e Marcelo Márcio Romaniello (http://www.sapc.embrapa.br/arquivos/consorcio/informe_agropecuario/Planejamento_e_gerenciamento_da_cafeicultura.pdf).
Gerenciamento da propriedade cafeeira, de Ricardo de Souza Sette (http://www.sapc.embrapa.br/arquivos/consorcio/informe_agropecuario/Planejamento_e_gerenciamento_da_cafeicultura.pdf)
O mercado de café apresenta elevada competição externa, uma vez que seu consumo mundial é estável ou de pequeno crescimento, é uma commodity exportada por um grande número de países. Por isso, os movimentos globalizantes de inserção internacional, que proporciona desestatização, desregulamentação, formação de blocos econômicos, com imposição de barreiras sanitárias, questões cambiais e a deficiente estruturação da cadeia, têm interferência e exigem desenvolver estratégias comerciais e mercadológicas específicas. É uma atividade cara, de alto custo de implantação, com retornos acontecendo três a quatro anos após o plantio.
A cafeicultura brasileira apresenta, também, competição interna. Nas regiões produtoras de estabelecimento mais recente, onde é constante a modernização, são sofisticadas as técnicas administrativas de algumas propriedades comandadas por executivos. São verdadeiras empresas que trabalham com técnicas de alto nível, dispondo de ferramentas da administração e da informática para estarem ligadas ao mercado e às bolsas.
A cafeicultura tem também variabilidades de safras que constituem condições excepcionais para a especulação. Há, na atividade, um tempo de desequilíbrio de dois a três anos entre o plantio e a primeira produção que faz com que a oferta tenda a responder mais tarde aos estímulos de preços.
Esses fatores determinam grande variação no volume de produção desejado e fazem com que a oferta, num determinado momento, não seja adequada ou chegue ao mercado quando os preços já foram alterados ou tornaram-se insatisfatórios. Essas características, além de aumentar a concorrência, têm grande efeito sobre o processo de formação dos preços. Estes, então, são determinados pelo mercado sem que o cafeicultor consiga, individualmente, controlá-los e, o produtor, ao aceitá-los precisa ajustar a sua produção o mais eficiente possível.
Transformando a fazenda em uma empresa
Para conviver e sobreviver nesse ambiente, o cafeicultor necessita dar ao seu negócio um caráter empresarial, produzir com eficiência técnica e econômica e, com qualidade, atentando para o fato de que o seu limite não é mais a porteira da fazenda, mas um conjunto muito mais amplo de atividades e setores de toda a cadeia produtiva. Precisa incorporar ações e atitudes, em que a produtividade, o custo e a eficiência, dentre outros, impõem-se como regras básicas de sobrevivência.
Para se adequar é preciso que o cafeicultor seja um empresário empreendedor. Empresas bem-sucedidas são aquelas que procuram elevar o seu nível de competitividade, aprimorar a qualidade de seu produto e serviços, reduzindo custos e orientando-se para as necessidades dos clientes cada vez mais exigentes.
A competitividade pode ser obtida pela alta produtividade de cafezais adequadamente cultivados, enquanto a maior rentabilidade consegue-se com uma administração adequada, uma programação empresarial e uma comercialização eficiente. Garantir competitividade consiste em buscar uma cafeicultura rentável por meio de um adequado gerenciamento, que tenha como foco a qualidade, um ambiente ecológico e que promova uma responsabilidade social, fatores que não só impactam a empresa, mas que requerem planejamento, organização, direção e controle. Também, é imprescindível uma administração que promova operar com menores custos, comercializar eficientemente, administrar riscos e que saiba defender-se contra mudanças bruscas de preços e ganhar em produtividade.
Investir em qualidade, tipo, bebida, ponto de seca , ter bom conhecimento da atividade e não tentar adivinhar preços, são fatores determinantes de competitividade.
10 pontos chaves para se alcançar lucratividade no café
A Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé Ltda. (Cooxupé), numa forma de organizar melhor sua atuação, selecionou e entrevistou seus cooperados que eram empreendedores e que têm ganhado dinheiro com a cultura do cafeeiro. Estes empreendedores relacionaram dez itens importantes naquilo que consideravam ter contribuído para seu sucesso na atividade, a saber:
a) ter o domínio das melhores técnicas para o cultivo do cafeeiro;
b) empregar rigorosamente todas as técnicas necessárias;
c) ter o controle da produção e planejar a renovação do cafezal;
d) ter rígido controle financeiro do negócio;
e) explorar ao máximo sua capacidade de investimento e naquilo que foi investido;
f) trabalhar com equipes enxutas e de menor custo fixo;
g) planejar suas compras com antecedência;
h) acreditar na cafeicultura, trabalhando sempre focado nesta atividade;
i) estar muito bem informado sobre todos os aspectos do negócio;
j) zelar sempre pelo meio ambiente, fator fundamental para a sustentabilidade do negócio.
A tomada de decisão, que é o cerne da administração de qualquer organização, exige um conhecimento profundo da situação atual e de seus desdobramentos, uma maior capacidade de análise, um raciocínio lógico, uma forte intuição, um faro sensível para as oportunidades que exigem vontade de mudar e coragem para assumir riscos e responsabilidades. Estas são características do espírito empreendedor de todos os gerentes do agronegócio do café.
A despeito das adversidades conjunturais do setor, deve-se tratar a questão como um problema gerencial. Sua solução individual consiste numa análise do sistema de produção, para descobrir a natureza do problema, identificar suas causas e ir em busca da solução. A identificação do problema implica numa tomada de dados.
Solucionar um problema significa investigar as causas, tendo em conta dados e fatos. O problema mencionado deve ser analisado: O cafeicultor da região tem alta produtividade, mas não está tendo lucro?”
Vejamos:
Lucratividade = (Produtividade x preço) – custo
Analise esta identidade ao longo de uma série de anos. Determine, por exemplo, a amplitude de variação (diferença entre o valor mais alto e o mais baixo da série), a média e a relação destas. Compare esses valores com o de um ano que tenha tido lucratividade. Verifique e explicite o que foi diferente. Verifique se realmente existe o problema mencionado e qual das variáveis teve maior interferência no problema.
A confecção de gráficos ajuda muito nesta visualização. Se o problema é produtividade procure uma orientação técnica. Oriente-se pelos resultados de pesquisa isentos de interesse comercial.
Se a maior discrepância relaciona-se ao custo, desdobre-o. Liste seus componentes. Verifique a amplitude da variação, a média e suas relações. Compare o ano de menor custo e descubra de onde provém o seu problema. Descoberta a causa, arme uma estratégia de ação e aja no sentido de resolver o problema.
Se este refere-se ao preço, provavelmente não há como interferir. Há que se conviver com a instabilidade de preços vigentes na atividade. Nesse caso, o conhecimento de seu comportamento é de grande utilidade, pois isto ajudará em um posicionamento mais eficiente nas decisões de investimento na atividade, na alocação de recursos na produção, bem como na comercialização do produto.
O gerenciamento, como forma de garantir a rentabilidade na atividade cafeeira, deve ser realizado seguindo critérios eficazes para obter bons resultados.
São instrumentos indispensáveis para a administração eficaz de uma propriedade cafeeira:
a) na área financeira: um fluxo de caixa esperado e realizado, um demonstrativo de resultados mensal, um balanço patrimonial anual, controles de contas a pagar e a receber e um sistema de custos de produção;
b) na área de produção: um sistema de controle de estoques com destinação de insumos por lavoura de café, um sistema de controle de máquinas e equipamentos, tanto para gastos como para serviços prestados por lavoura, e um controle da produção;
c) na área de recursos humanos: um bom sistema de controle dos serviços realizados, empregados cadastrados e legalizados, com planos de cargos, funções e salários bem definidos
Se você quiser saber mais sobre gestão no setor cafeeiro, confira os cursos oferecidos pelo EducaPoint da cadeia do café!
Mais informações:
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Telefone: (19) 3432-2199
WhatsApp (19) 99817- 4082
Fontes consultadas:
Gerenciamento como forma de garantir a competitividade da cafeicultura, de Glória Zélia Teixeira Caixeta, Paulo Tácito Gontijo Guimarães e Marcelo Márcio Romaniello (http://www.sapc.embrapa.br/arquivos/consorcio/informe_agropecuario/Planejamento_e_gerenciamento_da_cafeicultura.pdf).
Gerenciamento da propriedade cafeeira, de Ricardo de Souza Sette (http://www.sapc.embrapa.br/arquivos/consorcio/informe_agropecuario/Planejamento_e_gerenciamento_da_cafeicultura.pdf)