Agalaxia contagiosa em ovinos e caprinos: o que você precisa saber
Postado em: 12/11/2021 | 6 min de leitura
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Conhecida há mais de 200 anos, a agalaxia contagiosa (CA) de ovelhas e cabras foi relatada pela primeira vez em 1816 na Itália, onde foi rapidamente apelidada de "mal di sito" ("doença do lugar") em referência à sua capacidade de persistir em um ambiente e contaminar rebanhos recém-introduzidos. Seu caráter contagioso resultou na designação oficial do nome em 1871 por Brusasco.
Apesar de ser denominado “agalactia”, que se refere a uma queda acentuada ou mesmo a uma perda completa da produção de leite, seu desfecho clínico não se restringe às fêmeas lactantes nem apenas ao úbere/glândulas mamárias. A agalaxia contagiosa tem vários sinais clínicos que incluem mastite, artrite, ceratoconjuntivite, pneumonia e septicemia. Ela resulta principalmente em uma queda na produção de leite, seguida por um aumento da morbidade e mortalidade geral. Deve ser considerada uma séria ameaça ao bem-estar animal tanto em sua fase aguda quanto em sua forma crônica.
Apesar de ser denominado “agalactia”, que se refere a uma queda acentuada ou mesmo a uma perda completa da produção de leite, seu desfecho clínico não se restringe às fêmeas lactantes nem apenas ao úbere/glândulas mamárias. A agalaxia contagiosa tem vários sinais clínicos que incluem mastite, artrite, ceratoconjuntivite, pneumonia e septicemia. Ela resulta principalmente em uma queda na produção de leite, seguida por um aumento da morbidade e mortalidade geral. Deve ser considerada uma séria ameaça ao bem-estar animal tanto em sua fase aguda quanto em sua forma crônica.
De acordo com os pesquisadores da Embrapa Caprinos e Ovinos, Rizaldo Pinheiro e Selmo Alves, a doença está disseminada no país há cerca de 20 anos, principalmente no Nordeste, mas também é encontrada em rebanhos de outras regiões. Na Paraíba, foi diagnosticada em 12,1% (81/672) dos animais; 58,3% (21/36) dos rebanhos; e 78,6% (11/14) dos municípios pesquisados. Os cientistas ressaltam que a prevalência pode ser ainda maior, em função de casos de infecção crônica dos animais, geralmente, induzir uma resposta imune mais fraca, o que reduz a capacidade de detecção dos testes de diagnósticos sorológicos.
O Mycoplasma agalactiae, agente etiológico “histórico”, foi isolado com sucesso pela primeira vez em 1923 e caracterizado como “filtrável, mas não invisível”, semelhante ao agente da pleuropneumonia bovina. Naquela época, embora o gênero Mycoplasma ainda não estivesse estabelecido, esse tipo de bactéria já era conhecido por ser parasitário e causador de doenças crônicas e geralmente de difícil erradicação. O Mycoplasma agalactiae ainda é o principal agente etiológico em ovinos.
Como os sinais clínicos são inespecíficos, um surto de agalaxia contagiosa não pode ser confirmado sem testes laboratoriais. Essas dificuldades geraram um enorme campo de pesquisa e desenvolvimento para ferramentas de diagnóstico e controle nos últimos anos. No entanto, a situação hoje ainda não é totalmente satisfatória e a doença continua sendo um fardo significativo em países onde a produção de laticínios de pequenos ruminantes é importante. Os agentes causadores de agalaxia contagiosa são considerados não zoonóticos.
Formas clínicas
Desde os primeiros trabalhos, estudos de monitoramento de características clínicas de agalaxia contagiosa em áreas endêmicas têm sido escassos. Os estudos de prevalência são frequentemente realizados sem levar em consideração se há ou não alguns aspectos clínicos associados ao isolamento de micoplasmas, enquanto os relatos de casos são infrequentes e muitas vezes limitados a áreas estreitas. A principal tendência é que o quadro geral clássico de agalaxia contagiosa clínica mudou pouco.
Em episódios agudos de agalaxia contagiosa, mastite, artrite, pneumonia e ceratoconjuntivite são os sinais clínicos mais frequentemente relatados com variações a nível individual e de rebanho em termos de presença, associação e intensidade, dependendo se ovelhas ou cabras são afetadas e no tamanho do rebanho, estrutura e práticas de manejo. A frequência relativa e a combinação de distúrbios em diferentes estágios de infecção raramente são relatados, mas parecem variar fortemente, com alguns surtos apresentando apenas um tipo de sinal.
A mortalidade geral pode ser alta (até 100%) em animais jovens, mas menos em adultos, de zero a 40-50%. Os casos dramáticos são mais frequentes em caprinos.
A agalaxia contagiosa afeta principalmente fêmeas lactantes e animais jovens.As fêmeas lactantes com a doença desenvolvem mastite principalmente em um estágio inicial, mas a intensidade é variável. Sinais gerais, como fraqueza, pirexia ou anorexia, que precedem as localizações focais, muitas vezes passam despercebidos em adultos, ao passo que podem levar rapidamente à mortalidade em animais jovens. A artrite ocorre frequentemente em animais jovens como uma forma de poliartrite causando decúbito, mas apenas ocasionalmente em adultos, onde causa claudicação e inchaço nas articulações afetando principalmente o tarso e o carpo.
A conjuntivite pode ocorrer, mas não é frequentemente relatada, pois não afeta o desempenho do rebanho. A pneumonia é menos frequente, pelo menos em adultos, mas foram descritas formas pneumônicas graves, especialmente em cabras jovens. Existem relatos esporádicos de genitais, como vaginite , salpingite, metrite, degeneração testicular e distúrbios neurológicos.
Os sinais clínicos são frequentes durante o período pós-parto ou início da lactação ou em um contexto de quaisquer condições imunodeprimidas, como transferência de fazenda, colapso das condições sanitárias ou infecção concomitante.
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Curso da doença
A infecção geralmente se inicia com uma rápida disseminação de distúrbios agudos ao longo de semanas ou meses, que retrocedem com o tempo, mais ou menos rapidamente dependendo das medidas implementadas, ou se tornam recorrentes. Os casos clínicos também podem aparecer mais gradualmente ou permanecer esporádico. O curso para a cronicidade, com distúrbios atenuados ou esporádicos, é considerado uma evolução natural da doença. Tem sido reproduzido em infecções experimentais um aumento da resposta imune falha em eliminar os micoplasmas devido à sua capacidade de evasão da imunidade. Existem também extensos relatos de circulação micoplasmática assintomática em rebanhos caprinos, evidenciada principalmente em amostras de leite em tanque ou de canal auditivo, que podem persistir por anos sem manifestar qualquer sinal clínico.
Transmissão
A longa persistência de micoplasmas em órgãos clinicamente infectados por agalaxia contagiosa (úberes, olhos, trato respiratório) e outros nichos biológicos (canais auditivos) torna as principais rotas de transmissão direta dentro do rebanho, podendo ser oral (por exemplo, alimentação com colostro), respiratória (por exemplo, descarga nasal) e mamária (por exemplo, alimentação de filhotes). O meio ambiente, sem ser um reservatório sustentável, também pode desempenhar um papel indireto na transmissão através da cama, sala de ordenha e cochos compartilhados.
A transmissão da doença entre fazendas frequentemente ocorre com a introdução de portadores assintomáticos. Conforme evidenciado em outros micoplasmas que infectam o gado, a reprodução deve também pode ser considerada uma rota de introdução ou transmissão, uma vez que a eliminação de sêmen foi amplamente demonstrada em cabras e parece possível em ovelhas.
Controle
O controle da agalaxia contagiosa depende do abate dos animais afetados, quimioterapia e/ou vacinação, ou combinações das três medidas, mas praticamente não há coordenação internacional sobre o assunto, com cada país optando por seu próprio caminho dependendo do padrão de disseminação infecciosa (enzoótica área versus casos esporádicos). Boas práticas de gestão de higiene do rebanho e medidas de biossegurança também são essenciais, pois uma vez introduzida em um rebanho, a doença pode se espalhar rapidamente. A erradicação da agalaxia contagiosa requer recursos financeiros sustentados e compromisso de longo prazo das partes interessadas, o que cria outro custo adicional que raramente é levado em consideração.
A professora Melânia Loureiro, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), afirma que há 16 anos trata animais com a enfermidade com sucesso, utilizando bioterápicos, mas ainda há dúvidas que não consegue responder. Ela enfatiza que a luta pelo controle e combate à doença passa pela conscientização dos produtores sobre o uso de antibióticos. “Os antibióticos são inúteis no tratamento da enfermidade, mas mascaram os sintomas. Os criadores acabam utilizando para venderem os animais em feiras e exposições, o que ajuda a disseminar a doença”, explica.
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Fontes consultadas:
Contagious Agalactia In Sheep And Goats: Current Perspectives (https://www.dovepress.com/contagious-agalactia-in-sheep-and-goats-current-perspectives-peer-reviewed-fulltext-article-VMRR)
Câmara Setorial de Caprinos e Ovinos discute enfermidade que impacta rebanhos leiteiros (https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/65621665/camara-setorial-de-caprinos-e-ovinos-discute-enfermidade-que-impacta-rebanhos-leiteiros)
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