Cupinzeiros em pastagens: o que isso significa?
Postado em: 20/01/2020 | 5 min de leitura
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Os cupins de montículo, responsáveis pala formação do cupinzeiro, pertencentes à espécie Cornitermes cumulans são insetos que comumente infestam as pastagens e estão entre as diversas pragas com importância para as gramíneas forrageiras no Brasil. Trata-se de um grupo de insetos sociais que vivem em ninhos que apresentam uma porção visível na superfície do solo, os chamados cupinzeiros.
A criação de bovinos no Brasil tem como base na alimentação dos animais as gramíneas forrageiras, o que torna as pastagens de grande importância para a produção pecuária. E a presença de cupinzeiros afeta negativamente a produção de forragem.
Alguns autores citam a presença de ninhos de cupins como sinal do processo de degradação em pastagens, com alguns caracterizando os estágios de degradação em inicial e moderado, ao considerar a menor e a maior quantidade de ninhos nas áreas. Esse número tende a aumentar em áreas menos sujeitas à mecanização; portanto, pastagens mais velhas normalmente apresentam infestações mais elevadas, sem necessariamente estar em processo de perda de vigor.
Embora a presença de ninhos de cupins (cupinzeiros) esteja associada à degradação da pastagem ou mesmo a processos como diminuição da fertilidade e, especialmente, aumento da acidez do solo, não é claro se o aparecimento dos ninhos é consequência da degradação ou fenômeno natural induzido pela falta de controle do inseto.
Pastagem com cupinzeiros vista da Variante Boa Vista-Guaianã km 213 em Indaiatuba (Fonte: Wikimedia Commons)
Biologia
Cada colônia de cupins é dividida em castas, ou seja, grupos de indivíduos com características e funções diferentes. Há o casal real, que é o par fundador da colônia. São indivíduos sexuados, cuja função é apenas reprodutiva. Copulam de tempo em tempo, proporcionando o crescimento da população da colônia. Uma outra casta presente nos cupinzeiros é a dos soldados. São indivíduos estéreis e apresentam cabeças e mandíbulas bastante desenvolvidas. Este grupo tem a função principal de defesa da colônia. Por fim, há o grupo dos operários. Assim como os soldados, são também estéreis. Constituem o grupo mais numeroso e desenvolvem todas as funções de manutenção da colônia.
Os cupinzeiros adultos anualmente liberam um grande número de cupins alados (com asas) que são aptos para a reprodução. São os chamados "siri-siris" ou "aleluias". A revoada destes indivíduos geralmente ocorre nos primeiros meses da época chuvosa, logo após fortes chuvas. Após a revoada, machos e fêmeas, aos pares, escavam no solo uma pequena câmara na qual copulam dando origem a uma nova colônia. Com o passar do tempo, à medida que a colônia cresce, constata-se, igualmente, o crescimento desproporcional do abdômen da rainha. Este fenômeno, denominado fisogastria, consiste na expansão dos seus ovários e acúmulo de gordura. Este crescimento resulta no aumento original do inseto em dezenas de vezes, limitando, em parte, a locomoção da rainha que fica restrita a umas poucas câmaras do cupinzeiro. A alimentação da rainha, bem como a retirada de seus ovos, são feitas pelos operários.
Outras espécies
Há outras espécies de cupins, presentes nas pastagens, que também constroem montículos. Algumas são igualmente conhecidas dos produtores, como C. bequaerti, responsável pela construção de cupinzeiros com aberturas tipo chaminés, e Syntermes sp., cuja porção do ninho que aflora à superfície é espalhada, mais baixa e mais mole que os ninhos de Cornitermes. Ocorrem em menor frequência e podem apresentar estrutura de cupinzeiro diferente da do Cornitermes cumulans.
As espécies do gênero Syntermes, apesar de menos frequentes, merecem atenção, uma vez que cortam folhas de gramíneas vivas, à semelhança das formigas cortadeiras.
Prejuízos causados pelos cupins
Os prejuízos causados pelos cupins em pastagens ainda não foram totalmente determinados, sendo considerados por muitos como sendo apenas uma questão de estética. A presença de cupins em um pasto está associado pelos produtores ao abandono de propriedade e é, portanto, responsável pela desvalorização da mesma. Ainda não existe um consenso entre pesquisadores para determinar os prejuízos causados pela área ocupada pelos seus ninhos numa pastagem, necessitando de mais estudos. Porém os prejuízos também podem ser sentidos pela dificuldade nos tratos culturais, por abrigarem animais peçonhentos, além de poderem danificar mourões de cercas, cochos de madeiras, etc.
Controle
O controle destes insetos em pastagens tem sido feito historicamente através da aplicação de inseticidas químicos. Para tanto, há a necessidade de que o produto seja colocado no interior do cupinzeiro. Necessita-se de uma barra de ferro com aproximadamente 80 cm de comprimento e diâmetro de uma polegada, e de uma marreta. Faz-se a perfuração vertical e central do cupinzeiro até que se atinja o que denominamos câmara celulósica.
Externamente, o cupinzeiro é constituído por uma camada de terra cimentada com a saliva dos cupins que adquire uma consistência muito dura, a qual oferece, portanto, resistência à perfuração. No seu interior, o cupinzeiro apresenta uma câmara de formato globular, constituída de camadas horizontais que originam pequenas câmaras e canais feitos com material celulósico friável, portanto, pouco resistente.
Na perfuração do cupinzeiro, percebe-se facilmente que se atingiu a câmara celulósica, uma vez que não se constata mais resistência na penetração da barra de ferro. Isto feito, deve-se colocar o inseticida no interior do cupinzeiro; fazendo-se uso apenas de produtos registrados para esse fim. Alguns produtos testados têm se mostrado eficientes através da termonebulização.
No caso das espécies do gênero Syntermes, onde o cupinzeiro não tem uma câmara celulósica definida e considerando o fato de o mesmo ocupar área às vezes de vários metros quadrados, recomenda-se a aplicação do inseticida através de perfurações feitas em vários pontos do cupinzeiro. Sugere-se uma perfuração por metro quadrado, penetrando a barra de ferro de modo a atravessar a camada de solo exposto, atingindo uns 20 centímetros abaixo do nível do solo. Estes cupins têm sido encontrados em maior número em pastagens de Brachiaria humidicola.
Muitos dos cupinzeiros nas pastagens podem estar abandonados pelos cupins, não tendo nenhum efeito a aplicação de inseticidas. Nesse caso, o controle através de implementos acopláveis à tomada de força do trator, tem sido uma boa alternativa para o controle.
Porém é bom lembrar que pastagens normalmente infestadas por cupins são pastagens mais velhas, degradadas ou em degradação, sendo, portanto passíveis de recuperação, podendo desta maneira receber uma mecanização para preparo de solo e completa destruição dos cupins, dependendo apenas de um diagnóstico de área para avaliar a melhor forma de controle dos cupins e de recuperação desta pastagem.
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Fontes consultadas:
Cupins-de-montículo – 2. Biologia e controle das principais espécies (https://www.beefpoint.com.br/cupins-de-monticulo-2-biologia-e-controle-das-principais-especies-35597/)
CUPIM DE MONTÍCULO EM PASTAGENS (http://old.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/divulga/GCD18.html)
Relação entre a presença de cupinzeiros e a degradação de pastagens, Pesq. agropec. bras., Brasília, v.46, n.12, p.1699-1706, dez. 2011 (http://www.scielo.br/pdf/pab/v46n12/46n12a16.pdf)
A criação de bovinos no Brasil tem como base na alimentação dos animais as gramíneas forrageiras, o que torna as pastagens de grande importância para a produção pecuária. E a presença de cupinzeiros afeta negativamente a produção de forragem.
Alguns autores citam a presença de ninhos de cupins como sinal do processo de degradação em pastagens, com alguns caracterizando os estágios de degradação em inicial e moderado, ao considerar a menor e a maior quantidade de ninhos nas áreas. Esse número tende a aumentar em áreas menos sujeitas à mecanização; portanto, pastagens mais velhas normalmente apresentam infestações mais elevadas, sem necessariamente estar em processo de perda de vigor.
Embora a presença de ninhos de cupins (cupinzeiros) esteja associada à degradação da pastagem ou mesmo a processos como diminuição da fertilidade e, especialmente, aumento da acidez do solo, não é claro se o aparecimento dos ninhos é consequência da degradação ou fenômeno natural induzido pela falta de controle do inseto.
Pastagem com cupinzeiros vista da Variante Boa Vista-Guaianã km 213 em Indaiatuba (Fonte: Wikimedia Commons)
Biologia
Cada colônia de cupins é dividida em castas, ou seja, grupos de indivíduos com características e funções diferentes. Há o casal real, que é o par fundador da colônia. São indivíduos sexuados, cuja função é apenas reprodutiva. Copulam de tempo em tempo, proporcionando o crescimento da população da colônia. Uma outra casta presente nos cupinzeiros é a dos soldados. São indivíduos estéreis e apresentam cabeças e mandíbulas bastante desenvolvidas. Este grupo tem a função principal de defesa da colônia. Por fim, há o grupo dos operários. Assim como os soldados, são também estéreis. Constituem o grupo mais numeroso e desenvolvem todas as funções de manutenção da colônia.
Os cupinzeiros adultos anualmente liberam um grande número de cupins alados (com asas) que são aptos para a reprodução. São os chamados "siri-siris" ou "aleluias". A revoada destes indivíduos geralmente ocorre nos primeiros meses da época chuvosa, logo após fortes chuvas. Após a revoada, machos e fêmeas, aos pares, escavam no solo uma pequena câmara na qual copulam dando origem a uma nova colônia. Com o passar do tempo, à medida que a colônia cresce, constata-se, igualmente, o crescimento desproporcional do abdômen da rainha. Este fenômeno, denominado fisogastria, consiste na expansão dos seus ovários e acúmulo de gordura. Este crescimento resulta no aumento original do inseto em dezenas de vezes, limitando, em parte, a locomoção da rainha que fica restrita a umas poucas câmaras do cupinzeiro. A alimentação da rainha, bem como a retirada de seus ovos, são feitas pelos operários.
Outras espécies
Há outras espécies de cupins, presentes nas pastagens, que também constroem montículos. Algumas são igualmente conhecidas dos produtores, como C. bequaerti, responsável pela construção de cupinzeiros com aberturas tipo chaminés, e Syntermes sp., cuja porção do ninho que aflora à superfície é espalhada, mais baixa e mais mole que os ninhos de Cornitermes. Ocorrem em menor frequência e podem apresentar estrutura de cupinzeiro diferente da do Cornitermes cumulans.
As espécies do gênero Syntermes, apesar de menos frequentes, merecem atenção, uma vez que cortam folhas de gramíneas vivas, à semelhança das formigas cortadeiras.
Prejuízos causados pelos cupins
Os prejuízos causados pelos cupins em pastagens ainda não foram totalmente determinados, sendo considerados por muitos como sendo apenas uma questão de estética. A presença de cupins em um pasto está associado pelos produtores ao abandono de propriedade e é, portanto, responsável pela desvalorização da mesma. Ainda não existe um consenso entre pesquisadores para determinar os prejuízos causados pela área ocupada pelos seus ninhos numa pastagem, necessitando de mais estudos. Porém os prejuízos também podem ser sentidos pela dificuldade nos tratos culturais, por abrigarem animais peçonhentos, além de poderem danificar mourões de cercas, cochos de madeiras, etc.
Controle
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Externamente, o cupinzeiro é constituído por uma camada de terra cimentada com a saliva dos cupins que adquire uma consistência muito dura, a qual oferece, portanto, resistência à perfuração. No seu interior, o cupinzeiro apresenta uma câmara de formato globular, constituída de camadas horizontais que originam pequenas câmaras e canais feitos com material celulósico friável, portanto, pouco resistente.
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Muitos dos cupinzeiros nas pastagens podem estar abandonados pelos cupins, não tendo nenhum efeito a aplicação de inseticidas. Nesse caso, o controle através de implementos acopláveis à tomada de força do trator, tem sido uma boa alternativa para o controle.
Porém é bom lembrar que pastagens normalmente infestadas por cupins são pastagens mais velhas, degradadas ou em degradação, sendo, portanto passíveis de recuperação, podendo desta maneira receber uma mecanização para preparo de solo e completa destruição dos cupins, dependendo apenas de um diagnóstico de área para avaliar a melhor forma de controle dos cupins e de recuperação desta pastagem.
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Fontes consultadas:
Cupins-de-montículo – 2. Biologia e controle das principais espécies (https://www.beefpoint.com.br/cupins-de-monticulo-2-biologia-e-controle-das-principais-especies-35597/)
CUPIM DE MONTÍCULO EM PASTAGENS (http://old.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/divulga/GCD18.html)
Relação entre a presença de cupinzeiros e a degradação de pastagens, Pesq. agropec. bras., Brasília, v.46, n.12, p.1699-1706, dez. 2011 (http://www.scielo.br/pdf/pab/v46n12/46n12a16.pdf)