Produção animal em pastagens consorciadas: vale a pena?
Postado em: 23/04/2021 | 5 min de leitura
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Grande parte dos sistemas de produção brasileiros são baseados em sistemas a pasto, onde o grande gargalo da produção é o manejo de forragens de forma sustentável e produtiva. Em muitas propriedades, a adubação em todas as pastagens é inviável ou mesmo negligenciada. Desta forma, o consórcio de gramíneas e leguminosas surge como alternativa para manter a produtividade e equilíbrio da pastagem.
O plantio de duas espécies com características diferentes, sendo uma gramínea e outra leguminosa em um mesmo local, é uma ótima alternativa para garantir a qualidade da pastagem, aumentar a disponibilidade de nitrogênio no solo, além de aumentar a proteção da terra contra a erosão. Porém, como todas as técnicas de produção, o sistema de pastejo consorciado possui vantagens e desvantagens! Confira abaixo:
Vantagens da consorciação de gramíneas e leguminosas:
• Aumento da fixação biológica de nitrogênio no solo pelas leguminosas;
• Melhora no valor nutritivo da pastagem;
• Maior sustentabilidade na produção de forragem, diminuindo a dependência da adubação para manter a produtividade da pastagem.
Desvantagens da consorciação de gramíneas e leguminosas:
• Com a inclusão de leguminosas no sistema, a incidência de insetos como formigas aumenta, necessitando de manejo adequado.
• Baixa disponibilidade de sementes no mercado: apesar da grande oferta de leguminosas, a oferta de sementes é baixa. Se pensarmos em leguminosas que tenham propagação clonal, essa disponibilidade fica ainda menor.
• Baixa persistência de algumas leguminosas, reduzindo a credibilidade do sistema consorciado.
Produção animal
Quando a gente pensa em um animal em uma pastagem consorciada com leguminosa, muitas vezes vem à cabeça a melhora no valor nutritivo. No entanto, o foco principal não é esse, já que a melhora no valor nutritivo é pequena em relação ao que é possível alcançar com adubação nitrogenada, com o efeito principal sendo mais pela entrada de nitrogênio no sistema, aumentando a taxa de produção de forragem e, consequentemente, a taxa de lotação, o que faz com que se aumente o ganho por área, sem um grande aumento no ganho individual.
Foi realizado um trabalho com três tratamentos: pastagem controle sem adubação nitrogenada, a mesma pastagem com adição de 150 quilos de nitrogênio por hectare por ano e a pastagem sem adubação mas consorciada com amendoim forrageiro. Observou-se que a dieta dos animais aumenta de valor nutritivo em relação ao controle com pasto consorciado, mas ainda fica abaixo do pasto adubado:
Ou seja, a adubação foi mais eficiente em melhorar o valor nutritivo da dieta do que o consórcio com a leguminosa, mesmo esta tendo um valor nutritivo muito superior à da gramínea. Sua participação em torno de 25% a 40% da dieta do animal não foi suficiente para promover uma melhora em relação ao pasto adubado.
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O pasto foi sempre mantido entre 20 e 25 centímetros de altura em lotação contínua em todos os tratamentos. Como a estrutura do pasto era muito uniforme, houve pouca diferença no consumo de forragem entre os três tratamentos:
Isso explica a pequena diferença em termos de desempenho individual. O gráfico abaixo mostra dados de novilhas Nelore na fase de recria. Observa-se que a curva em verde, que é o pasto adubado, tem um pequeno aumento de ganho individual. Do pasto consorciado em relação ao controle, só é possível ver uma melhora na primavera. Vale a pena destacar que no início da estação chuvosa é quando o amendoim forrageiro tem o maior potencial de crescimento, o que justifica essa resposta maior. Mas, ao pegar a média anual, praticamente não tem diferença entre consórcio e controle, mas temos um desempenho levemente superior nas novilhas que consumiram o pasto adubado:
Isso explica a pequena diferença em termos de desempenho individual. O gráfico abaixo mostra dados de novilhas Nelore na fase de recria. Observa-se que a curva em verde, que é o pasto adubado, tem um pequeno aumento de ganho individual. Do pasto consorciado em relação ao controle, só é possível ver uma melhora na primavera. Vale a pena destacar que no início da estação chuvosa é quando o amendoim forrageiro tem o maior potencial de crescimento, o que justifica essa resposta maior. Mas, ao pegar a média anual, praticamente não tem diferença entre consórcio e controle, mas temos um desempenho levemente superior nas novilhas que consumiram o pasto adubado:
Assim, usar a leguminosa para aumentar o valor nutritivo da dieta não é uma boa estratégia. A vantagem, no entanto, do uso da leguminosa é a entrada de nitrogênio. À medida que se adiciona nitrogênio em um sistema de pastagem a tendência é de aumento de produção de forragem e, consequentemente, maior capacidade de suporte e maior ganho por área.
No gráfico abaixo, quando se observa o efeito da adubação nitrogenada com zero, produzindo algo em torno de 13 arrobas por hectare e o adubado próximo a 28 arrobas por hectare, ou seja, há um ganho de praticamente 15 arrobas por hectare usando 150 quilos de nitrogênio por hectare, se a gente considerar esse desempenho sendo linear entre zero e 150 quilos, observa-se que o pasto consorciado, no segundo ano após o estabelecimento, ou seja, ainda em formação, ocorre um efeito em torno de 61 quilos por hectare por ano de nitrogênio. Ou seja, essa leguminosa está conseguindo manter uma produtividade por hectare equivalente a 61 kg/ha/ano de nitrogênio.
Assim, o pasto consorciado tem aumento do nitrogênio, com consequente aumento da produção de forragem e aumento da taxa de lotação. Comparando com o pasto controle sem adubação, observa-se um aumento expressivo nessa taxa de lotação.
A adubação é vantajosa, uma vez que tem uma resposta imediata, enquanto que o pasto consorciado exige mais tempo. Quanto maior o tempo do pasto instalado, maior eficiência de crescimento da planta e maior sua capacidade de fixar nitrogênio. Deve-se lembrar que a leguminosa fixa o nitrogênio para ela. É preciso que ela fixe e ocorra a ciclagem desse nitrogênio para que a gramínea possa utilizar para seu crescimento. Esse é um processo mais lento, mas a expectativa é que aumente ano a ano, sem um custo adicional.
O custo adicional do pasto consorciado é só a implantação e o custo da semente que no caso do amendoim forrageiro, que é uma opção, ainda hoje é um pouco elevado. Porém, com o aumento da demanda em escala comercial esse custo deve cair, fazendo com que a adoção da tecnologia aumente cada vez mais.
Mesmo com o custo adicional um pouco mais alto, os dados mostram viabilidade significativa. Comparando com o pasto sem adubação nitrogenada, o lucro operacional foi 5 vezes maior. Com pasto consorciado, a margem bruta foi de R$ 630,00 por hectare com a produção de novilhas para corte.
Assim, deve ficar claro que o uso da leguminosa não deve substituir a adubação nitrogenada, mas sim, para áreas que não receberiam essa adubação. Não existe adubo nitrogenado para todas as áreas de pastagem do Brasil e poucas propriedades adubam 100% da área. O pasto consorciado pode ser uma boa opção para essas áreas que não recebem adubação nitrogenada.
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