O que é a taxa de lotação e qual sua importância para o desempenho animal
Postado em: 09/01/2020 | 6 min de leitura
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A taxa de lotação é a relação entre o número de unidades animais (UA) e a área ocupada pelos animais durante um período de tempo. Esse índice auxilia na definição do manejo e no estabelecimento da demanda por alimentos, visando ao bom aproveitamento das pastagens por ruminantes.
O uso da unidade animal no cálculo da taxa de lotação tem o objetivo de padronizar o efeito das diferentes categorias animais sobre o pasto. No Brasil, a unidade animal tem sido considerada como um bovino de 450 kg de peso vivo. Essa definição não leva em consideração o potencial de consumo de forragem dos animais.
O número de animais por hectare que pode ser suportado pela pastagem por uma unidade de tempo é basicamente uma função da produção da pastagem. Porém, há uma interação entre qualidade e produção, e mudanças nesses parâmetros são fortemente afetados pela taxa de lotação, entretanto podem ser modificados de alguma forma pelo manejo da pastagem. Dessa forma o ajuste na taxa de lotação parece ser o mais importante fator de manejo e o principal determinante da produção animal e composição da pastagem.
O consumo de pasto é fortemente determinado pela oferta ou disponibilidade de forragem. A taxa de lotação define a disponibilidade de pasto, isto é, a pressão de pastejo a que a pastagem é submetida. Para cada caso e momento estabelece-se uma relação inversa entre taxa de lotação e disponibilidade de pasto.
A pressão de pastejo pode ser de três níveis: pastejo ótimo, subpastejo e superpastejo. Enquanto o pastejo ótimo representa o uso de taxa de lotação compatível com a capacidade suporte, o subpastejo caracteriza uma situação em que a taxa de lotação é baixa relativamente à capacidade de suporte da pastagem. Nesta condição, a oferta de pasto é alta, e o animal, não sofrendo restrição alimentar, pasteja seletivamente e consegue máxima ingestão de pasto, conforme seu valor nutritivo e as características do relvado. No subpastejo, a produção por animal reflete a qualidade do pasto, caso o pastejo seja exercido por animais de alta produção; entretanto a produção por hectare é comprometida em decorrência da subutilização da área.
O superpastejo caracteriza a situação inversa, a taxa de lotação é alta relativamente à capacidade de suporte da pastagem. Assim, o elevado número de animais por hectare implica em pequena oferta de pasto para cada animal que, sob restrição alimentar, não pasteja seletivamente e consome pouco, comprometendo a produção animal.
O desempenho animal depende da quantidade e qualidade da forragem disponível e de sua conversão, quando consumida pelo animal. Logo, para obter o máximo desempenho animal em regime de pasto, é necessário conhecer a relação planta:animal, e como ela afeta o desempenho do animal e o rendimento da pastagem.
A carga animal apresenta efeitos sobre a produção animal por condicionar a quantidade, a qualidade e a composição botânica do pasto disponível. Sendo assim, é também um fator de extrema importância, que influencia o consumo de pasto e a persistência do relvado.
A taxa de lotação deve ser compatível com o rendimento forrageiro da pastagem, que depende da espécie forrageira e de práticas de manejo como adubação, suplementação, irrigação e sistemas de pastejo.
Fatores que influenciam a taxa de lotação e a produção animal
Adubação da pastagem: A adubação traz grandes incrementos no rendimento forrageiro, isto é, na capacidade de suporte da pastagem e, portanto, na produção por hectare, mas seu efeito sobre a produção por animal é mínimo.
Relação Planta:Animal: Existe uma complexa natureza na relação entre o animal e a pastagem. Entretanto, alguns processos básicos no comportamento de pastejo têm sido descritos.
Estudos sobre pastejos demonstraram a influência da densidade da pastagem, relação caule-folha, altura, densidade de folhas, massa de forragem em alguns componentes do consumo; tempo gasto no pastejo, tamanho de bocado, número de bocados por unidade de tempo.
A relação linear entre a produção animal e o aumento na taxa de lotação demonstra que a longo prazo à medida que o número de animais aumenta por unidade de área, o consumo de energia metabolizável por animal declina. A taxa de declínio com o aumento na taxa de lotação é uma função da taxa de crescimento da pastagem e a disponibilidade de componentes de alto valor nutritivo.
A facilidade com que o pasto é colhido pelo animal depende das características estruturais do relvado, expressas principalmente pelo rendimento forrageiro, pela altura, pela relação folha-caule e pela densidade da biomassa total e de folhas. Essas características influem no consumo de pasto por afetarem o tamanho de bocado, o número de bocados por unidade de tempo e o tempo de pastejo.
A quantidade de forragem apreendida por bocado é a variável do comportamento ingestivo que influi de maneira dominante no consumo diário de forragem, enquanto o número de bocados e o tempo de pastejo exercem um efeito secundário.
Na maioria das forrageiras tropicais o tamanho de bocado está estreitamente relacionado à densidade foliar ou à relação folha-caule, do que propriamente à altura do pasto. No entanto, pesquisadores enfatizam as dificuldades encontradas pelos animais em obterem bocados suficientemente grandes para atingir consumo satisfatório, quando o rendimento forrageiro é baixo.
O desempenho animal depende da quantidade e qualidade da forragem disponível e de sua conversão, quando consumida pelo animal. Logo, para obter o máximo desempenho animal em regime de pasto é necessário conhecer a relação planta:animal e como ela afeta o desempenho animal e o rendimento da pastagem.
Uso de Irrigação: A irrigação de pastagens no inverno pode complementar as pastagens de verão as quais crescem quando a chuva é mais abundante no período quente do ano. A combinação de pastagem de verão e pastagem de inverno tem permitido altas taxas de lotação por causa de um acréscimo no suprimento de forragem, e alta produção por vaca por causa da alta qualidade das pastagens de inverno. Aumento nas áreas de pastagem de inverno tem também permitido uma menor oscilação na produção e reprodução. Desta forma o suprimento de leite é também mais uniforme ao longo do ano bem como o desenvolvimento dos bezerros.
Portanto, fica claro que taxa de lotação está intimamente relacionada com a produção animal, uma vez que variações na taxa de lotação implica em mudanças na relação planta:animal e consequentemente o desenvolvimento de ambos pode ser alterado.
A lotação pode influenciar o crescimento e a utilização do pasto e através dos seus efeitos, no nível de forrageamento do rebanho, pode influenciar a eficiência da conversão da forragem. Assim, a lotação é um importante determinante na produtividade por hectare.
Nos sistemas de pastejo quando não aumentam a produção da pastagem ou a eficiência de seu uso, a taxa de lotação continua sendo o fator determinante da produção.
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