Como lidar com dejetos no confinamento de animais?

Postado em: 24/08/2022 | 3 min de leitura Escrito por:
A criação de animais em confinamento é uma excelente forma de produzir carne de qualidade e aumentar a rentabilidade da atividade. Porém, este sistema leva a um aumento na densidade populacional e, consequentemente, maior produção de dejetos. Dessa forma, é preciso que sejam tomadas medidas para evitar o impacto negativo desses dejetos no solo, no ar e na água. 
 
Os dejetos são oriundos da digestão dos animais, sendo eliminados na forma de fezes e urina. De acordo com dados de pesquisas, cerca de 75% do nitrogênio, 80% do fósforo e 85% do potássio presentes no alimento são excretados na forma de dejetos. Além destes, outros dejetos gerados são água de higienização, resíduos de ração, entre outras fontes. De acordo com dados de pesquisas científicas, uma vaca de 600 Kg de peso elimina o equivalente a 9% de seu peso por dia, sendo 60% fezes com teor de água de 85%. 
 
Vale destacar que esses dejetos tem uma alta carga orgânica e, se descartados incorretamente, podem contaminar lagos e rios, o lençol freático e estimular o desenvolvimento de moscas.

Além disso, quando lançados na água, servem de alimento para bactérias decompositoras, que se reproduzem muito rápido, respiram e consomem o oxigênio dissolvido na água, causando a morte dos peixes e poluindo a água. 
 
Assim, todo sistema de criação de animais confinados precisa estar ciente de que os resíduos gerados não podem ser dispostos no solo, nem descartados na água, sendo que a melhor forma de lidar com estes dejetos é através da transformação e uso como fertilizantes. 
 
Os dejetos sólidos configuram grande parte daqueles gerados em sistemas de confinamento de gado. Eles incluem fezes, resíduos de cama e ração com teor de 18% a 40% de matéria seca. É possível tratar e reaproveitar para evitar a contaminação ambiental. 
 
Para resolver este problema, o uso da esterqueira é bastante comum em sistemas de confinamento, especialmente de pequenas propriedades, e em menor proporção entre os grandes e médios criadores especializados.

A construção de esterqueira para esterco sólido é praticamente ao nível do solo. Neste tipo de manejo, o tempo de exposição necessário para que ocorra a fermentação varia de 20 a 60 dias. 
 
Já para o esterco líquido, a esterqueira é utilizada por criadores com boa infraestrutura de mecanização, com equipamentos especializados para o carregamento, transporte e distribuição do esterco líquido, geralmente em propriedades maiores. 
 
Outra possibilidade é a produção de biogás. O dejeto animal contém metano, principal componente do gás natural e do biogás, que é uma fonte energética que pode ser utilizada pela própria fazenda.

O metano é um dos gases causadores do efeito estufa, de forma que o tratamento e a produção de biogás a partir dos dejetos tem uma função ganha ganha, já que pode ajudar a reduzir custos com energia, talvez até gerar renda e reduzir a poluição ambiental.
 
Outros resíduos também são aproveitados como fertilizantes de plantas, como por exemplo, a urina, que contém uma série de substâncias importantes na recuperação do solo como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre e ferro. Além disso, a urina tem ácido indolacético (hormônio natural que auxilia no crescimento da planta). O cheiro forte do líquido ainda espanta os insetos. 
 
Outras maneiras de tratamento dos dejetos animais incluem, por exemplo, a lagoa anaeróbia, que é aquela em que não há oxigênio livre na massa líquida. Estas lagoas são usadas com grandes vantagens para as águas residuais com elevada concentração orgânica e alto teor de sólidos, sendo empregadas como primeiro estágio de tratamento biológico.

Também existem as lagoas facultativas, que depuram o esgoto através dos fenômenos de fermentação anaeróbia (na zona de fundo), e de oxidação aeróbia e redução fotossintética nas camadas superiores. 

O uso de biodigestores ou compostagem para a produção de adubo orgânico também são possibilidades para utilização nas lavouras. Com este destino adequado, o proprietário reduz a aplicação de fertilizantes, tendo um ganho ambiental e econômico para a fazenda
 
Assim, fica claro que o sistema de confinamento pode acarretar sérios problemas ambientais e sanitários se a questão dos dejetos não for bem administrada. Existem diversas formas de tratamento e destino adequado dos dejetos e cada pecuarista deve escolher a forma que seja mais adequada para sua realidade.
 
 
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Fonte:
 
LORIN, Higor Eisten Francisconi. PROCESSOS BIOLÓGICOS DE ESTABILIZAÇÃO DE DEJETOS DE BOVINOS DE CORTE CONFINADOS. 2014. 63 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Universidade Estadual do Oeste do Parana, Cascavel, 2014. Acesso em 11 de agosto de 2022. Disponível em: <https://tede.unioeste.br/bitstream/tede/2656/1/Higor%20_Lorin.pdf
 
MANSO, K. R. J.; FERREIRA, O. M. Confinamento de bovinos: estudo do gerenciamento dos resíduos. Universidade Católica de Goiás – Departamento de Engenharia – Engenharia Ambiental. Acesso em 11 de agosto de 2022. Disponível em: <http://www.abccriadores.com.br/images/upload/confinamento%20de%20bovinos.pdf>
 

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