Nutrição no pré-parto: chave na reprodução de vacas de corte

Postado em: 29/10/2020 | 3 min de leitura Escrito por:
Dentre os fatores nutricionais que impactam a reprodução de bovinos de corte, sabe-se que a energia é o mais importante. Tanto a falta, quanto o excesso de energia, podem comprometer a fertilidade da fêmea bovina, prejudicando a ciclicidade dos animais, a qualidade ovocitária, embrionária, número de folículos, as concentrações de hormônio circulantes, e a viabilidade de embriões produzidos in vivo e in vitro.

Especificamente com relação à nutrição das vacas de corte durante o período do pré-parto, estudos mostram que esse fator é muito importante para o retorno à ciclicidade, influencia na fertilidade e afeta diretamente o desempenho da progênie.

Confira os dados abaixo, de um trabalho de 1975, mas que, apesar de ser um pouco antigo, continua atual nos dias de hoje:



O gráfico mostra a porcentagem de vacas de corte com atividade cíclica no pós-parto em relação ao escore de condição corporal (ECC) no parto. Nesse estudo, as vacas foram divididas em três grupos: baixa, moderada e boa condição corporal no momento do parto.

O que tem de mais interessante nesse estudo é que, até 50 dias pós-parto, todas as categorias têm baixa taxa de ciclicidade. Isso é devido a diversos fatores, tais como a presença do bezerro, condições nutricionais, entre outros. Vale destacar que o bezerro ao pé da vaca exerce um efeito negativo no retorno à ciclicidade nas fêmeas e esse efeito é aumentado quando o animal tem maiores deficiências nutricionais.

O estudo mostra também que a partir de 60 dias após o parto, as vacas que pariram com bom ECC retornaram à ciclicidade mais cedo. Já as vacas com ECC moderada tiveram uma taxa moderada de retorno. Por sua vez, as vacas que pariram com baixo ECC, mesmo 100 dias após o parto não estavam ciclando totalmente.

Confira abaixo um gráfico de outro trabalho:



Ele mostra a probabilidade de prenhez em uma situação em que as 266 vacas Nelore foram inseminadas em tempo fixo, seguido de repasse com touro, em relação ao ECC no momento do parto.

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Fica muito claro que, quanto menor o ECC ao parto, menor é a probabilidade de prenhez. Vacas que parem com ECC 3,5 ou mais têm maior chance de finalizar a estação de monta prenhes.

Nesse mesmo estudo, constata-se que quanto maior o ECC ao parto, maior a taxa de concepção e menor a perda gestacional. Além disso, quando há queda na espessura de gordura no período seco, ou seja, quando os animais de fato emagrecem, maior a probabilidade de perda gestacional.

O contrário também é válido: o aumento do ECC e da espessura de gordura aumenta a probabilidade de concepção.

Confira abaixo o delineamento de um estudo realizado com vacas Hereford. 



Esse estudo teve quatro grupos experimentais: no primeiro grupo, as vacas passaram por um período de mantença nutricional entre cinco meses antes do parto até o parto. Outro grupo teve perda de 5% de peso corporal entre cinco meses antes do parto até dois meses antes do parto depois de uma dieta de mantença.

O terceiro grupo teve perda de peso corporal entre cinco meses e dois meses antes do parto e perda até o parto. E o quarto grupo perdeu condição corporal entre cinco meses e dois meses antes do parto e, depois, até o parto, teve ganho de 5% no peso corporal.

Confira abaixo os resultados:



Não houve efeito do tratamento em relação aos dias entre o parto e a ciclicidade. Além disso, nota-se que aos 85 dias pós-parto, apenas metade das vacas estava ciclando. Também não houve diferença nos dias entre o parto e a concepção.

Porém, vacas mantidas em mantença durante todo o período pré-parto tiveram melhor concepção que os demais grupos e as vacas que perderam condição corporal durante todo o período pré-parto, tiveram o pior desempenho na taxa de prenhez durante a estação de monta de 90 dias.
 
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