Controle de carrapato: evite sua proliferação
Postado em: 30/01/2020 | 5 min de leitura
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O carrapato (Rhipicephalus (Boophilus) microplus) é considerado o mais importante ectoparasita dos bovinos, pelos danos diretos e indiretos que pode ocasionar, limitando consideravelmente a produtividade animal e aumentando de forma significativa o custo de produção. Estima-se que no Brasil, este artrópode cause prejuízos em torno de 3,24 bilhões de dólares anuais.
Uma das maiores preocupações em relação ao carrapato bovino é com as doenças que ele pode trazer ao rebanho. Durante a sucção do sangue, esse ectoparasita aproveita apenas a parte sólida dele (células vermelhas), regurgitando o plasma sanguíneo de volta para o bovino. Durante esse ato de regurgitar o plasma, os carrapatos transmitem doenças para os animais.
Além deste já citado, muitos outros problemas são causados por esse pequeno parasita. Quando existe uma infestação de carrapatos em um bovino, ocorrem danos diretos e indiretos ao animal que, obviamente, ficam muito mais evidentes quando essa infestação é elevada.
A picada do carrapato provoca uma irritação local, que pode evoluir para um quadro de reação inflamatória: uma porta de entrada para agentes infecciosos secundários, por exemplo.
Quando um animal tem um elevado parasitismo pelo carrapato bovino, seu epitélio é substituído por um tecido conjuntivo, provavelmente uma defesa do organismo para tentar ajudar a combater uma futura infestação. Quando esse tecido epitelial é substituído pelo tecido conjuntivo, não crescem mais pelos neste local, no animal.
Cada fêmea de carrapato pode ingerir cerca de 1,5ml de sangue. Essa quantidade pode parecer insignificante, mas um bovino pode ter centenas de carrapatos e isso sim vai ocasionar muitos prejuízos como debilidade orgânica, atraso no crescimento e até o óbito do animal.
Outro aspecto que ressalta a importância do carrapato é que a elevada infestação desse parasita pode levar à bicheira, outro ectoparasito que acomete os bovinos: larvas de moscas que se alimentam de tecido vivo. Isso ocorre pois quando as teleógenas (fêmeas do carrapato) se desprendem do animal para cair no solo e dar sequência em seu ciclo de vida natural, elas deixam no local da picada uma substância anticoagulante que faz o sangue continuar fluindo por alguns minutos. A presença dessa solução de continuidade, em conjunto com o sangue, atrai a mosca adulta (Cochliomyia hominivorax) que deposita ali seus ovos. Depois de 24 horas, eclodem as larvas que começam a se alimentar de tecido vivo.
Como controlar?
De todas as ferramentas disponíveis para o controle do carrapato R. (B.) microplus, um dos principais carrapatos que parasitam os bovinos, a mais utilizada e que provoca um resultado mais benéfico e imediato é o controle químico.
Sobre o controle químico, surge a primeira pergunta: qual a solução para eliminar ou erradicar o carrapato? A resposta é muito simples: não existe método para erradicar esse carrapato. Existem, sim, métodos ou princípios ativos que atuam melhor contra essa espécie de carrapato, o que podem espaçar o intervalo de banho ou reduzir a olho nu a infestação dos animais, trazendo algum conforto ao produtor. No entanto, isso é apenas uma questão de tempo.
Por que não é possível erradicar de vez os carrapatos?
Por causa de um processo, muito discutido, chamado de resistência. O modo como os carrapatos se tornaram resistentes aos agentes de controle químico impediram, pelo menos até hoje, a erradicação dos carrapatos.
Resistência
Existem algumas teorias que explicam como o carrapato se torna resistente a um produto químico. Vale mencionar que a maior parte dos estudos é feita em helmintos, com boa parte deles sendo extrapolados para outros parasitos, incluindo os carrapatos.
Teoria 1: Pressão de seleção (mais aceita)
Essa teoria afirma que não ocorre mutação genética. Já existem indivíduos resistentes em uma determinada população. À medida em que você trata os animais, automaticamente acaba selecionando os indivíduos mais resistentes.
Teoria 2: Ocorre mutação genética
Essa teoria afirma que existe, sim, mutação genética. Depois que você aplica a medicação, esse carrapato entra em contato e isso, de alguma forma, estimula a mutação de alguns genes, o que passa para as gerações seguintes.
Não se sabe ao certo qual a teoria correta. As duas podem ser corretas e podem, inclusive, ocorrer de forma simultânea.
Fatores que aceleram o aparecimento da resistência
1) Frequência de aplicação de uma formulação química
Quanto mais se trata um rebanho com uma determinada formulação, mais rapidamente ela vai deixar de funcionar nesse rebanho.
2) Persistência da droga
Persistência da droga é o tempo que ela permanece dentro do organismo do bovino. Esse é outro fator importante e parece acelerar o aparecimento da resistência.
O gráfico abaixo é um perfil farmacocinético de uma lactona, por exemplo, uma ivermectina 1%:
Já o abaixo mostra a comparação com uma ivermectiva mais concentrada:
Como se vê na comparação, uma formulação mais concentrada, por permanecer mais tempo no organismo, pode acelerar o aparecimento da resistência.
3) Aplicação conjunta de compostos químicos
Com isso, você predispõe o parasita a dois grupos químicos diferentes, de forma que em vez de ele criar resistência para um, cria para dois. A combinação de grupos químicos pode ser necessária em alguns casos, em que um dos grupos já desencadeou certa resistência, mas deve-se atentar a essa questão.
4) Dose
Existe a subdosagem, que é a dose abaixo da recomendada, e a sobredosagem, que é a dose acima da recomendada. As duas situações vão auxiliar o aparecimento da resistência, mas a sobredosagem é mais prejudicial.
Como devemos visualizar os carrapaticidas químicos?
Devemos visualizar os carrapaticidas químicos como munições, sem direito à reposição. É como se o número de “tiros” fosse pré-determinado para cada propriedade. Quanto mais "tiros" em um menor espaço de tempo for dado contra aquele carrapato, mais rápido se vai deixar de ter essa munições e esse carrapaticida vai deixar de funcionar.
Além do controle químico, existem diversas outras alternativas de controle do carrapato bovino. Se você quiser conhecer todas elas, acesse o conteúdo completo do curso Controle estratégico do carrapato bovino. Aproveite o desconto de 30% neste curso e se livre dos carrapatos!
Ao longo do curso, o o professor da Universidade Federal de Goiás, Welber Lopes, especialista na área de parasitologia em ruminantes, apresenta as vantagens e limitações de cada um dos métodos, e, algumas medidas integradas para manter a infestação abaixo do nível de dano econômico.
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