5 efeitos positivos do sombreamento por árvores na produção pecuária a pasto
Postado em: 19/10/2021 | 4 min de leitura
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No Brasil, uma grande parte da produção de bovinos é feita a pasto. Sendo assim, vários fatores ambientais podem influenciar no sistema de produção e no desempenho dos animais, sendo que o que mais impacta o bem-estar animal é a temperatura (calor ou frio) e a radiação solar. Segundo dados do Inmet, quase todos os sistemas de produção a pasto do Brasil têm condições climáticas que levam ao estresse térmico dos animais.
Uma das formas de minimizar isso é promovendo modificações no ambiente dos animais, sendo que a oferta de sombra, seja natural ou artificial, é uma das mais eficientes. A sombra natural fornecida por árvores é uma das formas melhores e mais econômicas para proteger os animais dos efeitos do clima, bem como contra a radiação solar, ventos, além de fornecer abrigo de chuvas.
O sistema de integração pecuária floresta é uma opção de tecnologia para a produção de bovinos e consiste na combinação intencional de árvores, pastagens e animais em uma mesma área e ao mesmo tempo. Há também a opção de integração lavoura pecuária floresta (ILPF), que é mais complexa, pois agrega um componente agrícola associado às árvores. A presença de árvores, além de proteger os animais, conforme dito anteriormente, também promove melhorias na produção forrageira.
Um documento da Embrapa intitulado “ILPF: inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta”, tem em seu Capítulo 15 o foco no bem-estar animal e ambiência na ILPF e enumera 5 efeitos positivos do sombreamento por árvores em sistemas pecuários a pasto:
1) Redução das necessidades de energia para a mantença animal
Os bovinos apresentam-se particularmente sensíveis às condições úmidas e quentes de forma que oferecer sombra pode melhorar seu conforto térmico e produção. Assim, ao gastar menos energia para dissipar o calor, os animais podem expressar melhor suas aptidões. Um estudo mostrou, por exemplo, que animais que tinham acesso à sombra produziram 20% mais leite com maior teor de sólidos não gordurosos.
2) Aumento dos índices de produtividade
Piquetes sombreados melhoram a eficiência da conversão alimentar e antecipam a primeira cobertura. Estudos mostram que vacas de maior produção de leite apresentam maior declínio na produção em situação de estresse térmico do que vacas que produzem normalmente menos leite. Estudos mostraram que animais com acesso à sombra tiveram maior produção individual de leite. Além disso, pesquisadores também observaram que novilhas leiteiras sem acesso à sombra caminham e pastejam mais do que aquelas com acesso à sombra, provavelmente em busca de uma melhor troca térmica com o ambiente.
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3) Melhoria da fertilidade do rebanho
O estresse térmico pode reduzir a fertilidade. Na fêmea, pode afetar a ovulação, o estro, a concepção e sobrevivência do embrião. Nos machos, pode reduzir a viabilidade dos espermatozoides, bem como a libido. Vacas com estresse calórico produzem bezerros menores e aumentam o intervalo entre partos.
4) Efeitos benéficos sobre animais recém-nascidos
O estresse calórico pode comprometer a habilidade de bezerros absorverem imunoglobulinas do colostro. O fornecimento de sombra pode melhorar a sobrevivência e subsequente desenvolvimento de animais recém-nascidos. Nas espécies ruminantes de comportamento de parto escondedor, a presença de árvores possibilita à fêmea o isolamento do resto do grupo e de potenciais predadores. Este isolamento nas primeiras horas de vida do filhote resulta em melhor ligação mãe-filho e condições ótimas para a primeira mamada e ingestão do colostro o mais cedo possível, o que aumenta a taxa de sobrevivência. Além disso, a perspectiva de isolamento sentido pela vaca, a deixa mais tranquila para efetuar a “limpeza” do recém-nascido, propiciando a transmissão de bactérias ruminais ao bezerro, predispondo-o a pastar mais precocemente.
5) Proteção contra extremos de temperatura, ventos e radiação
A sombra é essencial para fornecer conforto aos animais em dias quentes e de forte insolação. Pesquisas mostram que a temperatura do ar, no verão, foi reduzida em até 8°C na pastagem arborizada, e a incidência de radiação solar global foi 80% menor sob as árvores. Outra pesquisa mostrou que em ambientes compostos por árvores isoladas é possível obter redução de até 2,8°C de temperatura do ar na sombra, ao passo que locais compostos por grupos de árvores isolados são capazes de promover a redução de 0,3°C até 15,7°C de temperatura, principalmente nos horários do dia de maior insolação (10h00 às 14h00). Pesquisadores observaram que a procura por sombra pelos animais aumentou em 30 a 40% nos horários com temperaturas mais elevadas, sendo que nos animais que permaneceram ao sol foram observados aumentos nos valores dos parâmetros fisiológicos acima do indicativo como conforto térmico.
Portanto, fica claro que a inserção de arvores fornecendo sombreamento em sistema de produção de bovinos a pasto pode trazer inúmeros benefícios ao bem-estar dos animais e à produtividade do sistema.
* Todas as referências bibliográficas podem ser encontradas no documento “ILPF: inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta”, da Embrapa (link abaixo).
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Fonte consultada:
Capítulo 15 “Bem-estar animal e ambiência na ILPF”, de autoria de Fabiana Villa Alves, Vanderley Porfírio-da-Silva e Nivaldo Karvatte Júnior, do documento ILPF: inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta, da Embrapa (https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/202666/1/Bem-estar-animal-e-ambiencia-na-ILPF.pdf).
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