Exportações russas: o que está acontecendo?
Postado em: 05/05/2022 | 5 min de leitura
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A Rússia é um grande produtor de fertilizantes contendo potássio, fosfato e nitrogênio – nutrientes essenciais para as culturas e o solo. O país produz mais de 50 milhões de toneladas por ano desses fertilizantes, 13% do total global, e exporta para Ásia e América Latina.
As sanções econômicas que o Ocidente impôs à Rússia depois que o país invadiu a Ucrânia, em fevereiro, não proíbem a importação de fertilizante russo, mas o conflito traz dor de cabeça ao segmento em pelo menos duas frentes, de pagamentos e logística. A Rússia é um dos maiores fornecedores globais de adubos.
Mesmo depois de quase 50 dias de guerra na Ucrânia, que afetou as exportações de fertilizantes da Rússia, o transporte de adubo para o Brasil continuou. Um levantamento da StoneX mostrou que, em 4 de abril, havia 600 mil toneladas de fertilizante russo - dos quais, eram 50% de potássio - a caminho dos portos brasileiros. A consultoria elaborou o relatório a partir de consultas a agências marítimas sobre a programação das embarcações.
O volume é significativo, ainda que tenha diminuído em relação ao que estava em deslocamento alguns dias antes. Em 18 março, a programação dos navios informava que 860 mil toneladas de adubo da Rússia estavam no mar rumo ao Brasil, uma redução que indica interrupções no fluxo de transporte.
A Rússia forneceu 22% das 39 milhões de toneladas de adubos que o Brasil importou no ano passado, em uma lista que tem ureia (nitrogenado), MAP (fosfatado), nitrato de amônio e potássio. Para os dois últimos, a StoneX projeta desabastecimento em 2022.
O nitrato de amônio pode ser substituído por ureia, mas para o potássio os agricultores não têm outra opção. A consultoria acredita que a oferta de potássio ficará entre 25% e 30% abaixo da demanda.
Recentemente, o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, assinou um decreto aumentando as cotas de exportação de fertilizantes minerais em quase 700 mil toneladas.
Segundo seu comunicado, a cota de exportação de fertilizantes nitrogenados aumentou em 231 mil toneladas para 5,7 milhões de toneladas, e complexos de 466 mil toneladas para 5,6 milhões de toneladas. A limitação não afeta as exportações para a Ossétia do Sul, Abkhazia, Donetsk e República Popular de Luhansk.
“Essas medidas são necessárias para apoiar os produtores de fertilizantes que correm o risco de paralisação devido à baixa demanda no mercado doméstico e às sanções impostas pela UE e pelos EUA”, diz o comunicado de imprensa do governo russo.
Moscou havia decidido limitar as exportações dos produtos de 1º de dezembro a 31 de maio para ajudar a conter aumentos nos preços dos alimentos em meio aos preços mais altos do gás. Essa medida ajudará a aumentar as exportações desses produtos e, ao mesmo tempo, garantir uma quantidade suficiente de nutrientes para os agricultores domésticos.
Com relação ao trigo, a Rússia é um dos maiores exportadores de trigo do mundo e continua embarcando sua commodity apesar das sanções ocidentais impostas a Moscou por causa da crise na Ucrânia, que complicaram a logística comercial e os pagamentos. O produto está sendo vendido por meio dos portos russos do Mar Negro, alguns suprimentos por meio do Mar de Azov.
Parte do mercado avalia que a Rússia conseguirá manter uma oferta consistente de trigo, apesar da guerra com a vizinha Ucrânia e das sanções comerciais que os Estados Unidos e seus aliados ocidentais impuseram ao país.
Em um reforço a essa percepção, a consultoria russa SovEcon afirmou recentemente que, a despeito do conflito, a produção do cereal deve ser recorde na Rússia em 2022/23. A estimativa é de colheita de 87,4 milhões de toneladas.
Com relação ao petróleo, os fluxos marítimos de petróleo russo diminuíram em 25% no período de sete dias até 15 de abril. Os volumes com destino à Ásia a partir de portos nas costas do Mar Negro, Báltico e Ártico caíram para o menor nível em dois meses.
Um total de 30 navios-tanque carregou cerca de 21,8 milhões de barris de terminais de exportação russos, de acordo com dados de rastreamento de navios monitorados pela Bloomberg e relatórios de agentes portuários. Isso colocou os fluxos médios de petróleo marítimo em 3,12 milhões de barris por dia, uma queda de 25% em relação à semana encerrada em 8 de abril.
O declínio nas exportações de petróleo significa redução na receita para Moscou, enquanto os custos da guerra de Vladimir Putin na Ucrânia aumentam, assim como as consequentes sanções à economia russa.
Embora a queda semanal possa parecer dramática, os fluxos de exportação de petróleo russo retornaram aos níveis da primeira semana de abril. Mas a crescente pressão dentro da União Europeia por um embargo ao petróleo russo deve reduzir os fluxos futuros. A produção russa na primeira semana de abril caiu cerca de 500 mil barris por dia em relação a março.
Vladimir Putin garantiu que o país está trabalhando para redirecionar a sua energia para o leste, acrescentando que a Europa, que tenta reduzir a sua dependência das exportações da Rússia, não poderá evitar completamente o gás russo no imediato. A Rússia, que responde por cerca de 10% da produção global de petróleo, está estreitando laços com a Ásia e a China, o maior consumidor de energia do mundo, tentando diversificar as entregas dos seus tradicionais mercados de abastecimento na Europa.
As sanções ocidentais sobre a operação militar russa na Ucrânia atingiram as exportações russas de energia, complicando o financiamento dos negócios e a logística. “O surpreendente é que os chamados parceiros de países hostis admitem que não serão capazes de viver sem recursos energéticos russos, inclusive sem gás natural, por exemplo”, apontou o presidente russo. “Não há substituto racional (para o gás) na Europa agora.”
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Fonte:
Rússia expandiu as exportações de fertilizantes minerais (https://globalfert.com.br/noticias/mercado/russia-expandiu-as-exportacoes-de-fertilizantes-minerais/)
RÚSSIA EXPORTARÁ 700.000 À MAIS DE FERTILIZANTES (https://www.comprerural.com/russia-exportara-700-000-a-mais-de-fertilizantes/)
Preços do trigo russo sobem com exportações ativas (https://forbes.com.br/forbesagro/2022/04/precos-do-trigo-russo-sobem-com-exportacoes-ativas/)
Após fortes altas, milho e trigo passam por correção e recuam em Chicago (https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2022/04/22/apos-fortes-altas-milho-e-trigo-passam-por-correcao-e-recuam-em-chicago.ghtml)
Brasil continua a receber aduborusso, apesar da guerra (https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2022/04/18/brasil-continua-a-receber-adubo-russo-apesar-da-guerra.ghtml)
Embarques de petróleo da Rússia caem 25% na semana (https://valor.globo.com/mundo/noticia/2022/04/20/embarques-de-petroleo-da-russia-caem-25-na-semana.ghtml)
Putin quer redirecionar gás da Europa para a Ásia e culpa UE de desestabilizar mercado da energia (https://multinews.sapo.pt/noticias/putin-quer-redirecionar-gas-da-europa-para-a-asia-e-culpa-ue-de-desestabilizar-mercado-da-energia/)