O glifosato pode ser banido no Brasil?
Postado em: 23/06/2022 | 3 min de leitura
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O glifosato é um princípio ativo desenvolvido em 1950 na fabricação de produtos químicos, inicialmente utilizado na indústria farmacêutica, tornando-se conhecido nos anos 1970, quando a Monsanto, que hoje pertence à Bayer, desenvolveu um herbicida à base dessa molécula. Suas vendas estouraram quando a companhia lançou sua linha de sementes transgênicas Roundup, resistentes ao glifosato, nos anos 1990.
O herbicida à base de glifosato é aplicado nas folhas de plantas daninhas, bloqueando sua capacidade de absorver alguns nutrientes. O glifosato também pode ser usado como dessecante.
O glifosato é extremamente eficaz, sendo sua eficácia maior do que outros herbicidas, e pode controlar mais de 150 espécies de plantas daninhas, em diversas culturas. O glifosato não costuma ser usado durante o ciclo de produção, pois pode afetar o cultivo principal. Porém, a soja é uma exceção, porque as plantas transgênicas possuem resistência, então é possível utilizar o agrotóxico durante todo o ciclo.
Por outro lado, as ervas daninhas também aumentaram a resistência ao pesticida, o que faz com que o glifosato esteja sendo misturado a outros, para funcionar melhor.
O Brasil autoriza seu uso no plantio de algodão, ameixa, arroz, banana, cacau, café, cana-de-açúcar, citros, coco, feijão, fumo, maçã, mamão, milho, nectarina, pastagem, pera, pêssego, seringueira, soja, trigo e uva.
Proibição no mundo
O glifosato foi banido na União Europeia, a Áustria e Alemanha. Já o Ministério da Agricultura da França afirmou, em dezembro de 2020, que iria conceder auxílio financeiro a agricultores que concordarem em interromper a aplicação do químico nas lavouras.
No México, o governo anunciou, no final de 2020, que o uso do agrotóxico será eliminado até 2024 e que ele será substituído por uma alternativa “sustentável e culturalmente apropriada”. Durante o período de transição, o glifosato não será usado em nenhum programa do governo mexicano.
Os Estados Unidos usam o agrotóxico, mas, por lá, ele é alvo de uma série de processos contra a empresa alemã Bayer, que chegou a fechar um acordo bilionário para encerrar as ações na Justiça em junho de 2020. As alegações são de que o herbicida Roundup, à base do glifosato, causa câncer.
E no Brasil?
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu manter, com restrições, o uso do glifosato. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 9 de dezembro de 2020 e marcou o fim de uma reavaliação do produto que se iniciou ainda em 2008.
Em março de 2019, o órgão já havia publicado um parecer que concluía que a substância "não apresenta características mutagênicas e carcinogênicas" - ou seja, que não causa câncer - e que "não é um desregulador endócrino", não interferindo, portanto, na produção de hormônios.
No final de 2020, o órgão estabeleceu que, para aplicar o defensivo nas lavouras, os agricultores devem utilizar tecnologias que reduzam em 50% a deriva - dispersão das gotas do agrotóxico para fora da lavoura no momento da aplicação do produto, o que pode provocar contaminação de áreas próximas à plantação - para doses acima 1,8 mil gramas por hectare.
Já para doses acima de 3,7 mil gramas por hectare, além da redução da deriva em 50%, a Anvisa exige uma margem de segurança de 5 metros no limite externo da plantação, em regiões próximas a moradias ou escolas.
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Fonte:
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