Hematúria enzoótica: o que você precisa saber sobre intoxicação de bovinos por samambaia
Postado em: 08/01/2020 | 4 min de leitura
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A samambaia (Pteridum Aquilinum) é uma planta encontrada em áreas com maior altitude, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. A ocorrência de solos pobres em fósforo e arenosos favorece seu desenvolvimento. Além disso, a prática das queimadas favorece a brotação e contribui para sua proliferação. Além de ingerida diretamente no pasto, a samambaia pode estar presente em fenos contaminados e na cama dos animais estabulados, sendo que a planta, mantém seus princípios tóxicos, verde ou seca.
Folha da samambaia
Tendo em vista sua alta toxidez, sendo que a mortalidade é de aproximadamente 100% a invasão em uma área de pastagem torna-se uma ameaça aos animais além de causar enormes prejuízos econômicos.
As principais toxinas presentes na Samambaia são: Tanino, Canferol, Aquilídeo A, Quercetina, Ácido chiquímico e Prunasina, substâncias com atividade carcinogênica; Tiaminase, enzima degradadora de vitamina B1 e Ptaquilosídeo, causador de tumores intestinais, mamários e de bexiga, além de uma toxina causadora da diátese hemorrágica. As concentrações de substâncias tóxicas variam de acordo com os estágios de desenvolvimento da planta, sendo mais tóxica no período de brotação. Porém mesmo seca, a Samambaia apresenta níveis toxicológicos consideráveis.
A ingestão acidental de samambaia causa nos bovinos, três formas de manifestação clínica: Síndrome Hemorrágica Aguda (SHA), Hematúria Enzoótica Bovina (HEB) e carcinomas do sistema digestório superior .
A SHA é típica nas intoxicações agudas. Nestes casos, ocorre supressão da atividade hematopoiética da medula óssea, levando a anemia normocítica normocrômica, leucopenia e trombocitopenia, além do aumento da fragilidade capilar e do tempo de coagulação. Os achados de necrópsia comumente encontrados incluem lesões hemorrágicas em diversos órgãos e tecidos, de diversas formas e intensidades, hemopericárdio, infartos renais hemorrágicos e necrose da medula óssea.
A Hematúria Enzoótica Bovina (HEB) ocorre quando há a ingestão de samambaia por bovinos em uma quantidade inferior a 10g kg/ dia durante um ou mais anos. Neste tipo de manifestação, ocorre a formação de lesões hemorrágicas, inflamatórias e hiperplásicas da mucosa vesical. Papiloma, Hemangioma e Carcinoma de células transicionais além de Metaplasia da bexiga também são observados.
As primeiras manifestações clínicas ocorrem em animais adultos, em geral entre três e cinco anos de idade, sem preferência por sexo ou raça. Redução no hematócrito e hemoglobina, anorexia e anemia progressiva provocada por perda de sangue pela urina são comuns. Vacas prenhes abortam devido à anemia.
O Carcinoma de orofaringe, assim como a HEB, tem como causa a ingestão crônica da Samambaia. Caracteriza-se pela formação de tumores localizados na base da língua, no esôfago e rúmen. Os sinais clínicos mais comuns em animais acometidos são: rouquidão, tosse, isolamento, letargia, timpanismo, halitose, hemorragia e ulcerações nas mucosas. A dificuldade de deglutição faz com que os animais contaminados emagreçam progressivamente. A intoxicação gera altos índices de mortalidade.
Frente à grande variedade dos sintomas descritos acima, o diagnóstico deve associar, além da sintomatologia, a presença da planta na fazenda e os resultados do exame laboratorial. Dentre os achados laboratoriais dos animais intoxicados com a samambaia vale a pena ressaltar: baixa dosagem de plaquetas (trombocitopenia), tempo de coagulação aumentado, neutropenia, anemia e hematúria (urina).
Os casos suspeitos ou confirmados devem ser retirados da área com a presença da samambaia. Apesar de não existir tratamento eficaz, uma das alternativas é recorrer à transfusão de sangue, a outra, à antibioticoterapia, visando combater as infecções secundárias.
A melhor maneira de evitar a intoxicação pela samambaia é evitar a ingestão da planta retirando os animais das áreas infestadas. Também é importante garantir o correto suprimento alimentar e contínua mineralização do gado, a fim de evitar que os animais utilizem a planta invasora para suprir a fome em períodos de escassez de alimento.
Para controlar a infestação, recomenda-se fazer a correção do solo com calagem e adubação, além de rotação de pastagem. Outra medida eficaz para evitar o surgimento da Samambaia, é evitar as queimadas. Esta prática faz com que o solo se torne cada vez mais pobre e ácido, criando condições favoráveis ao desenvolvimento da planta invasora.
Se você quiser aprender mais sobre plantas que prejudicam as pastagens de alguma forma, acesse o conteúdo completo do curso Controle de plantas daninhas em pastagens.
Nesse curso, Neivaldo Tunes Caceres, que é Engenheiro Agrônomo e consultor da NTC ConsultAgro, explica quais os principais efeitos das plantas daninhas na produtividade e qualidade das forragens, os tipos de plantas daninhas que infestam as pastagens e como elas interferem nas reformas e restauração de pastagens.
Folha da samambaia
Tendo em vista sua alta toxidez, sendo que a mortalidade é de aproximadamente 100% a invasão em uma área de pastagem torna-se uma ameaça aos animais além de causar enormes prejuízos econômicos.
As principais toxinas presentes na Samambaia são: Tanino, Canferol, Aquilídeo A, Quercetina, Ácido chiquímico e Prunasina, substâncias com atividade carcinogênica; Tiaminase, enzima degradadora de vitamina B1 e Ptaquilosídeo, causador de tumores intestinais, mamários e de bexiga, além de uma toxina causadora da diátese hemorrágica. As concentrações de substâncias tóxicas variam de acordo com os estágios de desenvolvimento da planta, sendo mais tóxica no período de brotação. Porém mesmo seca, a Samambaia apresenta níveis toxicológicos consideráveis.
A ingestão acidental de samambaia causa nos bovinos, três formas de manifestação clínica: Síndrome Hemorrágica Aguda (SHA), Hematúria Enzoótica Bovina (HEB) e carcinomas do sistema digestório superior .
A SHA é típica nas intoxicações agudas. Nestes casos, ocorre supressão da atividade hematopoiética da medula óssea, levando a anemia normocítica normocrômica, leucopenia e trombocitopenia, além do aumento da fragilidade capilar e do tempo de coagulação. Os achados de necrópsia comumente encontrados incluem lesões hemorrágicas em diversos órgãos e tecidos, de diversas formas e intensidades, hemopericárdio, infartos renais hemorrágicos e necrose da medula óssea.
A Hematúria Enzoótica Bovina (HEB) ocorre quando há a ingestão de samambaia por bovinos em uma quantidade inferior a 10g kg/ dia durante um ou mais anos. Neste tipo de manifestação, ocorre a formação de lesões hemorrágicas, inflamatórias e hiperplásicas da mucosa vesical. Papiloma, Hemangioma e Carcinoma de células transicionais além de Metaplasia da bexiga também são observados.
As primeiras manifestações clínicas ocorrem em animais adultos, em geral entre três e cinco anos de idade, sem preferência por sexo ou raça. Redução no hematócrito e hemoglobina, anorexia e anemia progressiva provocada por perda de sangue pela urina são comuns. Vacas prenhes abortam devido à anemia.
O Carcinoma de orofaringe, assim como a HEB, tem como causa a ingestão crônica da Samambaia. Caracteriza-se pela formação de tumores localizados na base da língua, no esôfago e rúmen. Os sinais clínicos mais comuns em animais acometidos são: rouquidão, tosse, isolamento, letargia, timpanismo, halitose, hemorragia e ulcerações nas mucosas. A dificuldade de deglutição faz com que os animais contaminados emagreçam progressivamente. A intoxicação gera altos índices de mortalidade.
Frente à grande variedade dos sintomas descritos acima, o diagnóstico deve associar, além da sintomatologia, a presença da planta na fazenda e os resultados do exame laboratorial. Dentre os achados laboratoriais dos animais intoxicados com a samambaia vale a pena ressaltar: baixa dosagem de plaquetas (trombocitopenia), tempo de coagulação aumentado, neutropenia, anemia e hematúria (urina).
Os casos suspeitos ou confirmados devem ser retirados da área com a presença da samambaia. Apesar de não existir tratamento eficaz, uma das alternativas é recorrer à transfusão de sangue, a outra, à antibioticoterapia, visando combater as infecções secundárias.
A melhor maneira de evitar a intoxicação pela samambaia é evitar a ingestão da planta retirando os animais das áreas infestadas. Também é importante garantir o correto suprimento alimentar e contínua mineralização do gado, a fim de evitar que os animais utilizem a planta invasora para suprir a fome em períodos de escassez de alimento.
Para controlar a infestação, recomenda-se fazer a correção do solo com calagem e adubação, além de rotação de pastagem. Outra medida eficaz para evitar o surgimento da Samambaia, é evitar as queimadas. Esta prática faz com que o solo se torne cada vez mais pobre e ácido, criando condições favoráveis ao desenvolvimento da planta invasora.
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Fontes consultadas:
Intoxicação de bovinos por ingestão de samambaia (Pteridum aquilinum), GARSZARECK, Osni Luis, em REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353 (http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/IhAFHI1wbILEG2C_2013-6-25-16-29-55.pdf)
Fontes consultadas:
Intoxicação de bovinos por ingestão de samambaia (Pteridum aquilinum), GARSZARECK, Osni Luis, em REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353 (http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/IhAFHI1wbILEG2C_2013-6-25-16-29-55.pdf)
Intoxicação por samambaia do campo, por Renata de Oliveira Souza Dias (https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao/intoxicacao-por-samambaia-do-campo-16695n.aspx)