Vacas com listras de "zebras" e outras alternativas para controle de insetos na produção
Postado em: 03/12/2019 | 7 min de leitura
Escrito por:
Nos últimos dias, um assunto gerou curiosidade em produtores de leite do mundo inteiro. Saiu uma reportagem sobre o teste realizado por cientistas japoneses para verificar se as listras brancas e pretas presentes nas zebras são efetivas em vacas no desempenho de sua função: repelir insetos.
De acordo com reportagem da Revista Super Interessante, diversos estudos já comprovaram essa função, inclusive afirmando que as listras pretas e brancas são efetivas também para a proteção em humanos – algumas tribos africanas usam pinturas corporais listradas justamente por isso, aliando significado cultural a uma função benéfica.
Os cientistas ainda não sabem ao certo porque moscas e outras criaturas sugadoras de sangue evitam superfícies listradas em preto e branco, mas estudos sugerem que as listras causam uma certa ilusão de ótica incômoda na visão dos insetos, por isso eles preferem evitar.
No estudo, publicado no periódico Plos One, a equipe de pesquisadores recrutou seis vacas pretas e as pintou de diferentes formas: 2 delas com listras pretas e brancas, 2 só com listras pretas (sobre a cor natural dos bichos) e 2 sem pintura nenhuma, para servir de grupo controle.
As vacas foram observadas em relação a comportamentos repelentes à moscas (arremessos de cabeça, batidas nos ouvidos, contração das pernas, espasmos na pele e movimentos da cauda) e o número de moscas pousando em seus corpos foi contado.
O resultado foi claro: enquanto as vacas não pintadas ou apenas com listras pretas sofreram mais de 110 picadas em 30 minutos, as vacas com listras pretas e brancas sofreram menos de 60 picadas no mesmo período. Eles também viram uma diminuição de 20% no comportamento típico de repelir moscas nas vacas pintadas como zebras. Ou seja, elas eram menos incomodadas por esses insetos.
A equipe de pesquisadores acredita que essas listras artificiais poderão, no futuro, ser usadas como uma maneira melhor de combater moscas do que os pesticidas tradicionais. . Além de serem mais baratas, as faixas são atóxicas e saudáveis para o gado. Também prejudicam menos o meio ambiente.
Qual a importância do controle de insetos na prática?
O controle das moscas nos estábulos de fazendas de criação de bovinos é uma grande preocupação para grande parte dos pecuaristas e isso tem uma boa explicação. A infestação por moscas reduz o desempenho e culmina na perda econômica dos animais que são afetados por elas.
A atividade hematófaga da mosca não é seu aspecto mais nocivo. O acometimento das picadas dolorosas e incessantes durante todo o dia sobre os bovinos parasitados deixa os animais extremamente agitados, conduzindo ao estado crítico de estresse.
A infestação por moscas tem impacto negativo sobre a produção e o desempenho do gado, expressos na diminuição do ganho de peso, da produção de leite, do apetite e da conversão alimentar, sendo que a infestação por tempo prolongado pode levar os animais à morte.
Certas moscas também são responsáveis pela disseminação de doenças anaplasmose e ou leucose bovina.
Como controlar?
Enquanto as listras artificiais nas vacas não são prática comum em fazendas, a melhor forma de controlar a presença de insetos é através do manejo adequado de dejetos e higiene. O resíduo básico dos estábulos e currais (água, fezes e urina), geralmente lançados sem qualquer tratamento, no solo, nos lagos, nos rios, favorece a proliferação de moscas e exala gases com mau cheiro.
O uso de esterqueiras para armazenagem de dejetos de bovinos é uma alternativa de baixo custo para a tentativa de impedir que os dejetos percolem ou lixiviem pelo solo, isto é, sejam carreados para os cursos d’água subterrâneos e/ou superficiais.
Na prática, muitas vezes o esterco é amontoado em áreas próximas ao estábulo, o que faz com que ele perca grande parte de suas características como adubo orgânico, além de poder causar doenças e favorecer a infestação por moscas e outros insetos.
Em 1.000kg de esterco bovino curtido há o equivalente a 155kg de sulfato de amônia, 100kg de fosfato natural e 40kg de cloreto de potássio. É o que se deixa de aproveitar nas propriedades rurais por falta de uma esterqueira.
A esterqueira permite a fermentação do esterco, o que diminui o seu poder poluidor e possibilita o seu aproveitamento como fertilizante em lavouras, pastagens e pomares. Outra grande vantagem desse processo é que durante a fase de curtimento, a elevada temperatura proveniente da fermentação (ação das bactérias) destrói a maioria das sementes de pragas e germes causadores de doenças.
Há modelos de esterqueiras para os dejetos de bovinos de acordo com a forma de utilização dos dejetos - líquidos ou sólidos. Qualquer que seja o modelo, o local para a construção deve ficar afastado, no mínimo, 50m do estábulo e 200m das residências, para evitar transtornos causados pela proliferação de moscas e mau cheiro.
As esterqueiras para dejeto líquido dos bovinos, também conhecidas como chorumeiras, devem ser utilizadas nas propriedades rurais que tenham fartura de água para lavagem dos currais e carretas-tanque para transportar a água servida até as lavouras, capineiras ou pastagens. A prática da lavagem diária do curral é muito comum nas propriedades rurais com boas condições de higiene, sendo essa uma das exigências para a produção de leite de melhor qualidade.
A água utilizada para lavar o curral (fezes+urina+água) deve ser conduzida por tubos ou canaletas diretamente para a esterqueira, localizada, se possível, num nível mais baixo que o curral, de modo que possibilite o escoamento do material por gravidade. No entanto, é conveniente a construção de uma caixa de passagem para a retirada de materiais sólidos que porventura possam entupir a tubulação.
O dimensionamento dessas esterqueiras é feito considerando o volume de 100 litros/animal/dia, incluindo dejetos (fezes + urina + água ).
Observe o exemplo: 50 vacas estabuladas produzem por dia 5.000 litros (5m3). Consequentemente, para três dias de armazenamento, a chorumeira deverá ter volume total mínimo de 15m3. Para tanto, devem ser adotadas as seguintes medidas: 4,2m de comprimento x 2,6m de largura x 1,5m de altura.
Quando o local não tem desnível que permita a retirada do material da chorumeira por gravidade, ele deve ser retirado por sucção, com a utilização de uma bomba acoplada à tomada de força de um trator.
A construção da chorumeira começa pela escavação do local onde será instalada. O fundo deve ser bem compactado, nivelado com uma camada de 5cm de concreto magro, sobre a qual deve ser feita uma laje de concreto armado de 10cm de espessura.
Uma maneira fácil e econômica de construir as paredes desse tipo de esterqueira é usar tijolos de cimento de 20cm de largura, reforçados com pilaretes e cintas, na base e no topo, previamente definidos no projeto. Se a parede tiver mais de 1,6m de altura, será preciso uma cinta intermediária a meia altura, e mais a cinta de amarração (para travar as paredes) com vergalhões.
As paredes devem ser rebocadas, sendo que as internas com argamassa de impermeabilização para evitar qualquer infiltração. A parte superior da chorumeira deve ser fechada para evitar proliferação de moscas, acidentes ou queda de animais no seu interior. Para o fechamento, pode-se usar laje maciça ou pré-moldada, deixando-se uma abertura com tampa (60x60cm), o que facilita a visita periódica e a utilização do mangote de sucção. No fundo da chorumeira deve ter um rebaixo (caixa de coleta) no piso para facilitar a descarga.
Além de tampar a chorumeira, deve-se evitar jogar qualquer outro tipo de resíduo na mesma, pois esses serão fatores de atração de moscas varejeiras. Qualquer outro tipo de resíduo gerado na fazenda precisa ter seu destino adequado, de acordo com as normas.
As formas de controle mecânico de moscas e insetos em fazendas, como é o caso do destino adequado de dejetos e uso de chorumeiras permitem a redução de 90% da população de moscas, com a vantagem de serem mais baratas e não agredirem o meio-ambiente se forem manejadas corretamente.
O elemento mais importante no controle satisfatório da população de moscas e insetos ainda é o alto nível de higiene ambiental. O conceito de controle integrado de moscas está baseado nesse princípio e é suplementado pelo uso de agentes biológicos e um cuidadoso uso de inseticidas. E, quem sabe, no futuro, associado ao uso de listras de zebras nas vacas!
De acordo com reportagem da Revista Super Interessante, diversos estudos já comprovaram essa função, inclusive afirmando que as listras pretas e brancas são efetivas também para a proteção em humanos – algumas tribos africanas usam pinturas corporais listradas justamente por isso, aliando significado cultural a uma função benéfica.
Os cientistas ainda não sabem ao certo porque moscas e outras criaturas sugadoras de sangue evitam superfícies listradas em preto e branco, mas estudos sugerem que as listras causam uma certa ilusão de ótica incômoda na visão dos insetos, por isso eles preferem evitar.
No estudo, publicado no periódico Plos One, a equipe de pesquisadores recrutou seis vacas pretas e as pintou de diferentes formas: 2 delas com listras pretas e brancas, 2 só com listras pretas (sobre a cor natural dos bichos) e 2 sem pintura nenhuma, para servir de grupo controle.
As vacas foram observadas em relação a comportamentos repelentes à moscas (arremessos de cabeça, batidas nos ouvidos, contração das pernas, espasmos na pele e movimentos da cauda) e o número de moscas pousando em seus corpos foi contado.
O resultado foi claro: enquanto as vacas não pintadas ou apenas com listras pretas sofreram mais de 110 picadas em 30 minutos, as vacas com listras pretas e brancas sofreram menos de 60 picadas no mesmo período. Eles também viram uma diminuição de 20% no comportamento típico de repelir moscas nas vacas pintadas como zebras. Ou seja, elas eram menos incomodadas por esses insetos.
A equipe de pesquisadores acredita que essas listras artificiais poderão, no futuro, ser usadas como uma maneira melhor de combater moscas do que os pesticidas tradicionais. . Além de serem mais baratas, as faixas são atóxicas e saudáveis para o gado. Também prejudicam menos o meio ambiente.
Qual a importância do controle de insetos na prática?
O controle das moscas nos estábulos de fazendas de criação de bovinos é uma grande preocupação para grande parte dos pecuaristas e isso tem uma boa explicação. A infestação por moscas reduz o desempenho e culmina na perda econômica dos animais que são afetados por elas.
A atividade hematófaga da mosca não é seu aspecto mais nocivo. O acometimento das picadas dolorosas e incessantes durante todo o dia sobre os bovinos parasitados deixa os animais extremamente agitados, conduzindo ao estado crítico de estresse.
A infestação por moscas tem impacto negativo sobre a produção e o desempenho do gado, expressos na diminuição do ganho de peso, da produção de leite, do apetite e da conversão alimentar, sendo que a infestação por tempo prolongado pode levar os animais à morte.
Certas moscas também são responsáveis pela disseminação de doenças anaplasmose e ou leucose bovina.
Como controlar?
Enquanto as listras artificiais nas vacas não são prática comum em fazendas, a melhor forma de controlar a presença de insetos é através do manejo adequado de dejetos e higiene. O resíduo básico dos estábulos e currais (água, fezes e urina), geralmente lançados sem qualquer tratamento, no solo, nos lagos, nos rios, favorece a proliferação de moscas e exala gases com mau cheiro.
O uso de esterqueiras para armazenagem de dejetos de bovinos é uma alternativa de baixo custo para a tentativa de impedir que os dejetos percolem ou lixiviem pelo solo, isto é, sejam carreados para os cursos d’água subterrâneos e/ou superficiais.
Na prática, muitas vezes o esterco é amontoado em áreas próximas ao estábulo, o que faz com que ele perca grande parte de suas características como adubo orgânico, além de poder causar doenças e favorecer a infestação por moscas e outros insetos.
Em 1.000kg de esterco bovino curtido há o equivalente a 155kg de sulfato de amônia, 100kg de fosfato natural e 40kg de cloreto de potássio. É o que se deixa de aproveitar nas propriedades rurais por falta de uma esterqueira.
A esterqueira permite a fermentação do esterco, o que diminui o seu poder poluidor e possibilita o seu aproveitamento como fertilizante em lavouras, pastagens e pomares. Outra grande vantagem desse processo é que durante a fase de curtimento, a elevada temperatura proveniente da fermentação (ação das bactérias) destrói a maioria das sementes de pragas e germes causadores de doenças.
Há modelos de esterqueiras para os dejetos de bovinos de acordo com a forma de utilização dos dejetos - líquidos ou sólidos. Qualquer que seja o modelo, o local para a construção deve ficar afastado, no mínimo, 50m do estábulo e 200m das residências, para evitar transtornos causados pela proliferação de moscas e mau cheiro.
As esterqueiras para dejeto líquido dos bovinos, também conhecidas como chorumeiras, devem ser utilizadas nas propriedades rurais que tenham fartura de água para lavagem dos currais e carretas-tanque para transportar a água servida até as lavouras, capineiras ou pastagens. A prática da lavagem diária do curral é muito comum nas propriedades rurais com boas condições de higiene, sendo essa uma das exigências para a produção de leite de melhor qualidade.
A água utilizada para lavar o curral (fezes+urina+água) deve ser conduzida por tubos ou canaletas diretamente para a esterqueira, localizada, se possível, num nível mais baixo que o curral, de modo que possibilite o escoamento do material por gravidade. No entanto, é conveniente a construção de uma caixa de passagem para a retirada de materiais sólidos que porventura possam entupir a tubulação.
O dimensionamento dessas esterqueiras é feito considerando o volume de 100 litros/animal/dia, incluindo dejetos (fezes + urina + água ).
Observe o exemplo: 50 vacas estabuladas produzem por dia 5.000 litros (5m3). Consequentemente, para três dias de armazenamento, a chorumeira deverá ter volume total mínimo de 15m3. Para tanto, devem ser adotadas as seguintes medidas: 4,2m de comprimento x 2,6m de largura x 1,5m de altura.
Quando o local não tem desnível que permita a retirada do material da chorumeira por gravidade, ele deve ser retirado por sucção, com a utilização de uma bomba acoplada à tomada de força de um trator.
A construção da chorumeira começa pela escavação do local onde será instalada. O fundo deve ser bem compactado, nivelado com uma camada de 5cm de concreto magro, sobre a qual deve ser feita uma laje de concreto armado de 10cm de espessura.
Uma maneira fácil e econômica de construir as paredes desse tipo de esterqueira é usar tijolos de cimento de 20cm de largura, reforçados com pilaretes e cintas, na base e no topo, previamente definidos no projeto. Se a parede tiver mais de 1,6m de altura, será preciso uma cinta intermediária a meia altura, e mais a cinta de amarração (para travar as paredes) com vergalhões.
As paredes devem ser rebocadas, sendo que as internas com argamassa de impermeabilização para evitar qualquer infiltração. A parte superior da chorumeira deve ser fechada para evitar proliferação de moscas, acidentes ou queda de animais no seu interior. Para o fechamento, pode-se usar laje maciça ou pré-moldada, deixando-se uma abertura com tampa (60x60cm), o que facilita a visita periódica e a utilização do mangote de sucção. No fundo da chorumeira deve ter um rebaixo (caixa de coleta) no piso para facilitar a descarga.
Além de tampar a chorumeira, deve-se evitar jogar qualquer outro tipo de resíduo na mesma, pois esses serão fatores de atração de moscas varejeiras. Qualquer outro tipo de resíduo gerado na fazenda precisa ter seu destino adequado, de acordo com as normas.
As formas de controle mecânico de moscas e insetos em fazendas, como é o caso do destino adequado de dejetos e uso de chorumeiras permitem a redução de 90% da população de moscas, com a vantagem de serem mais baratas e não agredirem o meio-ambiente se forem manejadas corretamente.
O elemento mais importante no controle satisfatório da população de moscas e insetos ainda é o alto nível de higiene ambiental. O conceito de controle integrado de moscas está baseado nesse princípio e é suplementado pelo uso de agentes biológicos e um cuidadoso uso de inseticidas. E, quem sabe, no futuro, associado ao uso de listras de zebras nas vacas!
Caso você se interesse por outros temas relacionados a controle de parasitas em propriedades rurais, confira o conteúdo completo do curso Controle estratégico do carrapato bovino.
Você pode fazer a aquisição do curso individualmente ou optar pela assinatura que dá acesso a todos os cursos da plataforma. Hoje já são cerca de 165 cursos! Clique aqui para saber mais informações sobre os planos de assinatura!
Mais informações:
contato@educapoint.com.br
Telefone: (19) 3432-2199
WhatsApp (19) 99817- 4082
Fontes consultadas:
Japão: pesquisa testa uso de listras em vacas (imitando zebras) a fim de repelir insetos (https://www.milkpoint.com.br/noticias-e-mercado/giro-noticias/japao-pesquisa-uso-de-listras-em-vacas-repelir-insetos-217010/)
Japão: pesquisa testa uso de listras em vacas (imitando zebras) a fim de repelir insetos (https://www.milkpoint.com.br/noticias-e-mercado/giro-noticias/japao-pesquisa-uso-de-listras-em-vacas-repelir-insetos-217010/)
Esterqueiras para dejetos bovinos, de Jader Zacharias Freitas (http://www.pesagro.rj.gov.br/downloads/riorural/04%20Esterqueira.pdf)