Metrite, endometrite e piometra: saiba mais sobre as doenças do puerpério
Postado em: 17/06/2020 | 5 min de leitura
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As doenças do puerpério causam alteração no desempenho reprodutivo dos animais. Mesmo tratando as vacas, não se consegue reestabelecer a eficiência reprodutiva, havendo em todos os casos – retenção de placenta, endometrite ou metrite puerperal aguda – um aumento no intervalo parto-concepção.
Assim, o ideal é prevenir essas doenças, alcançando um melhor desempenho reprodutivo das fazendas.
Metrite puerperal
A metrite puerperal ocorre nas duas primeiras semanas após o parto. No entanto, cerca de 50% dos casos ocorre nos primeiros 7 dias após o parto.
Essa doença é caracterizada por uma descarga uterina fétida de coloração avermelhada ou amarronzada e de aspecto aquoso. Essa descarga tem um cheiro muito característico, facilmente reconhecido por pessoas que conhecem a doença.
À palpação retal, nota-se o útero flácido sem as ranhuras e o tônus característico da vaca com involução adequada. Além disso, o útero encontra-se bastante volumoso e ainda na cavidade abdominal, devido ao grande volume de secreção.
Metrite Puerperal Aguda
Esse quadro acima ocorre também na metrite puerperal aguda, que difere-se da anterior por ter mais sintomatologia, ou seja, há sintomas sistêmicos, como febre, baixa ingestão de alimentos e queda na produção de leite.
Nesse caso, a vaca pode apresentar sintomas de septicemia, com risco de morte.
Mas, afinal, como o útero se contamina com bactérias?
A verdade é que toda vaca apresenta contaminação bacteriana no útero!
Antes, acreditava-se que a contaminação bacteriana do útero ocorria no momento do parto e do pós-parto, mas hoje em dia se sabe que o útero, mesmo antes da gestação (e durante a mesma) já possui uma flora bacteriana.
Então, por que uma vaca desenvolve doença e outras, não? Provavelmente devido ao tipo e quantidade dessa contaminação. Além disso, o sistema imunológico do animal interfere nisso. Assim, a doença é resultado de um equilíbrio entre contaminação e sistema imunológico.
Bactérias predominante nos casos de metrite:
Trueperella pyogenes (T. pyogenes),
Escherichia coli (E. coli),
Fusobacterium necrophorum (F. necrophorum), e
Prevotella melaninogenica (P. melaninogenica)
Fatores de risco da Metrite Puerperal:
• Distocia (parto difícil)
Nesse caso, a vaca fica mais debilitada, afetando seu sistema imunológico. Além disso, a própria ajuda ao parto leva ao aumento da contaminação.
• Natimorto
Nesse caso, todo processo de maturação e expulsão da placenta foi comprometido, consequentemente havendo retenção de placenta e maior contaminação pela presenta do bezerro natimorto.
• Hipocalcemia
Sempre se pensou que a relação entre metrite puerperal aguda e hipocalcemia seria falta de contração na musculatura uterina, mas hoje se sabe-se que essa relação está relacionada a uma menor ação das células de defesa. Isso ocorre em casos de hipocalcemia clínica e subclínica.
• Parto gemelar
Relacionado à maior dificuldade de parto e, consequentemente, maior contaminação.
• Retenção de placenta
Na grande maioria dos casos, a retenção de placenta evolui para uma metrite puerperal.
Além desses fatores acima, estudos mostram que a redução na ingestão matéria seca nas últimas semanas de gestação foram associados com o risco de metrite ou com aumento na severidade da doença. Isso deixa claro da importância do período de transição. É necessário cuidar da vaca no pré-parto para que ela tenha um bom pós-parto.
Tratamento
Deve-se sempre tratar a vaca (e não, o útero). Assim, a recomendação é:
•Uso de antibióticos sistêmico;
•Uso de antitérmicos (se for necessário);
•Terapia de suporte para controlar a hipocalcemia, hipoglicemia e desidratação.
=> Gostaria de saber mais sobre doenças que afetam a reprodução de bovinos leiteiros? Confira o conteúdo completo do curso on-line Patologias do sistema reprodutivo: doenças uterinas e cistos ovarianos. O curso pode ser adquirido individualmente ou você pode optar por assinar a plataforma EducaPoint, tendo acesso a todos os cursos disponíveis (mais de 180!) por um preço único.
Endometrite Clínica/ Secreção Vaginal Purulenta
Anteriormente, pensava-se que a endometrite clínica poderia ser diagnosticada quando houvesse presença de material purulento no fundo da vagina. Porém, estudos mais recentes mostram que há vacas com secreção vaginal purulenta sem alteração no endométrio. Assim, as vacas podem ter ou uma, ou outra condição, ou ainda, ambas as condições:
Os estudos mostram que as vacas com ambas as condições têm o menor desempenho reprodutivo.
Diagnóstico
O diagnóstico pode ser feito das seguintes maneiras:
• Vaginoscópio: permite a avaliação do conteúdo mucoso do interior da vagina. Ele também permite avaliar se tem ou não lesão cervical.
• Vaginoscópio de imagem
• Técnica da Mão Enluvada: com luva de palpação limpa (uma por vaca), introduz-se a mão na vagina do animal para recolher o conteúdo presente.
• Metricheck: coletor de material.
Classificação das endometrites clínicas
Após a coleta desse material, classifica-se as endometrites clínicas em:
0 = secreção vaginal limpa
1 = secreção vaginal com raias de pus
2 = secreção vaginal com 50% de pus e 50% de secreção normal
3 = alta concentração de pus
4 = material sanguinolento
Tratamento para Endometrite Clínica
Há controvérsias sobre o tratamento de endometrite clínica. Um estudo de Kaufmann et al. (2010) avaliou:
1. Aplicação sistêmica de 1 mg/kg de ceftiofur por 3 dias iniciado ao
diagnóstico de endometrite clínica,
2. Duas aplicações de 0,5 mg de cloprostenol ao diagnóstico de
endometrite clínica e repetido 14 dias mais tarde.
Resultado: as vacas tratadas com prostaglandina tiveram:
• Maior (P < 0,05) probabilidade de prenhez após a 1ª IA que as vacas
tratadas com ceftiofur sistêmico (32,1 vs. 20,9%)
• Proporção de vacas prenhas no final do estudo (64,3 vs. 65,2%)
• Intervalo até a prenhez (94 vs. 101 dias)
Assim, não se chegou à conclusão final se todo caso de endometrite clínica deve ser tratado com antibiótico.
Endometrite Subclínica/ Endometrite Citológica
Nesse caso, a vaca não tem nenhum sintoma clínico, ou seja, não há a presença de material purulento no fundo da vagina, mas ao se fazer avaliação citológico, observa-se a presença de neutrófilos. Dependendo da fase do pós-parto, classifica-se se uma proporção de neutrófilos pode ser considerada endometrite subclínica ou não. Normalmente, em vacas acima de 40 dias pós-parto, a presença de mais de 5% de neutrófilos na contagem de celular endometriais.
A preocupação com essa doença é devido ao fato de a taxa de prenhez ser menor em vacas holandesas com endometrite subclínica. Um estudo mostrou que a média de dias abertos para as vacas com endometrite subclínica foi de 206 e para as vacas sem endometrite subclínica foi de 118.
Piometra
Nesse caso, ocorre acúmulo de pus no lúmen uterino associado à cérvix fechada e presença de corpo lúteo.
Uma das teorias que explica a ocorrência dessa condição é que a vaca volta a ciclar antes de eliminar todo o conteúdo bacteriano do útero. Ao ciclar, ocorre ovulação e formação de corpo lúteo, elevando a produção de progesterona. Isso reduz a capacidade imunológica do útero, pois a progesterona é imunossupressora. A combinação de presença de bactérias, queda na imunidade e cérvix fechada cria um ambiente propício para a infecção.
Isso leva a uma alteração no endométrio, que é responsável pela produção da prostaglandina para que ocorra a luteólise e, consequentemente, a vaca continue ciclando. Isso não ocorrendo, o animal fica com essa condição de piometra persistente.
Tratamento da Piometra
Devido aos fatores citados acima, o tratamento para piometra consiste em aplicacao de prostaglandina, sendo 2 doses com 12 a 14 dias de intervalo.
Telefone: (19) 3432-2199
WhatsApp (19) 99817- 4082
Assim, o ideal é prevenir essas doenças, alcançando um melhor desempenho reprodutivo das fazendas.
Metrite puerperal
A metrite puerperal ocorre nas duas primeiras semanas após o parto. No entanto, cerca de 50% dos casos ocorre nos primeiros 7 dias após o parto.
Essa doença é caracterizada por uma descarga uterina fétida de coloração avermelhada ou amarronzada e de aspecto aquoso. Essa descarga tem um cheiro muito característico, facilmente reconhecido por pessoas que conhecem a doença.
À palpação retal, nota-se o útero flácido sem as ranhuras e o tônus característico da vaca com involução adequada. Além disso, o útero encontra-se bastante volumoso e ainda na cavidade abdominal, devido ao grande volume de secreção.
Metrite Puerperal Aguda
Esse quadro acima ocorre também na metrite puerperal aguda, que difere-se da anterior por ter mais sintomatologia, ou seja, há sintomas sistêmicos, como febre, baixa ingestão de alimentos e queda na produção de leite.
Nesse caso, a vaca pode apresentar sintomas de septicemia, com risco de morte.
Mas, afinal, como o útero se contamina com bactérias?
A verdade é que toda vaca apresenta contaminação bacteriana no útero!
Antes, acreditava-se que a contaminação bacteriana do útero ocorria no momento do parto e do pós-parto, mas hoje em dia se sabe que o útero, mesmo antes da gestação (e durante a mesma) já possui uma flora bacteriana.
Então, por que uma vaca desenvolve doença e outras, não? Provavelmente devido ao tipo e quantidade dessa contaminação. Além disso, o sistema imunológico do animal interfere nisso. Assim, a doença é resultado de um equilíbrio entre contaminação e sistema imunológico.
Bactérias predominante nos casos de metrite:
Trueperella pyogenes (T. pyogenes),
Escherichia coli (E. coli),
Fusobacterium necrophorum (F. necrophorum), e
Prevotella melaninogenica (P. melaninogenica)
Fatores de risco da Metrite Puerperal:
• Distocia (parto difícil)
Nesse caso, a vaca fica mais debilitada, afetando seu sistema imunológico. Além disso, a própria ajuda ao parto leva ao aumento da contaminação.
• Natimorto
Nesse caso, todo processo de maturação e expulsão da placenta foi comprometido, consequentemente havendo retenção de placenta e maior contaminação pela presenta do bezerro natimorto.
• Hipocalcemia
Sempre se pensou que a relação entre metrite puerperal aguda e hipocalcemia seria falta de contração na musculatura uterina, mas hoje se sabe-se que essa relação está relacionada a uma menor ação das células de defesa. Isso ocorre em casos de hipocalcemia clínica e subclínica.
• Parto gemelar
Relacionado à maior dificuldade de parto e, consequentemente, maior contaminação.
• Retenção de placenta
Na grande maioria dos casos, a retenção de placenta evolui para uma metrite puerperal.
Além desses fatores acima, estudos mostram que a redução na ingestão matéria seca nas últimas semanas de gestação foram associados com o risco de metrite ou com aumento na severidade da doença. Isso deixa claro da importância do período de transição. É necessário cuidar da vaca no pré-parto para que ela tenha um bom pós-parto.
Tratamento
Deve-se sempre tratar a vaca (e não, o útero). Assim, a recomendação é:
•Uso de antibióticos sistêmico;
•Uso de antitérmicos (se for necessário);
•Terapia de suporte para controlar a hipocalcemia, hipoglicemia e desidratação.
=> Gostaria de saber mais sobre doenças que afetam a reprodução de bovinos leiteiros? Confira o conteúdo completo do curso on-line Patologias do sistema reprodutivo: doenças uterinas e cistos ovarianos. O curso pode ser adquirido individualmente ou você pode optar por assinar a plataforma EducaPoint, tendo acesso a todos os cursos disponíveis (mais de 180!) por um preço único.
Endometrite Clínica/ Secreção Vaginal Purulenta
Anteriormente, pensava-se que a endometrite clínica poderia ser diagnosticada quando houvesse presença de material purulento no fundo da vagina. Porém, estudos mais recentes mostram que há vacas com secreção vaginal purulenta sem alteração no endométrio. Assim, as vacas podem ter ou uma, ou outra condição, ou ainda, ambas as condições:
Os estudos mostram que as vacas com ambas as condições têm o menor desempenho reprodutivo.
Diagnóstico
O diagnóstico pode ser feito das seguintes maneiras:
• Vaginoscópio: permite a avaliação do conteúdo mucoso do interior da vagina. Ele também permite avaliar se tem ou não lesão cervical.
• Vaginoscópio de imagem
• Técnica da Mão Enluvada: com luva de palpação limpa (uma por vaca), introduz-se a mão na vagina do animal para recolher o conteúdo presente.
• Metricheck: coletor de material.
Classificação das endometrites clínicas
Após a coleta desse material, classifica-se as endometrites clínicas em:
0 = secreção vaginal limpa
1 = secreção vaginal com raias de pus
2 = secreção vaginal com 50% de pus e 50% de secreção normal
3 = alta concentração de pus
4 = material sanguinolento
Tratamento para Endometrite Clínica
Há controvérsias sobre o tratamento de endometrite clínica. Um estudo de Kaufmann et al. (2010) avaliou:
1. Aplicação sistêmica de 1 mg/kg de ceftiofur por 3 dias iniciado ao
diagnóstico de endometrite clínica,
2. Duas aplicações de 0,5 mg de cloprostenol ao diagnóstico de
endometrite clínica e repetido 14 dias mais tarde.
Resultado: as vacas tratadas com prostaglandina tiveram:
• Maior (P < 0,05) probabilidade de prenhez após a 1ª IA que as vacas
tratadas com ceftiofur sistêmico (32,1 vs. 20,9%)
• Proporção de vacas prenhas no final do estudo (64,3 vs. 65,2%)
• Intervalo até a prenhez (94 vs. 101 dias)
Assim, não se chegou à conclusão final se todo caso de endometrite clínica deve ser tratado com antibiótico.
Endometrite Subclínica/ Endometrite Citológica
Nesse caso, a vaca não tem nenhum sintoma clínico, ou seja, não há a presença de material purulento no fundo da vagina, mas ao se fazer avaliação citológico, observa-se a presença de neutrófilos. Dependendo da fase do pós-parto, classifica-se se uma proporção de neutrófilos pode ser considerada endometrite subclínica ou não. Normalmente, em vacas acima de 40 dias pós-parto, a presença de mais de 5% de neutrófilos na contagem de celular endometriais.
A preocupação com essa doença é devido ao fato de a taxa de prenhez ser menor em vacas holandesas com endometrite subclínica. Um estudo mostrou que a média de dias abertos para as vacas com endometrite subclínica foi de 206 e para as vacas sem endometrite subclínica foi de 118.
Piometra
Nesse caso, ocorre acúmulo de pus no lúmen uterino associado à cérvix fechada e presença de corpo lúteo.
Uma das teorias que explica a ocorrência dessa condição é que a vaca volta a ciclar antes de eliminar todo o conteúdo bacteriano do útero. Ao ciclar, ocorre ovulação e formação de corpo lúteo, elevando a produção de progesterona. Isso reduz a capacidade imunológica do útero, pois a progesterona é imunossupressora. A combinação de presença de bactérias, queda na imunidade e cérvix fechada cria um ambiente propício para a infecção.
Isso leva a uma alteração no endométrio, que é responsável pela produção da prostaglandina para que ocorra a luteólise e, consequentemente, a vaca continue ciclando. Isso não ocorrendo, o animal fica com essa condição de piometra persistente.
Tratamento da Piometra
Devido aos fatores citados acima, o tratamento para piometra consiste em aplicacao de prostaglandina, sendo 2 doses com 12 a 14 dias de intervalo.
Mais informações:
contato@educapoint.com.brTelefone: (19) 3432-2199
WhatsApp (19) 99817- 4082