Queda das exportações de carne suína: o que está acontecendo?
Postado em: 10/05/2022 | 4 min de leitura
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As exportações brasileiras de carne suína, incluindo produtos in natura e processados, totalizaram 237,5 mil toneladas no primeiro trimestre, volume 6,3% menor do que o do mesmo período do ano passado, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A receita com os embarques caiu 16,1%, para US$ 498,5 milhões, fator que vem preocupando a suinocultura no Brasil.
Em março, as exportações foram de 91,4 mil toneladas, 16,3% a menos do que no mesmo mês de 2021, quando o volume exportado foi de 109,2 mil toneladas. A queda nas receitas foi de 27,3%, para US$ 190,3 milhões.
Os exportadores brasileiros de carne suína atravessam um cenário desafiador diante de quedas no volume embarcado para seu principal comprador, a China, que recuperou a produção antes do esperado após seu rebanho suíno ter sido dizimado devido à peste suína africana (PSA). A China seguiu como líder entre os compradores de carne suína do Brasil em março, mas adquiriu 41,8% menos que o volume importado um ano antes. O mercado chinês foi destino de 34,1 mil toneladas, do total de 91,4 mil que o país exportou.
Já as importações de carne suína pela China, de todas as origens, caíram 64% nos primeiros três meses de 2022, quando comparadas ao mesmo período do ano passado, para 420 mil toneladas, segundo dados divulgados pela Administração Geral das Alfândegas do país, com a maior produção local.
A China produziu 15,61 milhões de toneladas de carne suína nos primeiros três meses de 2022, um crescimento de 14% em relação ao ano anterior, e a maior produção trimestral da proteína no país em mais de três anos, segundo dados do governo. Os dados do primeiro trimestre refletem também um maior abate de matrizes na China, com produtores tentando minimizar a alta dos custos de ração, entre outros fatores, o que resultou em mais carne no mercado.
O presidente do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne-SC), José Antônio Ribas Júnior, disse que a situação na China tem trazido “certo desequilíbrio”. “O mercado brasileiro está um pouco mais ofertado do que o normal”, avalia. Ele lembra que, com a crise de peste suína africana no país e a abrupta queda dos plantéis por ali, que levou à demanda reforçada do gigante asiático por carne suína, produtores brasileiros se mobilizaram para ampliar a produção.
“Foi criada uma expectativa gigantesca, de que a China demoraria mais de cinco anos para repor os estoques”, afirma o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes. “Fomos chamados a crescer, mas a China recuperou o seu rebanho rapidamente e está aí o motivo da crise no Brasil.” Porém, ele acredita que a China continuará importando carne suína do Brasil, ainda que em menor quantidade, já que o país não é autossuficiente.
O Rabobank avalia que os embarques externos de carne suína para a China tendem a reagir apenas no segundo semestre, já que a expectativa é de recuperação um pouco mais forte da economia chinesa e consequente melhora na demanda doméstica.
De acordo com os dados preliminares da balança comercial divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), na quarta semana de abril os embarques de carne suína fresca, refrigerada ou congelada somam US$ 148,7 mil. O valor representa queda de 2,2% em relação ao mesmo período de 2021. O preço pago por tonelada registrado na parcial do mês é de US$ 2.216,00, 11% menor que o valor pago para o mês de 2021 que foi de US$ 2.523,00.
Por outro lado, os dados preliminares mostram um aumento de 9,9% no volume de carne suína enviado ao exterior. A média diária de embarques em abril de 2021 foi de 4,3 mil toneladas, enquanto a média registrada para o mês em 2022 é de 4,7 mil. No total, até a terceira semana, o Brasil embarcou 67,1 mil toneladas de carne suína.
Existe uma expectativa de um volume maior do produto brasileiro sendo destinado ao Japão, Coreia do Sul e México. Esses mercados não podem substituir a China, mas poderão ajudar nas vendas do produto. No entanto, haverá concorrência dos europeus. A União Europeia exportava grandes volumes de carne suína à China e também busca novos destinos.
Para a suinocultura do Brasil, a menor demanda chinesa e a reação ainda incipiente do consumo interno trazem desafios em um momento de forte alta dos custos, por causa sobretudo dos preços do milho e do farelo de soja. Em Santa Catarina, maior produtor de carne suína no País, a despesa cresceu 15% em março ante março de 2021, conforme a Embrapa.
O Rabobank ressalta que havia uma expectativa de que no segundo semestre haveria um movimento de baixa nos preços dos grãos, mas o cenário, especialmente, em relação à guerra na Ucrânia, mantém um balanço entre oferta e demanda apertado. Os valores mais altos desestimulam quem produz para o mercado doméstico.
Segundo o Rabobank, vamos ter um segundo semestre desafiador, com eleições, o que gera um cenário de instabilidade adicional e tira um pouco da previsibilidade em torno das estratégias. Em contrapartida, Lopes, presidente da ABCS, diz esperar que, com a queda das importações por parte da China, o movimento gere preços mais competitivos no mercado interno, o que pode beneficiar a suinocultura do Brasil.
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Fonte:
Exportação de carne suína sofre com maior produção da China (https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Criacao/Suinos/noticia/2022/04/exportacao-de-carne-suina-sofre-com-maior-producao-da-china.html)
CARNE SUÍNA: CHINA REDUZ COMPRAS E AFETA EXPORTAÇÃO BRASILEIRA (https://www.comprerural.com/carne-suina-china-reduz-compras-e-afeta-exportacao-brasileira/)
Exportações de carne suína somam US$ 148,7 mil na parcial de abril (https://www.suinoculturaindustrial.com.br/imprensa/exportacoes-de-carne-suina-somam-us-1487-mil-na-parcial-de-abril/20220426-084728-j450)