Como começar a promover o bem-estar animal em sua propriedade

O bem-estar animal é, obviamente, uma prioridade para os produtores de leite, mas as avaliações e esquemas padronizados proporcionam uma tranquilidade ao consumidor também.

Planos de bem-estar bem-assistidos ajudam as fazendas a manter as vacas em boas condições e, por essa razão, devem ser atualizados para garantir que sejam relevantes.

Um recente artigo de revisão na revista Animal Welfare detalhou algumas das principais características encontradas em programas bem-sucedidos de planejamento de bem-estar animal.

O bem-estar animal concentra-se em três medidas principais:

1) Funcionamento biológico ou o indicador de bem-estar em termos de saúde e produtividade animal;

2) Estado afetivo ou emoções do animal;

3) Vida natural ou sua capacidade de expressar comportamento natural, como aliciamento ou socialização.

Pesquisadores do setor de lácteos fizeram várias recomendações para otimizar a função biológica sem comprometer o bem-estar. Exemplos dessas recomendações incluem densidade ótima de animais, melhor projeto de instalações, higiene ambiental, controle sanitário, entre outros.

Já algumas técnicas de manejo e instalações que incluem o semiconfinamento, permitindo a socialização dos animais e o acesso ao ar livre são essenciais para garantir o terceiro quesito, ou seja, para permitir que as vacas expressem seus comportamentos naturais. Os sistemas de ordenha robótica permitem que as vacas leiteiras decidam quando preferem ser ordenhadas também contribui para isso.

Já a questão dos estados afetivos e emocionais das vacas são menos estudadas, mas uma maneira de avaliar isso pode ser medir a distância mantida pelos animais com relação aos seres humanos com os quais interagem.

Por onde começar?

A recomendação para quem está querendo começar agora a implementar um sistema de controle do bem-estar animal é visar inicialmente a área que mais precisa de melhorias, em vez de tentar uma abordagem abrangente logo no início.

Estudos mostraram que o benchmarking da fazenda em relação à média regional ou ao nível recomendado demonstrou motivar com sucesso os produtores a implementar mudanças.

Também é importante que os planos na fazenda sejam revisados regularmente. Um estudo de 61 fazendas leiteiras do Reino Unido descobriu que 87% das fazendas leiteiras tinham um plano de bem-estar, mas apenas metade das fazendas havia revisado o plano no último ano.

Componentes de programas

Todos os programas de bem-estar em fazendas leiteiras têm três componentes. Incluem medidas baseadas em animais, baseadas em protocolos e em instalações (Tabela 1).

Tabela 1: Exemplos de componentes comuns de programas de bem-estar animal


Nas avaliações e auditorias, as evidências são coletadas sobre a fazenda por observação direta ou por meio de entrevistas. Vacas, novilhas e bezerras são observadas para registrar aspectos de sua condição. A observação direta também é usada para avaliar a concordância entre os protocolos e o que é visto na fazenda. Entrevistas podem ser usadas para coletar informações sobre aspectos específicos do gerenciamento de fazendas.

As medidas baseadas em animais são um dos aspectos mais valiosos das avaliações e auditorias. Lesões no jarrete, por exemplo, nos dizem sobre a qualidade das camas. Em vez de prescrever o tamanho das baias ou como a cama deve ser administrada, as pernas da vaca nos dirão o que precisamos saber.

Vacas com baias macias e adequadamente dimensionadas não terão lesões nos jarretes (Figura 1 e Figura 2).



Ilustrações de Kristen Phillips.


Da mesma forma, as caudas quebradas fornecem informações sobre o manejo de animais na fazenda (Figura 3).



Se houver muitas caudas quebradas nas vacas em lactação, poderemos então recorrer às novilhas para identificar onde e por que ocorreu o manuseio brusco. Usando essa abordagem, os problemas podem ser identificados, mesmo que o manejo de animais seja aceitável no dia da avaliação.

Há vantagens e desafios associados a medidas baseadas em animais, protocolos e instalações (Tabela 2).

Tabela 2: Vantagens e desafios dos componentes de programas de bem-estar animal


Medidas baseadas em animais têm as maiores vantagens, pois nos dizem mais sobre o que está acontecendo com o animal e estão frequentemente relacionadas à lucratividade da fazenda. Os problemas nessas áreas são frequentemente oportunidades para o negócio e para melhorar o bem-estar animal. Estimativas precisas de medidas baseadas em animais requerem uma estratégia de amostragem rigorosa e um avaliador qualificado.

Medidas baseadas em protocolos são documentação, prova de que há comprometimento com o bem-estar animal. Na melhor das hipóteses, isso é verdade, mas uma desvantagem é: protocolos escritos que não são implementados fornecem pouco valor para a fazenda, o programa ou as vacas.

Finalmente, as medidas baseadas em instalações são úteis para avaliar aspectos do bem-estar animal que não são facilmente capturados com uma medida baseada em animais. Por exemplo, se um avaliador visita uma fazenda em uma manhã fria no início da manhã no verão, pode ser difícil dizer se as vacas mostram sinais de estresse por calor. O avaliador pode verificar se aspersores, ventiladores ou sombra estão presentes, mostrando que a redução de calor é usada pela fazenda.

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