Como a Fazenda Colorado reduziu em 60% os tratamentos de mastite?
Postado em: 30/07/2018 | 4 min de leitura
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A Fazenda Colorado, em Araras, SP, é reconhecida pelo seu pioneirismo em diversas práticas de manejo e uso de tecnologias inovadoras. No último ano, implementou diversas melhorias em sua rotina, sendo uma delas a realização de cultura microbiológica do leite na própria fazenda.
Essa técnica já é amplamente utilizada em outros países, com o intuito de identificar a presença do microrganismo no quarto mamário e classificá-lo. Esse procedimento ajuda a guiar a tomada de decisões quanto aos tratamentos e terapia de secagem, mapeando também os agentes infecciosos predominantes no rebanho.
O que mudou?
Nos protocolos antigos, todas as vacas que apresentassem grumos no teste da caneca eram diagnosticadas com mastite clínica e recebiam tratamento com antibióticos, sem a identificação do agente causador, na maioria das vezes. Hoje, apenas os casos de mastite clínica causados por bactérias Gram-positivas são tratados.
Como foi possível essa identificação?
Um pequeno laboratório foi montando ao lado da sala de ordenha no ano de 2016. O laboratório é muito simples, contendo apenas uma pequena mesa, um bico de Bunsen, algumas placas de ágar MacConkey, algumas placas de ágar sangue, uma geladeira e uma estufa. Mais recentemente, a fazenda também adquiriu um microscópio para fazer a diferenciação de algumas bactérias.
Além disso, a fazenda treinou a equipe para a rotina realizada. Trata-se, portanto, de um investimento baixo e com excelente retorno em sanidade e redução de custos com tratamentos. Além disso, foi alcançada uma redução no uso de medicamentos, e isso tem um peso importante nos dias atuais, devido à pressão em se reduzir o uso irrestrito de antibióticos.
Rotina
Atualmente, quando uma vaca apresenta mastite clínica na ordenha, uma amostra de leite é imediatamente coletada e enviada ao laboratório da fazenda, onde é feita a semeadura em dois diferentes meios de cultura, que permitem identificar as bactérias em dois grupos: Gram-negativas e Gram-positivas. As placas são mantidas em uma estufa a 37ºC por 24 horas.
Se o crescimento identificado for de bactérias Gram-negativas, a fazenda não trata a mastite, realizando apenas o tratamento suporte para a vaca, se necessário. Já no caso de identificação de bactérias Gram-positivas, é realizado o tratamento específico, que pode ser simples (5 dias) ou estendido (7 dias), dependendo da gravidade do caso, do número de recidivas, da CCS deste animal, entre outros fatores.
Além dos casos clínicos, também é feita a cultura microbiológica do leite proveniente de quartos mamários que foram positivos no teste CMT, ou que apresentaram alta contagem de células somáticas na análise individual mensal. Com isso, identifica-se precocemente o tipo de agente infeccioso presente no quarto mamário, e decide-se se essa vaca será ou não tratada.
Quais os benefícios?
Com essa nova rotina, a fazenda deixou de tratar cerca de 60% dos casos de mastite clínica do rebanho, e reduziu pela metade o volume de leite de descarte. A maioria dos animais, cerca de 90%, apresentam cura espontânea, ou seja, sem nenhum tratamento. Esses animais são separados no momento da ordenha, ficando no lote de descarte. No entanto, caso se trate de uma vaca de muita produção de leite, ela é mantida em seu lote até que saia o resultado da cultura, para evitar que se contamine com alguma outra bactéria caso seja levada ao lote de animais com mastite.
Vale ressaltar que houve nenhum aumento de casos clínicos em função deste novo procedimento, bem como da CCS, que vem diminuindo a cada mês. Isso porque o foco deste trabalho é tratar vacas que realmente apresentam chance de cura. Com isso, acabam ficando menos vacas em tratamento, podendo ser esse tratamento mais estendido, aumentando a taxa de cura. Atualmente, a CCS média do rebanho é de 160 mil cél/ml.
A fazenda não mantém no rebanho vacas contaminadas por Prototheca sp, por exemplo, devido à baixa chance de cura. Além disso, é feita a opção de descarte de vacas muito crônicas e com várias recidivas de mastite.
Outro fator que tem ajudado bastante a fazenda a manter esses resultados excelentes é a saída do pós-parto, quando é feito o CMT em todas as vacas. Todas as que apresentam CMT positivo por volta do 25o dia, a fazenda busca saber qual a bactéria causadora disso.
Aliado a isso, a Fazenda Colorado fez um programa de vacinação em massa no rebanho para alguns tipos de Staphylococcus. A fazenda também contratou uma consultoria para os orientar desde a maneira de trabalhar na sala de ordenha, até cuidar da cama e trabalhar com as placas, o que tem feito com que a fazenda acerte o alvo mais rapidamente.
Confira no vídeo abaixo Sérgio Soriano, médico veterinário e gestor da Fazenda Colorado, explicando como foi feito todo esse processo:
Essa técnica já é amplamente utilizada em outros países, com o intuito de identificar a presença do microrganismo no quarto mamário e classificá-lo. Esse procedimento ajuda a guiar a tomada de decisões quanto aos tratamentos e terapia de secagem, mapeando também os agentes infecciosos predominantes no rebanho.
O que mudou?
Nos protocolos antigos, todas as vacas que apresentassem grumos no teste da caneca eram diagnosticadas com mastite clínica e recebiam tratamento com antibióticos, sem a identificação do agente causador, na maioria das vezes. Hoje, apenas os casos de mastite clínica causados por bactérias Gram-positivas são tratados.
Como foi possível essa identificação?
Um pequeno laboratório foi montando ao lado da sala de ordenha no ano de 2016. O laboratório é muito simples, contendo apenas uma pequena mesa, um bico de Bunsen, algumas placas de ágar MacConkey, algumas placas de ágar sangue, uma geladeira e uma estufa. Mais recentemente, a fazenda também adquiriu um microscópio para fazer a diferenciação de algumas bactérias.
Além disso, a fazenda treinou a equipe para a rotina realizada. Trata-se, portanto, de um investimento baixo e com excelente retorno em sanidade e redução de custos com tratamentos. Além disso, foi alcançada uma redução no uso de medicamentos, e isso tem um peso importante nos dias atuais, devido à pressão em se reduzir o uso irrestrito de antibióticos.
Rotina
Atualmente, quando uma vaca apresenta mastite clínica na ordenha, uma amostra de leite é imediatamente coletada e enviada ao laboratório da fazenda, onde é feita a semeadura em dois diferentes meios de cultura, que permitem identificar as bactérias em dois grupos: Gram-negativas e Gram-positivas. As placas são mantidas em uma estufa a 37ºC por 24 horas.
Se o crescimento identificado for de bactérias Gram-negativas, a fazenda não trata a mastite, realizando apenas o tratamento suporte para a vaca, se necessário. Já no caso de identificação de bactérias Gram-positivas, é realizado o tratamento específico, que pode ser simples (5 dias) ou estendido (7 dias), dependendo da gravidade do caso, do número de recidivas, da CCS deste animal, entre outros fatores.
Além dos casos clínicos, também é feita a cultura microbiológica do leite proveniente de quartos mamários que foram positivos no teste CMT, ou que apresentaram alta contagem de células somáticas na análise individual mensal. Com isso, identifica-se precocemente o tipo de agente infeccioso presente no quarto mamário, e decide-se se essa vaca será ou não tratada.
Quais os benefícios?
Com essa nova rotina, a fazenda deixou de tratar cerca de 60% dos casos de mastite clínica do rebanho, e reduziu pela metade o volume de leite de descarte. A maioria dos animais, cerca de 90%, apresentam cura espontânea, ou seja, sem nenhum tratamento. Esses animais são separados no momento da ordenha, ficando no lote de descarte. No entanto, caso se trate de uma vaca de muita produção de leite, ela é mantida em seu lote até que saia o resultado da cultura, para evitar que se contamine com alguma outra bactéria caso seja levada ao lote de animais com mastite.
Vale ressaltar que houve nenhum aumento de casos clínicos em função deste novo procedimento, bem como da CCS, que vem diminuindo a cada mês. Isso porque o foco deste trabalho é tratar vacas que realmente apresentam chance de cura. Com isso, acabam ficando menos vacas em tratamento, podendo ser esse tratamento mais estendido, aumentando a taxa de cura. Atualmente, a CCS média do rebanho é de 160 mil cél/ml.
A fazenda não mantém no rebanho vacas contaminadas por Prototheca sp, por exemplo, devido à baixa chance de cura. Além disso, é feita a opção de descarte de vacas muito crônicas e com várias recidivas de mastite.
Outro fator que tem ajudado bastante a fazenda a manter esses resultados excelentes é a saída do pós-parto, quando é feito o CMT em todas as vacas. Todas as que apresentam CMT positivo por volta do 25o dia, a fazenda busca saber qual a bactéria causadora disso.
Aliado a isso, a Fazenda Colorado fez um programa de vacinação em massa no rebanho para alguns tipos de Staphylococcus. A fazenda também contratou uma consultoria para os orientar desde a maneira de trabalhar na sala de ordenha, até cuidar da cama e trabalhar com as placas, o que tem feito com que a fazenda acerte o alvo mais rapidamente.
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