Dieta aniônica: veja como funciona esta estratégia!

Postado em: 15/08/2022 | 2 min de leitura Escrito por:
A hipocalcemia é uma doença metabólica muito comum na vaca recém-parida. Embora na maioria dos rebanhos leiteiros a incidência de hipocalcemia clínica possa ser baixa (abaixo de 3%), a incidência de hipocalcemia subclínica é bastante alta, chegando muitas vezes a superar 50% das vacas recém-paridas.

Dentre os fatores de risco da hipocalcemia está o excesso dos cátions Na+ e K+ na dieta dos animais. Outros fatores incluem maior produção de leite, número de lactações e raça do animal.

Com relação especificamente à dieta, um dos manejos nutricionais utilizados para prevenir a hipocalcemia é o uso de uma dieta aniônica. O uso de sais aniônicos é recomendado como prevenção à hipocalcemia, pois têm a capacidade de melhorar a reabsorção óssea de cálcio.

Assim, quando são fornecidos sais aniônicos contendo enxofre e cloro, os ânions que ficam presentes na luz do trato intestinal são absorvidos, gerando uma carga mais negativa no espaço intracelular e intravascular. Para responder a essa carga negativa, há um aumento da absorção de hidrogênio, levando a uma redução do pH intracelular, inclusive, do sangue.

Confira o esquema na figura abaixo:

Efeito das dietas aniônicas na reabsorção óssea
Figura 1: Efeito das dietas aniônicas na reabsorção óssea

A diminuição do pH do sangue aumenta a expressão de receptores ao hormônio da paratireóide (PTH) no osteoclasto (célula do tecido ósseo) aumentando a reabsorção óssea e a disponibilidade de cálcio sérico.

Em vacas, dietas aniônicas previnem a queda da concentração de cálcio no plasma. No entanto, estudos mostram que esse mesmo efeito não é observado em novilhas. Devido a isso e ao seu alto custo, não é recomendado o fornecimento de sais aniônicos a novilhas.

Pode fornecer sais aniônicos aos animais por um longo período?

Essa é uma pergunta frequente em fazendas menores, onde é mais difícil separar vacas secas de vacas de pré-parto imediato. Um estudo feito na Universidade de Minnesota, com 60 vacas, utilizou três tratamentos:

1) Controle (dieta catiônica nos últimos 42 dias pré-parto);
2) Dieta aniônica tradicional (de 42 dias a 21 dias pré-parto dieta catiônica e de 21 dias pré-parto até o parto uma dieta aniônica);
3) Dieta aniônica (nos 42 dias pré-parto).

A ideia era descobrir se fornecer uma dieta aniônica por muito tempo tinha um efeito negativo para as vacas. A primeira coisa observada é que a ingestão de matéria seca no pós-parto tendeu a ser maior entre os animais da dieta 2.

Já a produção de leite foi maior nas primeiras oito semanas pós-parto nos animais que receberam dietas aniônicas (no tratamento 2 e 3). Assim, fornecer uma dieta aniônica por 42 dias é melhor do que não fornecer uma dieta aniônica. No entanto, o fornecimento por 21 dias seria a melhor opção, devido ao custo extra acarretado no tratamento 3, de acordo com esse estudo.

Mais informações:
contato@educapoint.com.br
Telefone: (19) 3432-2199
WhatsApp (19) 99817- 4082 

Fonte:

Curso: Sanidade e monitoramento de vacas em transição, do instrutor 
Ricardo Chebel, professor da Universidade da Flórida.

Copyright © 2024 MilkPoint Ventures - Todos os direitos reservados
CNPJ 08.885.666/0001-86
Rua Tiradentes, 848 - 12º Andar - Centro - Piracicaba - SP