Incidência e impactos econômicos das doenças metabólicas

Postado em: 14/08/2018 | 3 min de leitura Escrito por:
Durante o periparto existem alguns distúrbios metabólicos que podem acometer as vacas, prejudicando tanto os índices produtivos quanto a fertilidade e reprodução dos rebanhos.

Entre os principais distúrbios metabólicos que ocorrem neste período estão a cetose clínica e subclínica, hipocalcemia e hipomagnesemia. As doenças reprodutivas mais comuns são as metrites, endometrites e os cistos ovarianos.

A alta incidência dessas doenças, bem como seus custos as tornam uma questão de grande relevância dentro de um sistema de produção de leite. 

Confira abaixo a incidência e o custo das principais doenças metabólicas que acometem rebanhos leiteiros:

1) Hipocalcemia clínica (febre do leite)

Tem uma incidência de 3,5% a 7%, de acordo com estudos conduzidos na Australásia, Estados Unidos e Europa.

Em termos de custos custos para a cadeia produtiva, estudos apontam para um valor de US$ 300,00 por caso

2) Hipocalcemia subclínica

A hipocalcemia subclínica tem uma incidência bem mais elevada, sendo de 25% em vacas de primeira lactação a 50% em animais que têm duas ou mais lactações.

Os custos para a cadeia produtiva são de US$ 125,00 por caso. Apesar do custo da hipocalcemia clínica ser bem maior, sua incidência é bem menor do que a da hipocalcemia subclínica. Dessa forma, o impacto da doença subclínica é muito mais negativo do que o da doença clínica, até porque, muitas vezes, como não é possível ver os malefícios causados pela doença subclínica, esses acabam sendo ignorados.

3) Hipomagnesemia

É difícil estimar o impacto da hipomagnesemia independente da hipocalcemia. O impacto geralmente é baixo, pois a incidência é, geralmente, baixa. A importância está relacionada ao seu papel predisponente para o desenvolvimento da hipocalcemia, além da ocorrência de morte súbita em animais que não são tratados rapidamente.

A hipomagnesemia é mais frequente em rebanhos criados a pasto, expostos a pastagem nova, rica em potássio. Não é uma doença prevalente em rebanhos que fazem alimentação com concentrado ou que tomam ações para prevenir o problema.

4) Cetose

A cetose também pode ser clínica ou subclínica, sendo essa a forma mais importante de ocorrência. A cetose subclínica é caracterizada por um nível de beta-hidroxibutirato (BHBA) acima de 1,2 mmol/L. Sua incidência média é de 43% nas duas primeiras semanas pós-parto, com um mínimo de 15%:



Esse estudo acima envolve rebanhos muito bem manejados. Estudos no Brasil também mostram incidência acima de 50%, ou seja, cerca de metade das vacas vão desenvolver um quadro de cetose subclínica.

O custo da cetose varia de US$ 117,00 a US$ 286,00 por caso.

5) Metrite

A incidência é de 10% a 36%. Já o custo foi estimado em US$ 358 por caso, muito relacionado a perdas reprodutivas, descarte precoce e tratamento.

6) Endometrite clínica e subclínica

A incidência de endometrite clínica é de 10 a 20% e da subclínica é de 30% a 60%. Lembrando que a endometrite é uma das principais causas de infertilidade em rebanhos leiteiros, reduzindo prenhez por inseminação, aumentando a perda de prenhez, aumentando o intervalo entre partos e a chance de descarte.

Confira abaixo os custos dessa doença:



7) Cistos ovarianos

Cistos ovarianos são muito comuns em vacas leiteiras e em lactação e muito dependentes do manejo. A incidência é de 10 a 12%, mas pode variar de 3% a 32%. O custo é de US$ 137,00 por caso, maioria relacionado com perda de desempenho reprodutivo.

No vídeo abaixo o pesquisador Fábio Lima da Universidade de Illinois, explica como a incidência destas doenças e distúrbios impacta os rebanhos leiteiros:


Como visto no vídeo, o impacto destes problemas na atividade leiteira é bastante significativo e, indústria e pesquisadores do mundo todo, tem concentrado seus esforços em definir as melhores medidas para mitigar estas ocorrências.

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