Duração do período seco interfere na produção de leite da lactação seguinte
Postado em: 01/11/2017 | 4 min de leitura
Escrito por:
por Danielle de C. M. da Fonseca* e Marcos Veiga
O período seco (PS) de vacas leiteiras é uma das etapas do ciclo completo de lactação, uma vez que é essencial para produção de leite. Durante o PS, em razão da ausência de estímulos da rotina de ordenha, ocorre a involução da glândula mamária e interrupção da produção e alterações das características físico-químicas e celulares do leite. A função biológica do PS é promover o “descanso” da glândula mamária, que é necessário para intensificar a regeneração e formação de alvéolos, preparando-o para a lactação subsequente. Além da interrupção da ordenha, é indicado que as vacas de alta produção antes da secagem, consumam dietas menos energéticas para auxiliar na redução da produção de leite durante a secagem.
Alguns estudos foram desenvolvidos com a finalidade de conhecer melhor o período seco e entender os mecanismos fisiológicos envolvidos nas características produtivas e reprodutivas das vacas leiteiras. Uma importante questão do ponto de vista de manejo, que ainda é pouco estudada, é como a duração do PS afeta a produção de leite das vacas ao longo de múltiplas lactações. Recentemente, foi publicado um estudo realizado na Holanda, que avaliou dados de 16 rebanhos comerciais, que migraram seu manejo do período seco convencional para períodos secos curtos ou mesmo ausentes.
Para analisar o efeito da duração do PS sobre a produção de leite em múltiplas lactações, foram utilizados dados de 1.420 lactações com duração conhecida do PS. As vacas foram classificadas em 4 categorias de PS:
a) ausência de PS: de 0 a 2 semanas;
b) PS curto: de 3 a 5 semanas;
c) PS convencional: de 6 a 8 semanas;
d) PS longo: de 9 a 12 semanas.
Para analisar o efeito das características individuais das vacas sobre a estimativa futura da produção de leite foi utilizado um modelo estatístico, que incluiu as categorias do PS, ordem de partos, produção de leite da primeira lactação e na lactação subsequente. Após a avaliação dos dados, foi observado que a produção total de leite da lactação subsequente foi maior em vacas com PS convencional (27,6 kg/vaca/dia) e houve redução da produção de leite das vacas com PS longo, curto ou ausente (-0,6 kg, -1,0 kg e -2,0 kg) respectivamente.
Quando as vacas tiveram um PS ausente, foi observada produção adicional de leite de aproximadamente 650 a 850kg, em comparação com vacas com PS convencional ou longo. No entanto, dentre as vacas com período seco ausente, a produção de leite adicional foi menor para as vacas cujo período seco anterior foi ausente ou curto, quando comparado com vacas que anteriormente tiveram um período seco convencional ou longo (Figura 1A).
Quanto a análise produção de leite aos 305 dias foi observado que vacas com PS ausente apresentaram menor produção de leite, quando comparadas as vacas com PS curto, convencional ou longo. A duração do PS da lactação anterior afetou somente a produção de leite das vacas com PS atual ausente (Figura 1B). Na análise de produção total de leite, foi observado que vacas com PS atual convencional apresentaram maior produção, não sendo encontrado efeitos do PS anterior ou da ordem de parto sobre a produção de leite ou sobre a produção de gordura, proteína e lactose (Figura 1C).
Figura 1. Efeito do período seco anterior sobre o a produção de leite adicional nos 60 dias antes do parto (A; n = 2,010 lactações), produção de leite aos 305 dias (B; n= 2,010 lactações) e produção de leite total (C; n = 1,420 lactações) para vacas com período seco ausente, curto, convencional ou longo. Em A, diferentes letras dentro da mesma categoria de período seco atual indicam diferenças entre os meios. Em B e C, letras diferentes indicam diferenças entre os meios. PLC = leite corrigido de gordura e proteína (adaptado de Kok et al. 2017).
As características individuais das vacas (ordem de parto, CCS, produção de leite, persistência de lactação) não afetaram a resposta de produção em relação à duração do período seco. Os resultados deste estudo sugerem que encurtar ou mesmo omitir o PS pode melhorar o metabolismo energético das vacas leiteiras no início da lactação, mas estas vacas com período seco curto ou ausente produziram menos leite que vacas com período seco convencional.
KOK, et al. Effect of dry period length on milk yield over multiple lactations. Journal of Dairy Science, v. 100, n. 1,p. 739 -749, 2017.
*Danielle de Cássia Martins da Fonseca é mestranda do Departamento de Nutrição e Produção Animal da FMVZ/USP e pesquisadora do Laboratório Qualileite-FMVZ/USP.
Mais informações sobre secagem e tratamento de vacas secas, são encontradas no curso online "Como controlar a mastite em 3 passos", ministrado por Marcos Veiga Santos no EducaPoint.
Para ter acesso ao conteúdo completo deste curso, assine o EducaPoint! Além deste curso, os assinantes tem acesso a TODOS os outros (já são cerca de 150 temas altamente relevantes no dia a dia).
Conheça os planos de assinatura aqui!
Mais informações
contato@educapoint.com.br
Telefone: (19) 3432-2199
Whatsapp (19) 99817- 4082
O período seco (PS) de vacas leiteiras é uma das etapas do ciclo completo de lactação, uma vez que é essencial para produção de leite. Durante o PS, em razão da ausência de estímulos da rotina de ordenha, ocorre a involução da glândula mamária e interrupção da produção e alterações das características físico-químicas e celulares do leite. A função biológica do PS é promover o “descanso” da glândula mamária, que é necessário para intensificar a regeneração e formação de alvéolos, preparando-o para a lactação subsequente. Além da interrupção da ordenha, é indicado que as vacas de alta produção antes da secagem, consumam dietas menos energéticas para auxiliar na redução da produção de leite durante a secagem.
Alguns estudos foram desenvolvidos com a finalidade de conhecer melhor o período seco e entender os mecanismos fisiológicos envolvidos nas características produtivas e reprodutivas das vacas leiteiras. Uma importante questão do ponto de vista de manejo, que ainda é pouco estudada, é como a duração do PS afeta a produção de leite das vacas ao longo de múltiplas lactações. Recentemente, foi publicado um estudo realizado na Holanda, que avaliou dados de 16 rebanhos comerciais, que migraram seu manejo do período seco convencional para períodos secos curtos ou mesmo ausentes.
Para analisar o efeito da duração do PS sobre a produção de leite em múltiplas lactações, foram utilizados dados de 1.420 lactações com duração conhecida do PS. As vacas foram classificadas em 4 categorias de PS:
a) ausência de PS: de 0 a 2 semanas;
b) PS curto: de 3 a 5 semanas;
c) PS convencional: de 6 a 8 semanas;
d) PS longo: de 9 a 12 semanas.
Para analisar o efeito das características individuais das vacas sobre a estimativa futura da produção de leite foi utilizado um modelo estatístico, que incluiu as categorias do PS, ordem de partos, produção de leite da primeira lactação e na lactação subsequente. Após a avaliação dos dados, foi observado que a produção total de leite da lactação subsequente foi maior em vacas com PS convencional (27,6 kg/vaca/dia) e houve redução da produção de leite das vacas com PS longo, curto ou ausente (-0,6 kg, -1,0 kg e -2,0 kg) respectivamente.
Quando as vacas tiveram um PS ausente, foi observada produção adicional de leite de aproximadamente 650 a 850kg, em comparação com vacas com PS convencional ou longo. No entanto, dentre as vacas com período seco ausente, a produção de leite adicional foi menor para as vacas cujo período seco anterior foi ausente ou curto, quando comparado com vacas que anteriormente tiveram um período seco convencional ou longo (Figura 1A).
Quanto a análise produção de leite aos 305 dias foi observado que vacas com PS ausente apresentaram menor produção de leite, quando comparadas as vacas com PS curto, convencional ou longo. A duração do PS da lactação anterior afetou somente a produção de leite das vacas com PS atual ausente (Figura 1B). Na análise de produção total de leite, foi observado que vacas com PS atual convencional apresentaram maior produção, não sendo encontrado efeitos do PS anterior ou da ordem de parto sobre a produção de leite ou sobre a produção de gordura, proteína e lactose (Figura 1C).
Figura 1. Efeito do período seco anterior sobre o a produção de leite adicional nos 60 dias antes do parto (A; n = 2,010 lactações), produção de leite aos 305 dias (B; n= 2,010 lactações) e produção de leite total (C; n = 1,420 lactações) para vacas com período seco ausente, curto, convencional ou longo. Em A, diferentes letras dentro da mesma categoria de período seco atual indicam diferenças entre os meios. Em B e C, letras diferentes indicam diferenças entre os meios. PLC = leite corrigido de gordura e proteína (adaptado de Kok et al. 2017).
As características individuais das vacas (ordem de parto, CCS, produção de leite, persistência de lactação) não afetaram a resposta de produção em relação à duração do período seco. Os resultados deste estudo sugerem que encurtar ou mesmo omitir o PS pode melhorar o metabolismo energético das vacas leiteiras no início da lactação, mas estas vacas com período seco curto ou ausente produziram menos leite que vacas com período seco convencional.
KOK, et al. Effect of dry period length on milk yield over multiple lactations. Journal of Dairy Science, v. 100, n. 1,p. 739 -749, 2017.
*Danielle de Cássia Martins da Fonseca é mestranda do Departamento de Nutrição e Produção Animal da FMVZ/USP e pesquisadora do Laboratório Qualileite-FMVZ/USP.
Mais informações sobre secagem e tratamento de vacas secas, são encontradas no curso online "Como controlar a mastite em 3 passos", ministrado por Marcos Veiga Santos no EducaPoint.
Para ter acesso ao conteúdo completo deste curso, assine o EducaPoint! Além deste curso, os assinantes tem acesso a TODOS os outros (já são cerca de 150 temas altamente relevantes no dia a dia).
Conheça os planos de assinatura aqui!
Mais informações
contato@educapoint.com.br
Telefone: (19) 3432-2199
Whatsapp (19) 99817- 4082