Como o extrator automático de teteiras afeta a saúde dos tetos e tempo de ordenha?
Postado em: 11/11/2020 | 4 min de leitura
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* Artigo publicado anteriormente no site MilkPoint.
Por Bruna Gomes Alves e Marcos Veiga dos Santos.
Por Bruna Gomes Alves e Marcos Veiga dos Santos.
A avaliação periódica da pulsação, nível de vácuo, limpeza e adequação das borrachas e mangueiras é fundamental para a eficiência da ordenha e prevenção de lesões dos tetos e da mastite. Além disso, outras duas avaliações são igualmente importantes: o tempo de ordenha efetiva (em que o conjunto de ordenha fica em contato com os tetos, do inglês MUOT – milking unit-on time) e o fluxo de leite. Quando a teteira está funcionando, mas sem fluxo de leite, a ordenha fica comprometida e há o aumento do risco de mastite e de lesões no teto.
Com o aumento do número de vacas em lactação por rebanho ao longo dos anos houve a necessidade de aumentar a automação das etapas da ordenha. Com isso, a busca de estratégias para minimizar os custos operacionais do rebanho e otimizar o uso da mão de obra e o tempo de ordenha são necessárias para tornar a atividade mais eficiente economicamente. Na maioria dos modernos sistemas de ordenha, os extratores automáticos de teteiras (EAT) são componentes essenciais, que utilizam o fluxo de leite para determinar o ponto final da ordenha para cada vaca e acionam a retirada do conjunto.
Alguns estudos já avaliaram o aumento do limite de fluxo para a extração automática e mostraram que esse aumento é benéfico para a saúde do animal e não interfere na produção total de leite e na sanidade do úbere das vacas. Essa estratégia permite que o tempo total de ordenha seja reduzido, pois os extratores trabalham com um maior limite de ativação do momento de interrupção da ordenha. A maioria destes estudos estabeleceu que o aumento do fluxo para extração de 0,2 para 0,8 kg/min reduziu o tempo de ordenha e não afetou a produção de leite. Os sistemas atuais, no entanto, permitem o aumento desse limiar para valores acima de 1 kg/min. Diante disto, uma pesquisa foi realizada nos Estados Unidos com o objetivo de avaliar o efeito desse aumento de fluxo pelos EAT para 1,2 kg/min, no desempenho geral da ordenha e na produção e composição do leite.
O estudo avaliou um total de 689 vacas em regime de 3 ordenhas diárias, divididas aleatoriamente em dois grupos de acordo com o limite de ativação do EAT: a) 1,2 kg/min; b) 0,8 kg/min. Durante o período de avaliação de 57 dias, foram coletados dados sobre número de lactações, dias em lactação (DEL), incidência de mastite clínica e produção fechada para 305 dias. Além disso, informações como produção, tempo de ordenha efetiva, média de fluxo de leite e tempo em baixo fluxo também foram armazenadas. Para avaliar a saúde da glândula mamária, foram realizadas coletas compostas de leite durante o período de avaliação para Contagem de Células Somáticas (CCS) e composição, além da avaliação visual da condição dos tetos mamários, com especial atenção para a presença de calosidades e hiperqueratose.
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Em termos gerais, os resultados desta pesquisa indicaram que o aumento do limite de fluxo do EAT de 0,8 para 1,2 kg/min diminuiu o tempo de ordenha e melhorou a condição do tecido dos tetos sem afetar a produção e composição do leite. Os autores observaram que a média de produção de leite foi similar para ambos os grupos, e que as variáveis de tempo efetivo de ordenha e tempo em baixo fluxo foram influenciadas pelo número de lactações. Além disso foi possível observar que a média de fluxo de leite sofreu influência dos DEL (Figura 1).
Figura 1. Médias de produção de leite, tempo efetivo de ordenha e fluxo de leite de acordo com a configuração do ETA.
Fonte: Adaptado de Wieland et al., 2020
De acordo com a pesquisa, a mudança no limite de ativação dos EATs não causou diferenças na produção de leite corrigido para energia, ou na produção de proteína, gordura ou lactose.
Quanto à saúde da glândula mamária, não houve diferença da CCS ou da incidência de mastite clínica entre os grupos avaliados. No entanto, foi possível observar efeito de curto prazo nas condições dos tetos, ao passo que com a configuração ETA0,8 houve maior chance de alteração do tecido dos tetos em comparação com ETA1,2, provavelmente pelo maior tempo necessário na ordenha. As alterações de curto prazo estão relacionadas com aumento de hiperqueratose e comprometimento da barreira física dos tetos, podendo aumentar o risco de novas infecções intramamárias. Portanto, os resultados desta pesquisa reforçam que o aumento do limite de fluxo de leite melhora a eficiência da ordenha e diminui possíveis lesões nos tecidos dos tetos, sem afetar a produção e composição do leite para vacas de alta produção.
Fonte: Wieland et al., Journal of Dairy Science, 2020.
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