Produtor, como anda a higiene na fazenda?

Postado em: 26/07/2023 | 6 min de leitura Escrito por:
Leite é fonte de nutrientes e exatamente por isso é um excelente meio de cultura para microrganismos, ou seja leite é nutritivo não apenas para nós humanos, mas para bactérias também.

Muitos países ao redor do mundo têm diretrizes estritas de higiene na produção de laticínios, mas muitos não o fazem. No entanto, cada produtor de leite é responsável pela produção segura de alimentos e, portanto, deve garantir que suas instalações e animais cumpram os regulamentos de higiene.

Os regulamentos são elaborados por uma razão: para proteger os consumidores de bactérias indesejadas que podem ou se instalar no interior da glândula mamária ou no maquinário. Em ambas as situações, o leite pode ser contaminado e isso poderá trazer consequências danosas. É como se fosse uma bomba relógio para surtos de intoxicação alimentar quando o produtor não pratica nenhuma forma de higiene básica.

As boas práticas de higiene estão aí, e não se aplicam apenas ao próprio equipamento que ordenha as vacas ou armazena o leite. Os fazendeiros também devem manter seus estábulos e acomodações para vacas limpos, secos e bem ventilados. Eles também devem garantir que as próprias vacas estejam limpas, bem alimentadas e com boa saúde.

Contaminação do leite

Em primeiro lugar, é importante entender como o leite pode ser contaminado no ciclo de produção. As principais fontes de contaminação são a contaminação fecal de animais sujos, especialmente de tetas, úberes e caudas. Exemplo disso, são fazendas que por questões de instalações e manejo deixam as vacas deitarem no barro que já é contaminado por si só, mas misturado ao esterco aumentam significativamente o risco de contágio da glândula, além do que a limpeza no momento da ordenha também é dificultado.

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Práticas de ordenha inadequadas e mãos ou equipamentos do operador sujos também são fontes de contaminação bacteriana. A não detecção de leite anormal – como mastite, sangue e coágulos – também é fator de aumento de risco para contágio já que aumenta a chance de vacas serem contaminadas pelo equipamento que é utilizada em vacas sadias e doentes.

A limpeza inadequada do sistema e do tanque também podem ser fonte de contaminação para o leite. Além do que equipamentos danificados, como filtros ou mangueiras de borracha nos conjuntos, também são focos de contaminação. Uma das causas mais comuns de leite contaminado é a falha na separação do leite de vacas que foram tratadas com medicamentos veterinários. Ressalta-se ainda que o leite de animais que tenham tido reação positiva a teste de tuberculose ou brucelose não deve ser utilizado para consumo humano.

Diretrizes de limpeza

Antes de colocar o equipamento de ordenha na vaca, os primeiros jatos devem ser numa caneca de fundo preto ou mesmo no chão (desde que tenha superfície que possibilite a visualização de grumos) e examinado quanto a anormalidades visíveis (ex.: grumos, sangue, rajas de sangue, coágulos).


Fonte: MilkPoint

Este teste também é realizado em unidades de ordenha robotizadas por medições de condutividade. Se algo incomum for detectado, o leite desta vaca deve ser rejeitado e não deve entrar no tanque de coleta a granel. Uma dica útil é usar luvas de borracha ou vinil para ordenhar e limpar os úberes e tetos das vacas com papel toalha antes de colocar a teteira, porém apenas se os funcionários estiverem treinados a lavarem constantemente as mãos.

Infelizmente luvas são frequentemente vistas por funcionários como uma proteção a eles e não aos animais, assim eles as vestem e descansam que a função está cumprida, enquanto deveriam ser instruídos que as luvas podem ser fonte de contaminação.

Manter o equipamento de ordenha sempre limpo é essencial para evitar a contaminação do leite. É vital manter as teteiras muito limpas, principalmente para reduzir o risco de infecção entre as vacas. Depois que a vaca é ordenhada, suas tetas podem ser mergulhadas com um pós dipping para reduzir as bactérias na pele e a proteger até a próxima ordenha já que a abertura do teto leva algum tempo para se fechar, especialmente em vacas pós-parto que além de tudo estão com o sistema imune comprometido.

O leite deve ser enviado para o tanque a granel e resfriado o mais rápido possível para minimizar a multiplicação bacteriana. O ideal é que o tanque atinja 4°C em até uma hora, especialmente por conta de Streptococcus agalacteae e coliformes de maneira geral.

Existem muitos tipos de sistemas de resfriamento disponíveis no mercado, mas o uso de resfriadores de placa é muito comum e pode reduzir os custos de resfriamento. Os próprios tanques a granel devem ser lavados e desinfetados após cada coleta de leite e monitorados regularmente quanto a quaisquer problemas. A coleta de amostras para CBT e cultura do tanque podem ajudar em alguns casos.

Limpeza da vaca

Assim como a vaca precisa ter úbere e tetos limpos, outras partes do animal também devem ser mantidas limpas. Os rabos das vacas podem contribuir para a contaminação do leite ou do equipamento de ordenha, por isso é uma boa prática aparar os rabos na hora do alojamento e na saída.

Uma cauda limpa e aparada também atrai menos moscas, melhorando a higiene geral já que evita o bater de rabo que joga barro/esterco para o úbere. Vacas de pós-parto que estão liberando a placenta ou com placenta retida também podem ser um atrativo para as moscas. Não puxe a placenta, apenas corte logo na saída da vulva e se possível lave a região.

Os pelos também podem ser aparados ou flambados no úbere para ajudar a evitar que sujeira ou fezes grudem nessas áreas. Qualquer sujeira deve ser removida regularmente.

Lavando o sistema

Todo o equipamento usado na sala de ordenha deve ser feito de material apropriado para alimentos e mantido limpo. Além disso é muito importante que haja um protocolo a ser seguido de lavagem diária com detergentes ácido, alcalino e sanitizante. Cada um tem seu papel sob matéria orgânica, inorgânica e microrganismos oportunistas.

O sistema de ordenha deve ser limpo, desinfetado e enxaguado com água limpa imediatamente após a ordenha. Ao final, as superfícies externas do equipamento devem ser esfregadas e enxaguadas com água limpa. O interior do sistema deve então ser enxaguado, geralmente por uma limpeza de circulação quente.

Durante a lavagem a quente, o sistema deve ser pré-lavado a 40°C para remover os resíduos de leite. Em seguida, circule uma lavagem quente usando um esterilizador de detergente alcalino por no mínimo cinco minutos e no máximo 10 minutos usando 10 a 15 litros de água a 85°C por unidade de ordenha.

Finalmente, enxágue com água limpa e fria, idealmente contendo 25 ml de hipoclorito para cada 40 litros de água. Alguns pecuaristas optam por fazer uma lavagem a frio para enxaguar o interior do equipamento, que fica no sistema de uma ordenha e é lavado antes da próxima ordenha.

Se necessário recorra ao técnico da sua região para que desmonte o equipamento e faça a revisão e limpeza do equipamento. Você mesmo pode abrir algumas estruturas e iluminar com uma lanterna para ver o estado interno do encanamento. Não se assuste com o que verá.

Higiene geral

Os produtores de leite também devem tomar medidas para controlar insetos, pássaros e roedores em seus estábulos para ajudar a prevenir a contaminação. Isso pode ser um problema sério em algumas fazendas onde a ração é deixada ao ar livre ou não coberta e propriedades onde se guarda a ração muito próxima da ordenha.

Quando se trata de saúde animal, as vacas devem ser isoladas se estiverem infectadas, ou suspeitas de estarem infectadas, com qualquer doença que possa ser transmitida aos humanos através do leite.

Registros específicos e detalhados devem ser mantidos sobre suprimentos de ração, produtos veterinários e doenças que possam afetar a segurança do leite e quaisquer resultados de amostras e verificações de animais ou seus produtos.

Portanto, a higiene na produção de leite é de extrema importância por englobar diversas etapas, desde o manejo adequado das vacas, passando pela ordenha e chegando ao processamento do leite. Esses processos não visam apenas garantir a segurança alimentar do produto final, mas também proteger a saúde e o bem-estar dos animais que hoje em dia são pontos cruciais em qualquer produção.

As informações são do
Dairy Global, traduzidas e adaptadas pela equipe EducaPoint!

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