Sucedâneo lácteo: como escolher, preparar e fornecer às bezerras?

Postado em: 04/07/2018 | 4 min de leitura Escrito por:
Após o período de colostragem, as bezerras entram em aleitamento, e o bom manejo nutricional nesse momento tem relação direta com a produção de leite futura desses animais. As alternativas de alimentação para as bezerras nessa fase são: utilização do leite do próprio rebanho ou, os sucedâneos lácteos.

Considerando que o leite é o produto que será comercializado e gerará receita, algumas fazendas preferem não destiná-lo à alimentação das bezerras. O uso de leite de descarte também não é uma boa opção e nem é recomendável como dieta liquida, devido à variação que se tem na composição em termos de proteína e gordura e, principalmente, pela alta carga bacteriana. 

Já o sucedâneo lácteo é uma alternativa que pode reduzir os custos da alimentação em alguns sistemas e garantir o adequado desempenho das bezerras leiteiras.

Os sucedâneos são formulações com ingredientes que tentam imitar a composição do leite em termos de proteína, energia e até em seu perfil de aminoácidos de forma a garantir o bom desempenho dos animais.

Existem diversos sucedâneos lácteos no mercado, com qualidades variadas, e é importante buscar sucedâneos com alta inclusão de proteína e carboidrato de origem animal.

Diluição

A diluição do sucedâneo é um passo muito importante para a boa eficiência da dieta líquida. A diluição normalmente recomendada é de 12,5% de sólidos por litro.

Para alcançar isso, deve-se pesar 250 gramas do produto em pó e diluir para completar dois litros de água. Vale destacar que não se deve acrescentar dois litros, mas sim, completar para dois litros, para não haver alteração na porcentagem de sólidos.



É importante que a água esteja na temperatura adequada para a diluição, em torno de 37 a 39oC. Acrescenta-se, então, a água para diluir o pó em uma jarra graduada. Primeiro acrescenta-se uma parte da água. Em seguida, usa-se o batedor para diluir e, por fim, completa-se o volume para dois litros.



Mamadeira ou balde?

O fornecimento da dieta líquida pode ser tanto através de baldes como de mamadeiras quando os animais estão individualizados. Em alguns tipos de instalações há suportes para as mamadeiras, o que facilita o fornecimento.

Uma desvantagem do uso de mamadeiras é a velocidade de consumo, que é bem menor do que nos baldes, sendo em torno de 2,5 minutos para o bezerro mamar dois litros, enquanto que no balde, o animal leva 30-40 segundos para sugar os mesmos dois litros.

Uma vantagem da mamadeira é que não é necessário treinar o animal a mamar de um bico, porque isso imita a maneira natural que ele mamaria o leite direto da vaca. Isso tem uma outra vantagem que é atender uma necessidade comportamental dos animais, que é o ato de mamar.

Mas como são oferecidas apenas duas refeições por dia em um volume restrito, diferente do que o animal teria se estivesse ao pé da vaca, nem toda essa necessidade comportamental é atendida, fazendo com que, mesmo em bezerros em aleitamento mais intensivo, como os que mamam de 6 a 8 litros, permaneça o comportamento de mamada não nutritiva, que é o ato de mamar no entorno da casinha, na roupa do tratador ou em outro animal, se tiver acesso.

Com relação ao balde, além da vantagem da velocidade de consumo, a maior vantagem é a facilidade de higienização. Quando se compara bezerreiros que usam mamadeiras e baldes, em uma situação em que o tratador não é muito preocupado com a limpeza, há alta ocorrência de diarreia nos bezerreiros que usam mamadeira, devido à maior dificuldade de higienização da mamadeira em comparação com o balde.

No entanto, a desvantagem do balde é que é necessário treinar o bezerro e alguns animais demoram bastante para aprender. Dessa forma, é necessário um tratador paciente para desempenhar essa atividade. O treino do animal é feito com os dedos do tratador, com o bezerro inicialmente ingerindo o líquido nos dedos e, aos poucos, vai-se removendo os dedos de forma que o bezerro entenda como ele precisa fazer para sugar esse leite.

Alguns bezerros podem apresentar empanzinamento quando mamam diretamente no balde e esse está na altura do chão. Nessas situações, é interessante erguer a altura do balde, o que pode ser feito com um suporte, mas é necessário certificar-se que o bezerro está conseguindo fechar a goteira esofágica, também pensando na posição da cabeça.

A goteira esofágica se fecha por um reflexo nervoso que depende principalmente do sabor da dieta líquida, mas bezerros que mamam com o balde no nível do solo podem ter uma espécie de um vazamento que faz com que parte da dieta líquida caia no rúmen, o que atrapalha os processos digestivos, podendo causar diarreias e empanzinamento.

Confira, na videoaula abaixo, a professora Dr. Carla Maris Machado Bittar, da Esalq/USP, ensinando como escolher e fornecer esse suplemento às bezerras durante o aleitamento:



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