É possível fazer limpeza no free stall sem gastar muita água?

Postado em: 28/01/2019 | 4 min de leitura Escrito por:
O free stall é um tipo de estrutura muito utilizado para confinamento de rebanhos leiteiros, em vários países do mundo. O sistema consiste em áreas com camas individualizadas, corredores de acesso e pistas de trato.

Mas o sucesso no uso do free stall é totalmente dependente de: 1) fazer um projeto bem planejado, adequado às condições do terreno e às características do rebanho; e 2) realizar um correto manejo diário, tanto de limpeza das camas, corredores, bebedouros e cochos, como também do manejo dos dejetos, ciclos de resfriamento, oferta de alimentos, entre outros.

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Na questão da limpeza, quais são as formas possíveis de fazer esse manejo, sempre visando o melhor custo-benefício? Deve-se sempre cuidar para que o esterco seja removido várias vezes ao dia, de modo que as vacas mantenham-se limpas.

O primeiro ponto a se considerar quando se fala de limpeza do free stall é que a limpeza é uma ótima oportunidade para se trabalhar a questão dos dejetos, de forma que isso possa ser perfeitamente integrado ao manejo de dejetos que será feito posteriormente, já que esses dejetos serão aproveitados pela parte agrícola do sistema.

Existem vários sistemas que podem ser instalados dentro de um free stall:

Sistemas de rapagem

São sistemas bastante simples, normalmente realizados com lâmina de trator ou com outros equipamentos adaptados. Isso dá ao sistema uma versatilidade bastante interessante.

O essencial nesses modelos é ter uma boa prancha de raspagem, de modo que não sejam causados danos dentro das instalações do free stall.

Sistemas de lavagem

Até pouco tempo, havia muitas ressalvas com relação ao sistema de lavagem, já que a água é um bem escasso e, por muito tempo, pensou-se que o consumo excessivo de água poderia causar algum transtorno.

No entanto, a proposta atual é utilizar a água de reciclagem. Por isso mesmo, é muito importante que haja a integração entre o manejo de dejetos e o sistema de limpeza. Dessa forma, a mesma água pode ser reutilizada dentro do sistema de limpeza. Nesse caso, a água utilizada para a limpeza fica separada e pode retornar ao sistema para novo processo de limpeza.

Dessa forma, os resultados são excelentes, sem a necessidade de inclusão de mais água no sistema, já que toda a água é reciclada.

Sistema com flushing

Esse sistema utiliza raspagem automática, que vem ganhando mais espaço por não necessitar da ação humana, pois o serviço pode ser programado para ser feito várias vezes ao dia. Nesse caso, o grande volume de água eliminado em curto período de tempo deve criar vazão suficiente para remover todo o esterco de um barracão ao longo do seu comprimento. A economia está ligada à eficiência da lavagem com o menor uso possível de água.

O volume de água requerido no flushing depende do comprimento, largura e inclinação dos corredores. A tabela abaixo apresenta o volume de água requerido em função da inclinação do piso. Os dados da tabela foram elaborados para uma lâmina d’ água de 7,5 cm com velocidade de 1,5 m/s, com duração do fluxo de 10 segundos em um corredor padrão de 3 m de largura.



A reutilização da água do “flushing” reduz os gastos em captação e bombeamento de água, além de reduzir a área utilizada para armazenamento de água.

Fazenda Ipê Morro Grande

Um exemplo interessante é o da Fazenda Ipê Morro Grande, de São João Batista do Glória, MG, que usa o reaproveitamento de toda a areia para a reposição nas camas. Nessa fazenda, assim que as vacas saem para a ordenha, as camas são raspadas uma a uma. Essa sujeira é jogada para dentro do corredor.



Em seguida, o flushing é liberado com água reciclada, que carrega toda a sujeira e a areia para o primeiro canal de captação. Esse canal se estende até a pista de decantação, para onde vai toda essa água.





A pista de decantação tem uma declividade em torno de 0,2% a 0,3%, o que permite que a água desça lentamente e a areia seja depositada. No final dessa linha, há uma bacia de decantação, onde acumula-se mais areia e um dejeto mais espesso e misturado com água. Esse dejeto misturado com água, então, é captado por um tubo e direcionado a uma caixa. A maior parte do que vai para essa caixa (cerca de 96%) é de água e dejeto, com apenas uma pequena porcentagem de areia.

Após a água escorrer, a areia que está na pista começa a ser trabalhada e em cerca de 30 a 40 dias já pode ser reutilizada. Assim, nota-se que o processo está todo integrado com o sistema de flushing, o que facilita o manejo.

O dejeto líquido é jogado em uma peneira de separação de sólidos e líquidos. O líquido é enviado a uma caixa, devendo ser retornado para fazer a limpeza e a parte de sólidos é enviada para compostagem, a ser utilizada na agricultura. Parte dessa fração líquida é ligada em pivôs de irrigação, sendo também utilizada na parte agrícola.

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