Qual o impacto do estresse térmico na estabilidade do leite?
Postado em: 08/08/2018 | 3 min de leitura
Escrito por:
Não é raro algumas amostras de leite reagirem positivamente ao teste do álcool - realizado na fazenda no momento da coleta -, formando coágulos. Quando isso acontece, o leite é rejeitado pela indústria.
No entanto, em muitas das vezes, o leite não está ácido! Neste caso, temos o chamado leite instável não ácido (LINA).
Nessa hora, surge então a grande dúvida da maioria dos produtores: o que causa essa instabilidade do leite? Um dos fatores que podem levar a isso é o estresse térmico.
Confira os resultados de um estudo que submeteu os animais a um estresse térmico severo.O experimento foi feito durante a estação quente, quando os animais já estavam em estresse. Dessa forma, eles já apresentavam sintomas de estresse térmico, como respiração ofegante, temperatura elevada, comportamento de buscar sombras.
No experimento, os pesquisadores privaram alguns animais de ter acesso à sombra. É válido destacar que existem muitas fazendas que não possuem árvores e/ou abrigos artificiais para fornecer sombra aos animais. Assim, o experimento acabou mimetizando algo bastante corriqueiro no meio produtivo.
No entanto, o produtor de leite geralmente não sabe o impacto que isso tem na estabilidade do leite, fator decisivo da aceitação ou não do seu leite pela indústria.
No experimento, os animais que tinham acesso à sombra, nos momentos mais quentes do dia deitavam-se à sombra e descansavam, o que proporcionava a elas conforto. Já as vacas que não tiveram acesso à sombra, ficaram ofegando, agitadas, claramente estressadas, ingeriram muita água, tentaram se banhar dentro do bebedouro, mostrando seu grande desconforto.
O estudo mostrou a ocorrência de mudanças fisiológicas nas vacas com estresse térmico:
Os dados acima mostram as inúmeras alterações fisiológicas ocorridas nos animais com estresse térmico, de forma que já eram esperadas alterações em seu leite.
O que acontece com o leite?
Em primeiro lugar, a produção cai, como todo produtor já sabe. No entanto, o que muitos não sabem é que o teste do álcool fica muito pior, o que mostra que a estabilidade de seu leite baixa muito:
Também foi medida a estabilidade no banho de óleo, que também baixou muito, de forma bastante consistente:
Isso é importante, porque o produtor, sem saber, vai produzir um leite alterado que tem muito mais chance de ser rejeitado pelo caminhoneiro.
Concluindo, vacas sem acesso à sombra produzem leite com uma estabilidade muito menor, inclusive, insuficiente para ser aceita pela legislação.
E se o estresse térmico for apenas moderado?
No caso de o estresse térmico não ser tão severo, como quando ocorre uma redução da temperatura no período noturno, ainda assim há redução na estabilidade do leite, embora a redução seja menor.
Assim, é essencial que as vacas tenham acesso à abrigo e sombra para se proteger do sol. Lembrando que animais dentro de galpões sem ventilação e aspersão sofrem com o mesmo estresse térmico
Confira no vídeo abaixo a grande pesquisadora do tema, a Drª Vivian Fischer, professora da Universidade federal do Rio Grande do Sul, explicando sobre o impacto do estresse térmico na estabilidade do leite:
Essa é apenas uma das várias videoaulas do curso on-line LINA: um problema de qualidade ou manejo, do EducaPoint. Ao longo do curso, a Drª Vivian fala sobre diversos aspectos que podem impactar na estabilidade do leite, como a composição da dieta, o ambiente, as práticas de manejo, a sanidade, a raça dos animais, o estádio de lactação, entre outros.
Acesso o conteúdo completo e tire todas as suas dúvidas sobre esse tema tão importante, evitando, assim, muitos problemas e perdas! Para isso, assine o EducaPoint.
Com planos totalmente acessíveis, a plataforma oferece o que há de melhor e mais atual na pecuária brasileira, e os assinantes têm acesso ilimitado a TODOS os cursos (já são mais de 150 temas).
Acesse os conteúdos relacionados a esse post: