Manejo de dejetos na fazenda: entenda a importância!

Postado em: 22/07/2022 | 3 min de leitura Escrito por:
Na produção de leite, a geração e o manejo de dejetos são pontos importantes a serem acompanhados devido ao seu potencial impacto ambiental, com prejuízos financeiros e ambientais caso o armazenamento e o tratamento adequados não sejam realizados. Dependendo da localização da fazenda, os poluentes podem ser carreados para reservatórios de água, contribuindo para a eutrofização e provocando contaminação da água por coliformes, comprometendo sua qualidade nos aspectos químicos, físicos e biológicos.

Nem todas as unidades produtoras de leite utilizam o esterco bovino como fertilizante, muitas vezes ele fica acumulado ao redor dos galpões ou é lançado diretamente nos mananciais de água, comprometendo seriamente o equilíbrio biológico. Além disso, deixar os resíduos sem tratamento ou sem o destino correto favorece a proliferação de moscas e exala de mau cheiro, afetando negativamente a saúde animal e humana, além da diminuição da qualidade de trabalho.

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Assim, manejar os dejetos de forma correta, além de ser mais sustentável, pode aumentar a produtividade e reduzir os custos da fazenda. Os resíduos orgânicos, quando processados corretamente, transformam-se em ricos fornecedores de nutrientes e auxiliam na formação da matéria orgânica do solo, agindo como melhoradores das condições biológicas, químicas e físicas do solo. A transformação destes dejetos em insumos agrícolas de baixo risco ambiental exige a adoção de adequados processos de armazenamento, tratamento e utilização.

O manejo de dejetos pode ser feito de diversas maneiras e alguns fatores, como tamanho da propriedade e mão-de-obra disponível, serão determinantes na escolha da melhor forma de manejá-los. Uma das possibilidades é através do sistema físico, que consiste na separação da fração sólida da líquida. Isso evita que haja deposição de sólidos e entupimento de bombas, por exemplo.

Uma das formas de se fazer a separação de sólidos e líquidos é através do peneiramento. Existem no mercado diversos separadores que estão se popularizando e tornando essa prática cada vez mais aplicada. Trata-se de equipamentos especificamente projetados para isso, podendo ser adaptados para cada caso.



As formas mais comuns de manejo de dejetos são:

1) Manejo de esterco sólido

O esterco é transportado manual ou mecanicamente para estrutura armazenadora, chamada de esterqueira seca, que deve ser coberta para evitar a entrada da água da chuva. Após recolher o esterco sólido, faz-se necessária a lavagem do piso das instalações com jatos d’água sob pressão. O volume líquido resultado dessa lavagem, chamado chorume, é armazenado em chorumeira ou destinado para esterqueira líquida.

2) Compostagem

O processo biológico de digestão da matéria orgânica é aeróbico. A ação dos microrganismos em condições adequadas de temperatura, pH e umidade resultam no húmus, adubo orgânico de alto valor agrícola e comercial. A compostagem pelo processo aeróbico é mais rápida e traz outras vantagens, como a não proliferação de moscas e não produção de mau cheiro.

3) Manejo em lagoas anaeróbicas

Sistema no qual o esterco líquido é conduzido para uma lagoa anaeróbica, que depois de cheia, transborda para outra lagoa para retenção do esterco líquido. A partir daí é distribuído por sistema de irrigação. Tem como desvantagem a utilização de grandes áreas, as quais devem ter topografia adequada, e há proliferação de moscas durante o processo.

4) Manejo de esterco líquido

Neste sistema, os dejetos e resíduos são diluídos em água na proporção de 1:1 ou menos, resultando em líquido com menos de 5% de sólidos totais. A solução é carreada para tanques de coleta, de tratamento e de homogeneização do esterco líquido. Normalmente, este esterco é usado para irrigação através de equipamentos especiais.

A biodigestão anaeróbia proporciona uma redução do potencial poluidor dos resíduos e promove a geração do biogás, que pode ser utilizado como fonte de energia alternativa, além de permitir a utilização do efluente como biofertilizante. Esse processo é realizado em biodigestores, instalações que permitem a fermentação anaeróbica (biodigestão).

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5) Manejo de esterco semi-sólido

A limpeza das instalações utiliza água necessária somente para a remoção do esterco, resultando em um efluente com 12 a 16% de sólidos, considerado muito úmido para o sistema sólido e pouco diluído para o sistema líquido. O armazenamento é feito em tanques acima ou abaixo do solo, buscando aproveitar ao máximo a topografia do terreno para facilitar a condução dos efluentes. A distribuição dos estercos semi-sólidos dá-se através de tanques tracionados por trator, equipados com sistema vácuo-compressor para as operações de homogeneização, carregamento e distribuição.

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Fonte: 

Dejetos de bovinos de leite no assentamento Santa Júlia - Júlio de Castilhos (RS): produção e possibilidades de uso. Monografia de especialização, por Eduardo Rigon Gelain.

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