O que impacta na eficiência alimentar de vacas leiteiras?

Postado em: 07/11/2023 | 4 min de leitura Escrito por: Luma Maria Souza Machado
Quando o termo eficiência alimentar é mencionado, você sabe o que significa? Antes de mais nada é preciso entender o que este termo representa. A eficiência alimentar, é um parâmetro essencial que tem como objetivo medir quanto de alimento ingerido foi transformado em leite.

Seria como pensarmos na autonomia de um carro. Com 1L de combustível, quantos quilômetros meu carro faz? Quantos litros de leite a vaca produz consumindo 1 Kg de matéria seca da dieta?

Como o custo da alimentação é expressivo para os produtores, é necessário entender melhor sobre este parâmetro é o que pode vir a impactá-lo em uma produção leiteira.

 
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Observamos no gráfico abaixo o aumento linear na produção de leite ao longo das últimas décadas, segundo pesquisas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos - USDA (2020).
eficiencia
 
De acordo com os estudos, essa tendência sempre crescente está atrelada ao melhoramento genético na seleção de animais eficientes, com o objetivo de aumentar a produção de leite. Com esse aumento, observou-se uma melhora na conversão alimentar, chamada também de eficiência alimentar - Feed Efficiency.

Quais os fatores que impactam a eficiência alimentar?

Vários fatores podem contribuir para uma melhor eficiência alimentar ou conversão. No entanto, neste blog falaremos sobre dois importantes fatores que são os dias de lactação (DEL) e o melhoramento genético.
  • Dias de lactação - DEL
"Dias em lactação" é um termo utilizado na pecuária leiteira para descrever a quantidade de dias que uma vaca leiteira está em produção de leite desde o último parto. Nesse período é importante compreender a relação das fases de lactação, com manejo alimentar e entender como isso impacta na eficiência alimentar.

Nesse contexto, com um DEL (dias em lactação) mais baixo, o ideal é focar em uma dieta mais energética e proteica visando a recuperação pós-parto, aumento do tamanho ruminal com a involução uterina e sair do déficit calórico comum no início da gestação. Pense nessa estratégia nos primeiros 2 meses de lactação em que a vaca apresenta uma tendência ao emagrecimento (diminuição do escore corporal).

Logo após, já no terço médio de lactação, podemos repensar fornecendo uma dieta mais fibrosa com menos exigências de proteína e energia. No terço final, a vaca apresenta um ganho de condição corporal e o ideal é fornecer uma dieta mais rica em volumoso, pois o animal nesse momento tende a ganhar peso especialmente se estiver vazia ou tiver demorado muito a emprenhar.

Em síntese, observa-se que durante o período de lactação as exigências vão sendo modificadas e isso impacta diretamente na eficiência alimentar dos animais. Reafirma-se, portanto, a importância de compreender o que cada fase nos diz para poder fornecer uma dieta correta e que atende os níveis esperados.
  • Melhoramento genético
A genética desempenha um papel fundamental na eficiência alimentar das vacas leiteiras, uma vez que determina muitas das características relacionadas à produção de leite e ao uso eficiente dos recursos alimentares. Aqui estão alguns aspectos importantes da genética em relação à eficiência alimentar:
  • Seleção de características genéticas: a seleção de vacas com base em características genéticas específicas é uma prática comum na pecuária leiteira. Os produtores buscam animais que possuam genes que favoreçam a produção de leite, mas também a eficiência alimentar. Isso inclui genes relacionados à capacidade de transformar a energia dos alimentos em produção de leite de forma eficiente.
 
  • Raça e linhagem: diferentes raças de vacas leiteiras têm características genéticas distintas que afetam a eficiência alimentar. Por exemplo, algumas raças, como a Holandesa e a Pardo Suíço, são conhecidas por sua alta produção de leite. No entanto, outras raças, como a Jersey, podem ser mais eficientes em converter alimentos em leite. A seleção de vacas de determinadas raças ou linhagens com histórico de eficiência alimentar pode ser uma estratégia importante.
 
  • Marcadores genéticos: a pesquisa genômica permitiu a identificação de marcadores genéticos associados à eficiência alimentar. Isso significa que é possível realizar testes genéticos para determinar a probabilidade de um animal possuir genes favoráveis para a eficiência alimentar. Isso ajuda os produtores a tomar decisões informadas ao selecionar e reproduzir seus rebanhos.
 
  • Interação genótipo-ambiente: é importante destacar que a genética não age sozinha na determinação da eficiência alimentar. O ambiente em que as vacas são criadas desempenha um papel importante. O desempenho genético de um animal pode ser afetado pelas condições de manejo, qualidade da dieta e ambiente de criação.

Em resumo, a eficiência alimentar desempenha um papel muito importante na produção de leite. Além dos fatores mencionados, é essencial considerar o bem-estar, as necessidades nutricionais e a idade de cada vaca para alcançar uma maior e melhor produtividade.

Além disso, a implementação de práticas de monitoramento, como avaliar a produção de leite, o consumo de alimentos e a condição corporal das vacas, pode ajudar os produtores a ajustar a dieta e o manejo, melhorando assim a eficiência alimentar. Ao equilibrar todos esses elementos de forma harmoniosa, é possível obter resultados bem-sucedidos na atividade leiteira.
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