Programa de biosseguridade em fazenda leiteira: como implantar e qual sua importância?
Postado em: 11/03/2020 | 4 min de leitura
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*Artigo publicado anteriormente no site MilkPoint.
Por Guilherme Meurer Scheis, Fazenda Santa Rita – Agrindus S.A.
Por Guilherme Meurer Scheis, Fazenda Santa Rita – Agrindus S.A.
João Padilha Gandara Mendes, Fazenda Santa Rita – Agrindus S.A.
Fernanda Carolina Ramos Santos, Mestranda, GeCria, FMVZ/USP
Marianita Cirelli Bertini, Acadêmica de Medicina Veterinária, PUC Minas Poços de Caldas
Viviani Gomes, Docente, GeCria, FMVZ/USP
Quando falamos de biosseguridade nos referimos à aplicação de normas e procedimentos utilizados para prevenir a introdução, disseminação e saída de agentes causadores de doenças infecciosas em qualquer sistema de produção animal. As indústrias de suínos e aves possuem rigorosos programas de biosseguridade, mas por que não adotamos na bovinocultura leiteira? Afinal, além do bem-estar animal, o outro foco é o consumidor de leite e seus derivados.
A Fazenda Santa Rita – Agrindus S.A., em parceria com a equipe da professora Viviani Gomes da FMVZ/USP, iniciou a implantação de um programa de biosseguridade para o sistema de produção leiteira. Para começar os trabalhos, foi necessário definir uma ordem de prioridade em relação às quatro grandes áreas de biossegurança da fazenda, sendo elas: 1. saúde animal; 2. movimentação de animais; 3. limpeza e desinfecção das instalações; 4. funcionários, visitantes, veículos e equipamentos.
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A análise de riscos foi feita por meio de questionários elaborados pelo Centro de Segurança Alimentar e Saúde Pública da Iowa State University, traduzidos e adaptados pela equipe da FMVZ/USP. Os questionários originais na versão inglesa está disponível no endereço eletrônico www.preventingdisease.org.
Diante da prioridade apresentada pela fazenda, foram levantados os riscos do tópico “4. funcionários, visitantes, veículos e equipamentos”. Inicialmente, elaborou-se questionários para o levantamento de (1) informações gerais da fazenda, que incluía perguntas sobre rebanho, alojamentos e instalações e vacinação; (2) e informações sobre a entrada de visitantes, pessoas e veículos, que incluía perguntas sobre veículos, funcionários e visitantes, roupas e calçados, prevenção de doenças entre os colaboradores da fazenda, uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI's) e Procedimentos Operacionais Padrão (POP’s) para limpeza e lavagem de mãos, dentre outros. O tópico 2, "movimentação de animais", não foi contemplado no programa por tratar-se de rebanho leiteiro fechado.
Diante dos riscos observados pela equipe de trabalho, por meio dos questionários e visitas in loco (presenciais), foram elaborados um conjunto de POP’s, a fim de minimizar os riscos relativos à circulação de funcionários, visitantes, veículos e equipamentos, conforme disposto na Quadro 1.
Quadro 1 - Procedimentos Operacionais Padrão (POP’s) elaborados para minimizar os riscos de entrada, disseminação e saída de agentes infecciosos da Fazenda Santa Rita – Agrindus S.A.
Em reunião entre equipes foram apresentados os pontos positivos observados na análise inicial da propriedade, como: área própria e reservada de estacionamento para veículos, uso de uniformes e/ou vestimentas limpas pelos colaboradores, presença de lavanderia, procedimentos para a lavagem de mãos e sanitários nos diferentes setores e área de refeitório com geladeiras apropriadas para o armazenamento de alimentos e bebidas. Em seguida, foram apresentados os riscos levantados e POP's.
Ainda, no quesito “funcionários, visitantes, veículos e equipamentos” foram implementadas placas com instruções sobre a política interna para visitantes e prestadores de serviço, restringindo a entrada somente a pessoas e veículos autorizados (Figura 1).
Figura 1 - Modelo de placa sinalizando área restrita - Zona de Biosseguridade
Fonte: Fazenda Santa Rita – Agrindus S.A.
Fonte: Fazenda Santa Rita – Agrindus S.A.
Com a ideia de validar e somar trabalhos, as fazendas Agrindus, Colorado, Consultoria Qualy & Calf e equipe FMVZ/USP, em parceria com a MSD Saúde Animal, organizaram o II MilkDay (8 e 9 Outubro de 2019) abordando o tema Biosseguridade em Rebanho Leiteiro. Este é um evento planejado de acordo com a demanda das fazendas envolvidas, com palestras e apresentações de cases. A 1a versão do evento discutiu Protocolos de Vacinação.
No evento de Biosseguridade foram convidados dois palestrantes internacionais. Dra Danelle Bickett-Weddle do Centro de Segurança Alimentar e Saúde Pública da Iowa State University falou sobre os conceitos de risco biológico em rebanhos leiteiros, análise de riscos, manejo e comunicação para evitar a introdução, disseminação e saída de agentes infecciosos do rebanho, além de discutir os riscos da transmissão de doenças ao consumidor (Plano de Segurança Alimentar). Dr. Christopher Chase do Department of Veterinary and Biomedical Sciences da South Dakota University nos trouxe um plano de biossegurança para controle de agentes infecciosos, utilizando como modelo o Vírus da Diarreia Viral Bovina (BVD).
Diante da experiência relatada em um processo de dois anos, pode-se afirmar que o primeiro passo de qualquer programa de biossegurança é a percepção e avaliação dos riscos aos quais o rebanho está submetido. Isso inclui desde a circulação de veículos e pessoas até a qualidade dos alimentos e água, reprodução, manejo dos animais doentes, protocolos de tratamento, vacinação, descarte de carcaças, bem estar animal, dentro outros.
A implantação de POP’s depende da conscientização dos colaboradores e mudança de modelos mentais para se obter sucesso diante do projeto implantado na fazenda. Os funcionários devem receber treinamentos para que se tornem aptos a identificar os riscos na sua área de atuação e quais são as medidas a serem tomadas, tudo isso visando a prevenção de doenças sem afetar a rotina do setor.
O programa de biossegurança é um processo dinâmico e em constante mutação já que é dependente de rotinas, manejo e equipe de trabalho. Sendo assim, a implantação de um programa de biosseguridade em fazendas leiteiras talvez nunca se finalize, permanecendo em constante evolução, visando o bem-estar animal e a qualidade do produto final para o consumidor.
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