Tripanossomose: Cuidado com o compartilhamento de agulhas!
Postado em: 04/05/2020 | 4 min de leitura
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A tripanossomose bovina é uma doença causada por um grupo de protozoários patogênicos do gênero Trypanosoma, que têm larga distribuição e importância econômica mundial. No Brasil, a doença é causada pelo Trypanosoma vivax.
A tripanossomose causa inúmeros prejuízos econômicos, não só pelas mortes nos rebanhos, mas, principalmente, pela queda de produção dos animais afetados. Sua ocorrência no país tem aumentado assustadoramente, e um dos principais agravantes é a forma silenciosa que ela pode apresentar nos animais afetados.
Com maior frequência nos rebanhos leiteiros, a transmissão da tripanossomose ocorre, principalmente, pelo compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas, mas há outras práticas que favorecem sua disseminação entre os animais.
Compartilhamento de agulhas
Em muitos rebanhos leiteiros, ainda é comum o uso de ocitocina, citado pela grande maioria dos pesquisadores como sendo algo que causa a transmissão imediata do Trypanosoma vivax. Um dos maiores problemas da transmissão é o uso de medicamentos intravenosos em vários animais, quando se compartilham agulhas e seringas.
O responsável pela aplicação retira o produto com a seringa, aplica na veia do animal, um pouco de sangue sobra na seringa e na agulha e isso é injetado no próximo animal junto com o produto. Isso facilita muito a transmissão de Trypanosoma vivax e é um dos maiores problemas observados.
Um animal infectado pode infectar vários outros animais:
E a doença se espalha rapidamente:
E a doença se espalha rapidamente:
Do ponto de vista epidemiológico, a manutenção desses animais infectados e a aplicação desse produto de um animal para outro, diretamente na veia, faz com que haja uma expansão muito rápida da doença o rebanho, ao ponto de se o rebanho apresentar mais de 20% dos animais infectados, vamos considerar todo o rebanho infectado.
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Moscas hematófagas
Outro fator importante na transmissão dessa doença, é a ocorrência de insetos hematófagos. As moscas hematófagas são muito comuns nos rebanhos, mas a capacidade de transmissão por essas moscas, principalmente a mosca dos estábulos (Stomoyx calcitrans) já foi testada, com alguns pesquisadores dizendo que, se aumentam 500 moscas no rebanho, um animal também será infectado.
Na região Centro-Oeste, a mutuca (Tabanus ssp.) também é citada como grande transmissora do Trypanosoma vivax. Entretanto, a importância da mutuca no Sudeste não está plenamente comprovada.
Mosca dos chifres também tem capacidade de transmitir o Trypanosoma vivax, mas essas moscas não se afastam muito dos animais infectados, de modo que a transmissão dentro do rebanho fica limitada ao contato animal com animal. Essa transmissão não deve ser mais alta do que a feita por agulhas contaminadas.
Além disso, qualquer material ou procedimento que favoreça o contato do sangue do animal contaminado com o de um animal não contaminado vai fazer a transmissão do Trypanosoma vivax. Dessa forma, indica-se que qualquer uso de material que seja contaminado com sangue jamais deve ser compartilhado com outros animais.
Dicas para evitar a ocorrência da doença:
Um dos maiores especialistas na doença, o professor Fabiano Cadioli, dá 3 dicas práticas para evitar a transmissão do Trypanosoma vivax no rebanho:
Dica #1: Evite o compartilhamento de agulhas e seringas
Com relação ao uso de ocitocina nos rebanhos, é sempre importante que se evite o compartilhamento de agulhas e seringas entre os animais, pois isso pode levar a infecção de um animal para outro.
Assim, o ideal é utilizar doses já prontas de ocitocina, preparadas já na seringa para cada animal antes da ordenha e já descartar o material após a utilização. Isso ajuda muito a conter a disseminação da doença dentro dos rebanhos.
Dica #2: Tomar cuidado ao adquirir novos animais
Isso é importante especialmente nos casos em que o novo animal será inserido em um rebanho que aparentemente não apresenta o problema da tripanossomose.
Atualmente, observamos que alguns animais são tratados com drogas específicas, como aceturato de diminazeno, que causam uma diminuição da parasitemia. Esse animal se torna aparentemente sadio, mas após o estresse de transporte e introdução nesta nova propriedade, ele começa a apresentar novos picos parasitêmicos, o parasita vai para a circulação e esse animal recém introduzido passa a ser a fonte de infecção de todo o rebanho.
Dica #3: Monitorar permanentemente o rebanho
Para rebanhos que já estão infectados, a dica é monitorar permanentemente o rebanho. É muito importante utilizar métodos de diagnóstico para avaliar se o tratamento está sendo efetivo ou não.
Além do mais, é importante saber quais animais estão respondendo efetivamente ao tratamento e quais não estão. Esses últimos podem manter a infecção ao longo do tempo no rebanho, podendo provocar novamente um surto.
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