Como o temperamento das vacas afeta a produção leiteira?

Postado em: 26/10/2023 | 4 min de leitura Escrito por: Luma Maria Souza Machado
O temperamento da vaca leiteira é uma característica multifacetada, que engloba diversos padrões de comportamento. Essa variabilidade manifesta-se de maneira única em cada animal, influenciando diretamente não apenas a produção e a qualidade do leite, como também o metabolismo das vacas.

Especificamente, vacas mansas e menos estressadas terão melhores produções de leite e além disso, emitirão menos metano, gás contribuinte para o efeito estufa.

Neste blog você pode conferir como o temperamento e os padrões de comportamento podem afetar a produção de leite.

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Relação temperamento x padrões comportamentais

O temperamento das vacas tem recebido atenção considerável no âmbito da pecuária, uma vez que influencia diretamente no manejo, bem-estar animal e, consequentemente, na produtividade. As características inatas de temperamento de uma vaca determinam, em grande medida, sua resposta a diferentes situações ambientais e de manejo.

Diferentes raças e até mesmo indivíduos dentro de uma única raça podem apresentar variabilidades em seu temperamento, podendo se manifestar em padrões comportamentais específicos. Por exemplo, algumas vacas são naturalmente mais dóceis e mais fáceis de manejar como Jersey, Hereford e Ayrshire, enquanto outras, como as da raça Brahman, Nelore,e Simental, tendem a ser mais reativas ou até mesmo expressar comportamentos agressivos.

Estes padrões, originados a partir do temperamento, são também moldados pela experiência individual da vaca. Uma vaca que tenha tido interações positivas com seres humanos desde jovem, independentemente de seu temperamento inato, tende a ser mais mansa e cooperativa no manejo. No entanto, uma vaca com experiências ruins de maus tratos por exemplo, pode desenvolver comportamentos de evitação e defesa.

Aqui estão listados alguns padrões de comportamento que a vaca pode apresentar:
  • Reatividade
  • Sociabilidade
  • Hábitos de ordenha
  • Resposta ao estresse

Reatividade

Refere-se à reação da vaca a situações novas ou inesperadas. Vacas com alta reatividade podem ser mais difíceis de manejar, pois são facilmente assustadas. Além disso, segundo uma pesquisa conduzida pela Embrapa Gado de Leite em colaboração com o Departamento de Zoologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora, foi constatado que vacas mais “reativas” em relação à presença humana e à ordenha não só emitem mais metano entérico, mas também produzem menos leite. Assim, podemos ver que vacas mansas além do fácil manejo, impactam positivamente a sustentabilidade da produção.

Sociabilidade

A sociabilidade em vacas leiteiras relaciona-se com a tendência de algumas vacas serem mais extrovertidas e interativas, enquanto outras são mais reservadas.

No pasto, é comum ver grupos formados por vacas com afinidades, enquanto as menos sociáveis podem preferir o isolamento. Esta característica tem implicações diretas no manejo, especialmente quando novas vacas são introduzidas ao rebanho.

Um rebanho mais sociável é geralmente mais harmonioso, com menos confrontos e uma atmosfera de cooperação. Além disso, algumas vacas também demonstram um grau de sociabilidade com humanos, buscando interação, o que pode ser especialmente benéfico em fazendas educativas ou de agroturismo.

Reconhecendo a importância deste traço, muitos produtores optam por selecionar geneticamente e criar vacas que exibem níveis mais altos de sociabilidade, visando obter uma produção mais tranquila e produtiva.

Hábitos de ordenha

A eficiência da ordenha está diretamente ligada ao comportamento das vacas leiteiras. As vacas gostam de rotina e valorizam a consistência. Portanto, manter horários regulares de ordenha se torna um fator crítico para seu bem-estar.

Antes de ordenhar, a preparação adequada das tetas, não só assegura a higiene mas também induz a liberação do leite. Entretanto, nem todas as vacas reagem da mesma forma à ordenha, sendo a aclimatação gradual, em alguns casos, necessária.

A relação entre a vaca e o ordenhador é igualmente essencial. Uma interação gentil e consistente tende a acalmar o animal, otimizando o processo. Ainda, a saúde das vacas não pode ser negligenciada, já que qualquer desconforto ou doença pode manifestar-se como resistência durante a ordenha.

Resposta ao estresse

A forma como uma vaca lida com situações estressantes, seja por mudanças no ambiente, introdução a um novo rebanho ou situações médicas é variável e ao passar por alguma situação de estresse, o corpo irá liberar hormônio chamado de cortisol. Esse hormônio surge como um alerta do organismo de que o sistema de emergência está ligado. É como se as vacas estivessem 100% do tempo prontas para fugir, gastando energia e sabotando a própria saúde sem necessidade nenhuma.

Mas quais os motivos que levam a isso? As vacas se estressam por vários motivos, incluindo mudanças na dieta, mudanças no ambiente, superlotação, calor extremo, manejo com movimentações bruscas e alguns casos uso excessivo de equipamentos ruidosos. No entanto, para reduzir o estresse, o produtor precisa ficar atento e proporcionar ao máximo um ambiente confortável e tranquilo.

Diante do exposto, os padrões comportamentais listados acima vão ser influenciados por uma combinação de fatores genéticos, experiências de vida, manejo e ambiente das vacas. Logo, uma compreensão completa do seu temperamento pode auxiliar os produtores a implementar práticas de manejo mais eficazes, melhorando o bem-estar animal e a produtividade do rebanho.

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